Capítulo 11: Você me deixa louco

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Fiquei sabendo sobre Milão, até porque não tinha como ignorar aquela bunda exposta nas revistas espalhadas pela cidade, ou dos comentários da Alice sobre como ele foi estúpido. Passei a ignorar a existência dele, mesmo quando o Dian ou a Cris perguntavam dele para mim, ou quando o Jason insistiu que eu ligasse para o Allan e eu não quis ligar. Pensava na noite de sábado, não podia negar. Mas também pensava no choque de realidade do domingo.

Naqueles três dias já tinha recebido ligações de jornalistas, tinha sido parada na rua e fotografada até quando xingava os caras que invadiam minha privacidade. Era interrogada na rua sobre minha intimidade com o modelo e aquilo já estava me irritando.

Estava na clínica e não tinha pacientes para as próximas horas, nem casos de emergência, o que me levou a ver minhas séries favoritas sentada na frente do notebook.

Escutei o Roger -funcionário novo na clínica- brigando com alguém na recepção e pausei o episódio de Supernatural para tentar entender o que estava acontecendo do outro lado da porta, até que ela se abriu e o Allan apareceu me deixando estática. Franzi a testa quando ele se aproximou da minha mesa.

-O que você está fazendo aqui? -Perguntei vendo o Roger entrar logo atrás dele, ofegante.

-Desculpa Maya, eu não consegui segurar ele. -Disse enquanto o modelo me encarava. 

-Você deveria contratar funcionários mais eficientes. -O Allan provocou olhando o homem que contou até dez para não xingar ele na minha frente. -Já pensou se algum louco entra?

-Tudo bem Roger, deixa que eu me entendo com ele. -Afirmei.

-Qualquer coisa me chame. -Disse antes de sair e fechar a porta.

-Não gostei dele. -Falou cruzando os braços parado perto da porta.

-Posso saber por que veio aqui? -Falei encarando-o.

Ele andou até minha mesa e apoiou as duas mãos se inclinando para olhar nos meus olhos com aqueles azuis intensos que eram os seus. Ele parecia querer me intimidar, e não estava mais sorrindo, estava sério. Ele queria entender alguma coisa, procurava por alguma dica em mim.

-Você fugiu de mim. -Falou me fazendo levantar as sobrancelhas. -Por que?

Eu poderia ter dado muitos motivos para ele quando me fez aquela pergunta, poderia ter citado todos os meus medos ao acordar do lado dele e ter pensado em como aquilo me mataria.

-Por que? -Comecei o olhando. -Eu dormi com você no sábado, e foi um grande erro. -Franziu a testa enquanto ouvia minhas palavras e me via levantar para olhá-lo na mesma altura. -Já teve uma noite, você ganhou o jogo. -Disse sorrindo forçado. -Parabéns Allan, já pode me esquecer e voltar para sua vida.

E ele continuava ali parado com a testa franzida e os olhos pousados sob mim. 

-Você... -Disse passando a mão no rosto em seguida, desapoiando da mesa e ficando ereto. -Você me deixa louco, Maya. E eu odeio sentir o que eu estou sentindo, merda.

-Como assim?

-Você não sai da minha cabeça. -Afirmou dando a volta na mesa e parando na minha frente me fazendo arrepiar, mesmo sem sentir o seu toque, sentindo apenas o vento que seus movimentos faziam. -Esse seu jeito teimoso e complicado me deixa louco.

-Não acredito em você, Allan. -Respondi. -Você é um idiota, previsível, egoísta. -Afirmei brava. -Não seja um cretino em Milão e venha me procurar no dia seguinte falando que te deixo louco.

Então ele riu, e isso me deixou ainda mais irritada.

-Você é assim, me rejeita até não conseguir mais. -Ele disse e eu franzi a testa. -Você é totalmente diferente das outras mulheres, porque se fosse qualquer outra eu não estaria aqui. -Continuou se aproximando. -E isso está mexendo comigo, o modo como não consigo tê-la. -Estremeci ao sentir seu toque mais uma vez. -Eu acho que isso já é um bom motivo, Maya.

O grande sedutorOnde histórias criam vida. Descubra agora