Capítulo 17: Você sabe que precisa dela

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Na minha cabeça tinham se passado dias quando finalmente acordei, mas ao mesmo tempo era como se eu tivesse voltado de um sonho terrível.

Minha tia estava sentada perto da minha cama quando voltei com a consciência, seus olhos estavam inchados e sua expressão de puro cansaço. Ela suspirou aliviada e sorriu levemente em seguida.

-Oi. -Sussurrou.

O sentimento angustiante de estar ali aumentou assim que notei seu vestido de noiva espalhado aos lados da cadeira, já não tão branco como antes.

Fechei os olhos e segurei um pequeno gemido quando tentei movimentar um dos braços, notando que metade dos meus membros estavam engessados e doloridos. Minha cabeça doía como se eu tivesse batido a mesma contra a parede umas dez vezes sem parar.

A Daiane entrou minutos depois, contando resumidamente o que havia acontecido. Assim que ela apareceu a minha tia saiu, prometendo que não iria muito longe. Eu não a culpava por não conseguir ficar no mesmo quarto que a irmã, porque dez minutos depois eu mesma não aguentava mais.

Minha mãe sabia que o Allan tinha sido a causa do meu descontrole. Aquele era o nome que eu menos queria escutar e ela não parava de proferir, batendo na ferida aberta.

Por mais que eu quisesse odiá-lo doeu quando o dono dos olhos azuis mais lindos que eu já vi não foi até o hospital. Ele ao menos ligou, ao menos tentou concertar.

Ele ao menos se importou.

Eu me odiava por ter sonhado com aquele belo olhar. Antes brilhando de desejo, mas que naquele momento, enquanto ele estava ao lado da minha cama, eles exalavam preocupação, amor. Eu havia sentido sua mão na minha bochecha, seu calor. As palavras saíam de sua boca, mas eu não as entendia. Ele estava bravo, triste, angustiado.

Eu me odiava ainda mais por ter pedido para que aquele sonho fosse realidade.

-Maya, você ouviu o que eu falei? -Pisquei algumas vezes e notei o olhar curioso da Alice.

-Desculpa. -Ela sorriu fraco, como se soubesse o motivo da minha distração momentânea.

-Pensando no que?

-Você...você não viu o Allan aqui quando chegou?

-Não, quando eu cheguei só tinha a sua mãe e seu pai. Foi bem tenso, por sinal. -Ela fez uma careta após recordar do momento. -Mas eu só soube do seu acidente porque o Allan pediu para o Jason avisar. Ele tinha o endereço e me trouxe aqui. -Deu de ombros antes de mudar o assunto. -Olha, eu trouxe umas revistas para você se animar. -Sorriu.

Ainda não tinha contado tudo o que tinha acontecido, mas ela sabia que eu não queria vê-lo. Ele tinha sido ótimo pra mim, mas tinha destruído tudo que eu achava que conhecia sobre ele. Que gostava nele.

-Obrigada. -Coloquei um sorriso meio forçado no rosto e peguei a revista, folheando. Parei na página que dizia sobre o modelo do ano e ela tirou da minha mão assim que percebeu.

-Esquece as revistas. -Enfiou na bolsa como se nada tivesse acontecido, então minha tia entrou sorrindo. -Vou procurar coisas melhores, tipo comida. Volto mais tarde Maya.

-Obrigada, te amo. -Gritei assim que ela mandou beijo e fechou a porta.

-Como você tá? -Perguntou enquanto prendia o cabelo em um rabo de cavalo. -Soube que vai ter alta hoje.

-Mal. -Respondi a fazendo me olhar rapidamente. -Estou mal porque estraguei sua festa de casamento.

-Bobagem. -Ela sorriu para me confortar, mas eu não estava convencida. -A festa já iria acabar de qualquer jeito, e você sabe, se eu não tivesse saído os bêbados não iriam embora nunca. -Ela riu esperando uma reação minha. -Você está bem e é tudo que importa.

O grande sedutorOnde histórias criam vida. Descubra agora