Capítulo 14: E se eu beijá-la?

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Os seis dias passaram mais rápidos do que eu e minha tia prevíamos.

O noivo chegou quase em cima da hora, um dia antes do casamento não é a data mais indicada para voltar do Canadá. Mas ele parecia calmo, como se fosse mais um dia comum da sua vida. Eu tinha ido até o salão trezentas vezes, para certificar de que tudo estaria no lugar que a Cristiane tinha planejado.

Já havia jornalistas a alguns metros de distância da entrada, tentando deixar todos ligados no casamento do ator que tinha voltado de viagem. Eles sabiam de tudo, e isso me deixava com um pouco de medo. Os seguranças estavam tomando conta da área para que ninguém invadisse e que apenas alguns jornalistas filmassem.

Eu via o Allan quase todos os dias depois da noite que me levou na boate do Jason, e sinceramente ainda não fazia ideia do que nós dois éramos. Não tínhamos dado nomes, nem conversado sobre relacionamento. Era cedo demais, eu entendia, mas ao mesmo tempo a incerteza me dominava, tomava conta.

Comecei a me arrumar com a Alice, faltando três horas para o começo da cerimônia. Minha tia não quis ajuda e disse que daria tudo certo, que não queria mais nos atrapalhar. Claro que tentou manter a calma, eu sabia que por dentro ela estava surtando. A mulher que não queria casar do nada se via entrando em uma igreja ao lado de um ator famoso, com jornalistas na porta e seguranças barrando o pessoal que não tinha sido convidado. Isso era demais para ela.

Talvez demais até para mim.

-Você está pronta? -Perguntei entrando no banheiro da minha casa. -Temos que sair, agora.

-Claro. -A Alice sorriu, girando com seu vestido vermelho da mesma cor do seu batom. Eu fiz uma cara de aprovação e ela correu pegar sua bolsa em cima da minha cama. -Vamos.

| Allan Scott |

A Maya me ligou mais de dez vezes para falar sobre o casamento do meu pai, como se eu de alguma forma fosse fazer tudo dar errado. Ela parecia nervosa e tinha quase certeza de que ela corria de um lado para o outro enquanto falava comigo.

Saímos juntos praticamente a semana inteira, mesmo que para ajudar nos preparativos, ou para brigarmos um com o outro sobre coisas estúpidas. Eu gostava de estar perto dela, mas sempre que ela perguntava sobre o que estávamos fazendo, eu ia por outro caminho. Eu não sabia, eu não queria lidar com aquilo.

Parei na frente de um dos espelhos da minha casa, arrumando a minha gravata e pensando em como eu estava gostoso naquele traje. Usar terno não era novo para mim, e eu nunca me cansava de usar. Me deixava irresistível, ninguém podia negar.

-Admito que você está lindo. -O Jason disse batendo três palmas, vindo na minha direção.

-Eu admiro o seu bom gosto. -Respondo o vendo se jogar no meu sofá.

-Você está sumido, cara. -Afirma me observando pegar o paletó. -Quase chamei a policia.

-Não exagera. -Disse o fazendo levantar as sobrancelhas esperando uma continuação convincente. -Você sabe que eu estou com alguns... vários problemas.

-Sim, problemas no coração. -Sorriu largamente e eu revirei os olhos. -Não é porque está apaixonado que tem o direito de deixar os amigos de lado.

-Não tem como te deixar de lado, você invade a minha casa sempre. -Levantei as sobrancelhas e ele riu. -E eu não estou apaixonado. -Afirmei o observando gargalhar ainda mais.

-Não está? Vai se foder. -Levantou indo na minha direção e eu bufei percebendo que a conversa não acabaria tão cedo. -Então se eu ficar com a Maya hoje, tudo bem por você?

O grande sedutorOnde histórias criam vida. Descubra agora