The Meeting of Two Worlds

174 10 9
                                    

| YUU, Point of view |



Ele até que dirige bem, quando a velocidade está razoável, eu tenho que admitir. Como tantas outras coisas, isso não parece requerer nenhum esforço da parte dele. Ele mal olha para a estrada, mas mesmo assim, os pneus não se desviam nem um centímetro da linha no centro. Ele dirige com uma mão só, segurando a minha mão no banco do carro. As vezes ele olha para o sol se pondo, as vezes ele olha pra mim, meu rosto, alguns fios do meu cabelo voando ao vento da janela aberta, nossas mãos juntas.

Desde quando ficamos tão melosos assim?

Ele liga o rádio numa estação de músicas antigas e canta uma canção que eu nunca ouvi.

— Você gosta de músicas antigas, Mika? — perguntei.

— As músicas dos anos 2000 são muito boas! Muito melhor do que algumas atuais, ugh. — ele treme. — Algumas são suportáveis.

— Você vai me contar o que aconteceu depois de eu sair do orfanato? — perguntei, fazendo uma tentativa, sem querer estragar o seu humor animado.

— Isso importa muito? — ele dá um sorriso tristonho.

— Eu só quero saber o que aconteceu... eu ainda imagino... — digo pensativo. — Deve ter sido amedrontador.

— Eu me pergunto se isso vai te enojar... — refletiu ele consigo mesmo. Ele olha para o sol; os minutos passam.

— Me teste então — eu digo finalmente.

Ele suspira, e olha nos meus olhos, parecendo se esquecer completamente da estrada por um tempo. O que quer que ele tenha visto neles deve ter o encorajado.

Ele olha para o sol e fala.

— Houve um ataque, de criaturas malignas no orfanato.

Ele para e olha para mim pelo canto dos olhos. Meu rosto está cuidadosamente surpreendido, pacientemente esperando pelo resto. Ele dá um pequeno sorriso triste e continua.

— Foi um completo massacre; terrível. Eu não me lembro de muito. Estava em pânico, apenas ouvia gritos e via sangue por todo lugar. E aí... Eu me lembro de correr em direção a algo e depois apagar. Krul me encontrou em um hospital, eu estava quase em coma, morrendo lentamente.

Ele ouve quando eu prendo o fôlego, apesar do som ter sido baixo até para os meus próprios ouvidos. Ele olha para os meus olhos de novo.

— Eu não me lembro muito bem, já foi há muito tempo e como eu disse, foi tudo muito rápido, a maioria das coisas são borrões. Mas... eu me lembro de como eu me senti, quando Krul me salvou. Não é uma coisa fácil, algo que você esquece.

— Mas... Todo mundo- E a Akane?

— ...

— Me desculpe, Yuu-chan. Eu não me lembro... Foi tudo tão rápido, eu não estava perto dela quando tudo ocorreu. Mas foi por isso que Krul me escolheu. Com todo aquele caos do massacre, ninguém se deu conta de que eu tinha sobrevivido.

— Como foi que ela... te salvou?

Alguns segundos se passam. Ele parece estar escolhendo as palavras cuidadosamente.

— Foi difícil. Nem todos de nós tem força suficiente pra completar a transição. Mas Krul sempre teve um pouco de compaixão... Eu não acho que você encontraria outra pessoa igual a ela em toda a história. Pra mim foi meramente muito, muito doloroso. E ainda é.

Eu posso ver pelos seus lábios que ele não irá falar mais nada sobre esse assunto. Eu suprimo minha curiosidade, apesar dela não estar nem um pouco saciada. Há ainda muitas coisas nas quais eu preciso pensar, coisas que estão apenas começando a aparecer na minha cabeça. Sem dúvida, sua mente rápida já compreendeu cada aspecto que ainda me confunde.

INTO YOUR ARMSOnde histórias criam vida. Descubra agora