New Home, Old Wounds

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| YUU, Point of view |

[ Flashback on ]

Há 5 anos atrás

— Mikaa, você quer que eu leia isso pra você? — Minha voz soou mais animada do que eu pretendia. Segurava o livro com uma das mãos, enquanto a outra já se preparava para folhear as páginas.

Mika nem levantou a cabeça, os olhos fixos no nada, a testa levemente franzida.

— Eu estou tentando pensar, então, não. E por favor, não me incomode! — Ele respondeu seco, o que já era comum nesses momentos.

Eu não conseguia entender o que passava pela cabeça dele. Todo santo dia, ele mergulhava em seus próprios pensamentos e me deixava no escuro.

— No que você vive pensando exatamente?! Todo dia você tem momentos assim e nunca sequer me fala algo sobre! — Perguntei, sem esconder a irritação na voz.

Mika suspirou, finalmente me lançando um olhar rápido e impaciente.

— Não é como se você tivesse muito interesse sobre isso.

— Não vai saber se não me falar! — Retruquei, cruzando os braços, esperando que ele desistisse desse joguinho de mistério.

Ele me olhou por um segundo a mais, como se ponderasse se deveria ou não falar. Então, lentamente, se ajeitou na cadeira à minha frente. Sua expressão mudou de uma leve irritação para algo mais sério, algo que eu raramente via. Ele soltou um grande suspiro antes de finalmente falar.

— Okay, então... — começou, a voz baixa, mas carregada de algo que me deixou desconfortável. — Eu estava pensando em como vai ser quando nós formos adotados. Digo, há várias possibilidades... Alguém pode adotar apenas um de nós, ou os dois. O mais provável seria a primeira alternativa, então provavelmente seria difícil de nos vermos novamente, ou até... nunca mais nos veríamos, desaparecidos no mundo, para sempre.

As palavras dele bateram em mim como uma onda gelada. O que ele estava dizendo? Desaparecidos? Para sempre? Aquilo me parecia absurdamente deprimente.

— Por que diabos você fica pensando nessas coisas?! Isso é deprimente! — Exclamei, incapaz de esconder minha frustração. Eu odiava quando ele entrava nessas espirais pessimistas.

Ele apenas deu de ombros, como se minhas palavras não o afetassem em nada.

— Mas pode ser a realidade a qualquer momento. Como um idiota igual a você entenderia? — Mika disse com aquela tranquilidade irritante, os olhos fixos em mim, desafiando-me.

— Eu vou chutar seu traseiro se continuar a dizer isso! — A ameaça escapou antes que eu pudesse me controlar. Ele sabia como me provocar e estava fazendo isso de propósito.

Mika sorriu levemente, como se estivesse se divertindo com minha irritação.

— Nossa, me odeia tanto assim, Yuu-chan?

Olhei para ele, tentando entender o que estava passando pela sua cabeça. Foi então que vi algo estranho. Pequenas gotas de água começaram a escorrer pelo seu rosto. Ele... estava chorando? Eu não sabia como reagir. Minha raiva evaporou instantaneamente, substituída por um pânico silencioso.

— M-Mika-kun, eu estava apenas brincando! Por favor, não... — Tentei me desculpar, mas as palavras mal saíram. Eu nunca o tinha visto chorar antes, e isso me deixou completamente desnorteado. Mas antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, vi o sorriso de Mika se alargar. E, em um instante, as lágrimas pararam.

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