The Weight of Small Decisions

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| YUU, Point of view |

Eu sigo apressadamente pela trilha, meu capuz próximo do meu rosto, me surpreendendo com o quanto eu vim longe. Eu começo a imaginar se eu realmente estou saindo daqui, ou me embrenhando ainda mais nos confins da floresta. Antes de xingar a mim mesmo, eu começo a reparar em alguns espaços entre as teias de galhos. E então eu ouço um carro passando na rua, e eu estou livre, a grama de Humiya se estende na minha frente, a casa me recebendo, prometendo calor e meias secas. É só meio dia quando eu entro. Eu subo e me visto para o resto do dia, calça moletom e uma camisa, já que eu vou ficar em casa. Eu não tenho que me esforçar muito pra me concentrar na tarefa do dia, um trabalho sobre política que é pra ser entregue na quarta-feira. Eu me concentro no perfil do duro projeto, apesar do tema ser um pouco problemático, pra dizer o mínimo, eu tenho muito o que falar em relação a isso, então estou tranquilo, mais do que eu me sentia desde... bom, desde a última quinta-feira, pra ser honesto.

Esse sempre foi meu jeito, de qualquer forma. Tomar decisões é a parte difícil pra mim, isso eu tenho que reconhecer. Mas uma vez que eu tomar a decisão, eu simplesmente faço o que tem que ser feito - geralmente confiante por achar que tomei a decisão certa. Às vezes a confiança é corrompida pela preocupação, como a minha decisão de vir pra Nagasaki. Mas isso é melhor do que digladiar com as alternativas.

Essa é uma decisão ridiculamente fácil de aceitar. Perigosamente fácil.

Então o dia está quieto, produtivo - eu termino o meu trabalho antes das oito.

Humiya chega com uma bela captura, e eu faço um lembrete mental para comprar um livro de receitas pra peixes quando eu for pra Nishiurakami na semana que vêm. Os calafrios que percorrem a minha espinha toda vez que eu penso nessa viagem não são diferentes dos que eu tive antes das lendas de Yoichi. Eles deveriam ser diferentes, eu penso. Eu devia ter medo - eu sei que devo, mas eu não consigo sentir o tipo certo de medo.


[...]


Eu não sonhei ontem à noite, exausto por ter começado o meu dia tão cedo, e ter dormido tão mal na noite anterior. Eu acordo, pela segunda vez desde que eu cheguei em Nagasaki, com o brilho amarelo de um dia de sol. Vou olhar pela janela, aturdido por ver que mal há uma nuvem no céu, e aquelas que permanecem são só pedacinhos macios de algodão que não podem estar carregando chuva alguma. Eu abro a janela, surpreso por ela ter aberto tão facilmente, sem emperrar, mesmo sem ter sido aberta em todos esses anos - e sugo o ar relativamente seco.

Está quase quente e quase não venta. Meu sangue pulsa elétrico nas veias.

Humiya está terminando o café da manhã quando eu desço, e ele percebe o meu humor imediatamente.

Humiya(pai): Belo dia lá fora, não é?

— Definitivamente!

Eu concordo com um sorriso. Ele sorri de volta, seus olhos pretos se enverrugando nos cantos. Quando Humiya sorri é mais fácil perceber porque minha mãe havia aceitado se casar tão rápido.

Grande parte daquele jovem romântico desapareceu antes que eu tivesse sido adotado, como o cabelo negro e ondulado - mesma cor, se não textura dos meus - sumiram, lentamente revelando mais e mais a pele brilhante da testa dele. Mas quando ele sorri, eu posso ver um pouco do homem que fugiu com minha mãe quando ela não era nem dois anos mais velha do que eu sou agora. Era bom ouvir sobre as histórias quando mais jovens.

Eu tomo meu café da manhã alegremente, observando as partículas de poeira que aparecem por causa da luz do sol que entra pela janela de trás. Humiya se despede, e eu ouço seu carro se afastar de casa. Eu hesito na porta da frente, a mão no meu moletom. Deixá-lo em casa é tentador. Com um suspiro, eu o penduro no braço e saio para a luz brilhante que eu já não via há meses.

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