Stark

V - Corvo, o presságio da morte

(Capítulo não revisado)

2012

A chuva castigava a cidade de Nova York com trovões assustadores e que atravessavam o céu através das nuvens escuras. O vento açoitava o rosto do jovem Stark com golpes afiados e furiosos, o fazendo afundar o queixo na gola do casaco enquanto apressava o passo, fazendo seu caminho pelo beco deserto. Ele não gostava de trovões, algo sobre a imprevisibilidade deles incomodava Andrew, que era assombrado pelas estatísticas de quantas pessoas morreram por um raio de ter caído em suas cabeças. Tony costumava dizer que Andrew precisava parar de pensar em situações hipotéticas, que ficar remoendo possibilidades que dificilmente aconteceriam não o levariam a lugar nenhum. Era um dos poucos conselhos que Andrew escolhia não ouvir.

A mochila em suas costas pesava com os livros da biblioteca que Andrew pegou para estudar, dedicado a mostrar para Tony Stark que ele merecia ser seu filho. Andrew sabia que não era um gênio, nunca seria, suas notas no orfanato eram medianas e ele passava mais tempo observando as pessoas do que absorvendo o conteúdo que era passado na sala. Os professores o odiavam, falavam que ele era estúpido e terrivelmente idiota, e talvez estivessem certos. O problema era que Andrew temia que Tony concordasse com eles. Se ele descobrisse que seu filho era burro, ele o mandaria de volta para onde o achou e fingiria nunca ter o conhecido. Andrew não saberia lidar com a rejeição, não de novo.

Andrew virou à esquerda e entrou em um beco mais estreito e escuro, evitando se encolher ao ver um rato correndo em direção a uma caçamba de lixo. O cheiro não lhe agradava e o caminho era assustador, porém era o caminho mais rápido para chegar à torre dos Vingadores. O celular em seu bolso zunia furiosamente com mensagens chegando uma atrás da outra, nenhuma era de Tony.

O leve zumbido foi o único sinal que algo – ou alguém – estava chegando e correndo em direção a Andrew como um raio. A sensação devia ser quase a mesma, embora Andrew não tivesse tido a experiência de ser atingido por raio, ele tinha quase certeza que o choque eletrizante que correu por suas veias teria acontecido da mesma maneira se ele tivesse sido acertado por um raio. A força do impacto o jogou direto para a parede de tijolos da lateral de um prédio, a cabeça se chocando contra o tijolo e pequenos pedaços caem ao lado de Andrew assim que ele cai no chão molhado.

Havia um homem ajoelhado ao lado de Andrew antes que ele pudesse reconhecer de onde vinha a dor, apesar de suspeitar que todo o seu corpo havia recebido uma parcela do choque do impacto.

– Merda. – Mãos cautelosas e gentis seguram o rosto de Andrew, que piscou os olhos tentando encontrar a pessoa além da névoa de dor que o cegou temporariamente. Sua cabeça latejava como se todo o sangue tivesse resolvido esquentar e suas veias queimavam com tanta intensidade que parecia estar sendo queimado vivo. – Você está bem?

Andrew não sabia que ainda era capaz de mentir quando respondeu:

– Sim, sim.

Andrew não era idiota, ele sabia que não havia sido uma pessoa qualquer que tinha trombado com ele. A força e a velocidade não eram humanas, o impacto que recebeu repercutiu por seus ossos como ondas sonoras que estremeciam casas de shows. Ele passou muito tempo vagando pelas missões que Natasha contava a ele quando estava livre e tudo que ele conseguiu concluir era que pessoas aprimoradas eram assustadoras. Natasha contou a ele sobre Bruce Banner, um verdadeiro gênio – Andrew tentava não sentir inveja – e revelou cada detalhe que deveria ser segredo, mas que confiou em Andrew o suficiente para acreditar que ele não contaria.

A visão dele estava embaçada ao ser levantado facilmente pelo cara que trombou nele. A facilidade com que Andrew ficou em pé o deixou desnorteado, ninguém deveria ser capaz de manusear uma pessoa com tanta facilidade como se fosse um boneco de pano. Se Andrew antes desconfiava, agora ele tinha certeza naquele exato momento que o cara era um aprimorado.