Stark

XVII - O lado certo

(Capítulo não revisado)

Berlim

O tratado de Sokovia era um enorme documento que mais de cento e dezessete países aprovaram na intenção de minimizar os danos causados pelos Vingadores e diminuir a destruição que veio sendo causada desde o ataque de Loki a Nova York. Se alguém perguntasse a opinião de Andrew, o que não aconteceu desde que ele entrou na sala com o secretário Ross, ele diria que o tratado era de fato importante, exceto que seria importante para as armaduras de Tony, para armas que não tinham controle. O tratado não deveria ser usado para as pessoas, as privando de liberdade e condições básicas para saírem de suas casas sem precisarem ser localizadas. Mas ninguém queria a opinião de Andrew, tudo que eles queriam era a sua posição, de que lado estava, ao invés de perguntarem o porquê dele escolher o que estava escolhendo.

Andrew virou a página do tratado, lendo um novo artigo de um novo parágrafo que tentava justificar o porquê de seres aprimorados serem perigosos e, portanto, deveriam ser catalogados – sim, catalogados como malditos animais – em sistemas de alta tecnologia para que eventos como os da Wanda em Lagos não aconteçam novamente. A ideia soava tão estúpida que Andrew não conseguia acreditar que mais de cem países aprovaram tal pensamento, embora foram as mesmas pessoas que chamaram o doutor Banner de ameaça incontrolável e Thor e Hulk de armas humanas sem controle. O secretário Ross disse que haveriam consequências se ele perdesse suas bombas atômicas, se referindo a Thor e Banner, como se eles não fossem pessoas, como se não precisassem de liberdade.Andrew segurou-se ao tratado em suas mãos quando ouviu Ross falar, mantendo seu rosto calmo mesmo quando tudo dentro dele queimava com a ideia de ser ele a precisar assinar o tratado.

Ninguém além de Ultron e os Maximoff sabiam dos ossos de Andrew, mas agora só havia Wanda que guardava esse segredo e só ela não contou para ninguém ainda, Andrew acreditava que ela não tinha intenção de contar. Ele se perguntou se caso eles – os vingadores e o secretário Ross – soubessem da verdade, ele teria que ser obrigado a escolher um lado. Ele seria considerado uma ameaça, uma anomalia da natureza, alguém que quebrava todas as regras postas em um ser humano. Se ele seria considerado um criminoso assim como Sam Wilson e Steve Rogers, que estão sendo levados dentro de um tanque como criminosos, ao invés de heróis que salvaram o mundo mais vezes do que era possível contar.

– Você não precisa fazer isso. – Natasha disse, parando ao lado de Andrew, de costas para a mesa e de frente para a parede de vidro que os envolviam. – Ninguém vai culpá-lo por escolher o lado menos esperado.

– Nós dois sabemos que não é verdade, Nat. – Andrew fechou o tratado e olhou para frente, para o secretário Ross que conversava com Tony Stark. – Todos esperam que eu escolha o lado de Tony, o lado certo. Soa tão idiota, na verdade. Ninguém imaginou que um dia estaria achando que Tony seria o certo da história, mas então Steve protegeu um criminoso e – Andrew abriu os braços, gesticulando para o cenário ao seu redor – olha onde estamos.

– Nem tudo é sobre o que esperam de você, Andrew. – Natasha descansou a mão no ombro de Andrew. – Você pode fazer sua escolha.

– Não fale como se eu também não fosse preso caso fizesse. – Andrew suspirou e retirou a mão de Natasha de seu ombro. – Esse não é um cenário pelo qual eu posso escolher o lado que acho certo. É um cenário em que eu devo escolher o lado que todos acham que é o certo, independente se eu concordo ou não. Não é sobre mim. Não é sobre você.

– É sobre Tony. – Natasha apontou.

– É sobre cento e dezessete países, Natasha. – Andrew corrigiu, embora essa fosse uma mentira muito fácil, muito heróica para vir dele. Ele nunca se qualificou como um herói, suas motivações sempre estiveram atreladas ao que seria considerado adequado para as pessoas gostarem dele. Jamais foi sobre ele ou sobre o que ele queria. E não seria agora que seria sobre isso.