(Capítulo não revisado)
Aos vinte e dois anos, Andrew reconheceu a necessidade sufocante e pouco saudável de querer ser amado, mesmo que as pessoas amassem a pessoa que Andrew criou ao invés de amá-lo por ser quem ele era. Sua terapeuta desaprovava todas as tentativas que Andrew fazia para as pessoas gostarem dele, para vê-lo como alguém que merecesse um pouco de seu tempo precioso e curto. Ela costumava dizer que ele não precisava se esforçar tanto, que a vida não era resumida a quantas pessoas queriam ele por perto ou a quantidade de pessoas que ele conseguia fazer se sentir bem somente porque ele prestou atenção nelas. A primeira vez que ele ouviu isso não veio de sua terapeuta, mas de Lorelai e sua forte crítica a Andrew mudar tudo nele para se adaptar às pessoas ao seu redor. Era engraçado como Andrew escolheu ignorar Lorelai, sua melhor amiga, por anos apenas para ser confrontado pela verdade por sua terapeuta.
Engraçado era uma palavra forte. Irônico se encaixava melhor.
Andrew acordou com os raios de sol castigando seu rosto. Sentar foi mais doloroso do que Andrew imaginou que seria, mas principalmente respirar novamente conseguiu ter um efeito sufocante em seus pulmões. O ar entrava como fogo pelos pulmões, arranhando o interior como se tivesse agulhas entrando por seu corpo e tentando matá-lo.
Ele pressionou a mão na lateral do corpo, tentando recuperar-se do fato de ainda estar vivo após uma bala cruzar sua cabeça. A sensação de sangue seco em sua cabeça era estranha, desconfortável, Andrew achava difícil se acostumar.
Andrew demorou alguns minutos para registrar a pessoa parada ao seu lado, com botas gastas pelo tempo e sujas de farinha de trigo. Ao seu lado, uma aljava estava no chão encostada na perna da pessoa. Andrew não precisou olhar para cima para saber que Clint Barton olhava para ele com reprovação.
– Eu fico feliz que o caminhão de farinha tenha dado certo. – Andrew falou, fraco, ainda se recuperando de ter escapado da morte. – A luta já terminou?
– Eles estão discutindo lá embaixo. – Clint suspirou cansado antes de agachar ao lado de Andrew e segurar seu rosto com as duas mãos. Andrew se viu obrigado a olhar para Clint, a ver a preocupação carregando seus olhos. – Tenho cinco minutos antes do Capitão pedir ajuda, então que tal me contar o que aconteceu?
Às vezes Andrew queria contar a verdade a equipe, compartilhar sobre o vibranium em seu corpo e descontar toda a frustração que sentia por escapar da morte todas as vezes. Não era nada poderoso, como Ultron sugeriu que fosse. Andrew não se sentia poderoso ou acima das pessoas por fugir da morte. Ele não gostava da ideia de ser intocável, de não morrer, porque ele sabia que significava que ele veria todos morrerem antes dele.
– Converse comigo, pequeno Stark. – Clint pediu, preocupado. – Eu prometi que não contaria a Steve que você estava aqui, mas você precisa cooperar. Me diga o que está acontecendo.
Lentamente, com a dor piscando em seus ossos, Andrew envolveu os dedos ao redor dos pulsos de Clint e pediu silenciosamente que ele se afastasse. Era difícil afastar a ideia que os Vingadores eram o mais próximo da família que Andrew tinha, porém era mais doloroso saber que eles não se viam como uma família. Clint não precisava saber dos problemas de Andrew, não quando nada que acontecia no aeroporto realmente iria o afetar porque, no fim, a família dele o esperava em casa. Toda a família de Andrew estava aqui e todos estavam brigando, lutando uns contra os outros e ele, como o covarde que era, escolheu assistir ao invés de escolher um lado. Ele já estava decepcionando todos com a sua covardia, ele não precisava decepcionar mais admitindo em voz alta que era incapaz de morrer, mas que estava desesperado para testar os limites dessa condição.
– Não há nada acontecendo. – Andrew sussurrou, afastando as mãos de Clint. – Foi uma decisão idiota.
Clint analisou Andrew à procura de sinais que revelassem que ele não era o que parecia que era naquele momento: um suicida. Os sinais não ajudavam muito a julgar pela arma jogada ao lado de Andrew e seu pouco amor à vida desde Ultron.

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Stark
FanfictionQuando Tony Stark descobriu que tinha um filho, seu primeiro instinto foi ir atrás dele. Porém não passou por sua cabeça que ele teria que aprender a ser pai ao mesmo tempo que precisaria lidar com o passado de seu filho. Por sorte, Tony tem ótimos...