XVI - O tratado de Sokovia

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(Capítulo não revisado)


2016

O pequeno apartamento na esquecível cidade em Washington era acolhedor, familiar e silencioso. Não havia trânsito nem buzinas que perturbasse a paz do prédio de cinco andares que Andrew encontrou no ano passado, com a intenção de fugir da caótica Nova York e todo o caos que a acompanhava. Era reservado em tudo que se propunha ser, continha cortinas cinzas que Andrew comprou em uma loja de departamento que faliu e pagou cinco dólares nas cortinas. As pessoas dali não o conheciam, não se esforçavam para conhecê-lo e não olhavam para ele para querer se lembrar dele. Por muitos anos, não ser visto incomodaria Andrew. Depois de ter sido sequestrado, exposto em noticiários enquanto sua cabeça valia quarenta milhões dólares, Andrew se sentia confortável em ser facilmente esquecível.

Havia algo atraente em ser esquecível. Nada para sentir medo. Sem ninguém para Andrew se esforçar para não decepcionar. Poucas expectativas. Esquecível ou apenas solitário? Não ter amigos além de Lorelai soava triste às vezes, mas então Andrew voltava a sua rotina calma e monótona então ele parava de pensar sobre isso.

Donna, uma doce senhora que alugou o apartamento do térreo para Andrew, morava no apartamento ao lado e sempre aparecia ao menos uma vez na semana com um pote de biscoitos que assou mais cedo. Segundo Donna, ela não tinha filhos tão pouco netos para dar os biscoitos e por alguma razão ela fazia em quantidades muito maiores do se espera que alguém de mora sozinha faça. Andrew suspeitava que ela só queria companhia.

A estante de madeira com suportes da cor azul-marinho que ostentava os livros de Andrew foi um presente de Donna. Aparentemente ocupava muito espaço em seu apartamento e ela queria substituir por armário de vidro para colocar suas xícaras de porcelana. Andrew realmente não se incomodou em arrastar a estante pelo corredor até o seu apartamento.

– Coma eles com leite, será uma explosão de sabores maravilhosa, eu lhe garanto. – Donna disse no batente da porta do apartamento de Andrew.

Ele empurrava seu novo patamar de madeira para colocar o seu colchão quando Donna apareceu com o novo pote de biscoitos da semana. Foi uma aquisição maravilhosa, o patamar estava jogado na calçada e Andrew o viu quando voltava do mercado. Carregar as compras enquanto segurava um patamar de madeira não foi fácil, mas o esforço valeu a pena.

– Obrigado, Donna. – Andrew agradeceu, secando o suor que escorria por sua testa com a manga de seu tricô verde de gola alta. – Eu comprei uma coisa para você quando fui ao mercado.

As sacolas de tecido foram deixadas no chão. Andrew estava muito ansioso para ver como ficaria seu colchão em cima do patamar após meses dormindo com ele no chão. Andrew empurrou o colchão para cima do patamar e deu dois para trás, colocando as mãos no quadril.

Ele sorriu com orgulho.

– Ah, deixe eu pegar para você. – Andrew correu até as sacolas e se ajoelhou na frente delas, vasculhando-as à procura de sua compra. – Eu estava passando pelas prateleiras e encontrei isso e pensei: Donna vai amar isso! – Andrew encontrou os potes que procurava junto com os sacos de farinha de trigo. – Veja.

Donna entrou no apartamento e caminhou até Andrew com suas sapatilhas vermelhas, que continham grandes laços de cetim nas pontas. A saia longa cor-de-rosa de Donna balançava para os lados enquanto ela se aproximava, deixando o pote de biscoitos em cima da bancada.

Andrew estendeu três potes de porcelana que guardavam biscoitos italianos, que ele encontrou na sessão de importados. Era algo relativamente caro, Andrew nunca pensou que pagaria vinte dólares em um pote de biscoitos que não viesse da Disney. Ele nunca foi a Disney, embora quando criança a ideia lhe agradava. Após Ultron, a ideia de confiar em tecnologia fazia seu estômago revirar em um aviso de que em breve Andrew vomitaria.

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