II - Sob a superfície, há um garoto adorável

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(Capítulo revisado)


2011

O copo de whisky estava gelado sob os dedos gélidos de Andrew Stark, que estava mais interessado em fingir que gostava daquela bebida do que realmente interessado em bebe-la. Como ninguém parecia realmente interessado nele, apenas no fato de Andrew ser filho de Tony Stark, ele não precisou se preocupar em fazer uma boa encenação. Era isso que toda essa festa se resumia: uma grande encenação e Andrew era o personagem principal.

Não tão surpreendente para Andrew, ele se encaixava bem em todas as mentiras que deixava atravessar seus lábios enquanto conquistava um pequeno grupo de pessoas que o rodeava. Ele soltava piadas que sabia que Tony Stark soltaria. Usava o humor sarcástico que não fazia parte de sua personalidade, mas que sem dúvidas desenvolve em sua pessoa em poucos minutos. Cada pessoa que o parava, Andrew usava uma versão sua que sabia que a conquistaria. Ele era tão bom em interpretar as pessoas e saber o que elas queriam tanto quanto era bom em saber quando não o queriam mais.

Quando a conversa começava a ficar gelada, tanto quanto o copo esquecido em sua mão, Andrew revelou seu sorriso doce e amigável e finalizou o copo em um rápido gole, avisando que pegaria uma bebida. Ele não disse que voltaria logo, eles também não pediram, então Andrew abriu caminho pelas pessoas, sempre evitando grandes grupos, e parou no bar.

O péssimo gosto de whisky caro ainda pesava em sua língua e Andrew precisou reprimir a vontade de pedir um bom vinho. Tony não bebia vinho, então Andrew não podia escolher.

– Se divertindo?

Andrew precisou virar para trás para ver quem falava com ele. Apesar de não ter interesse em conversar, ele não podia permitir que qualquer pessoa tivesse uma visão ruim dele. Toda essa noite se resumiu a Andrew tentando impressionar a todos, já que impressionar Tony não era possível, e ele não permitiria que as coisas começassem a dar errado agora que estava acabando.

Natasha Romanoff parou ao lado dele, olhando atentamente para ele. Embora Andrew tivesse sido o centro de toda essa festa, ninguém parecia realmente interessado nele, mas Natasha olhava para ele como se quisesse a versão dele e não uma especialmente feita para agradá-la e entretê-la com piadas baratas.

– Sim, a festa está ótima. – Andrew respondeu, demorando demais para a mentira passar despercebida.

Natasha, no entanto, sorriu, aceitando a mentira com tanta facilidade que deixou Andrew desnorteado.

– Você viu Tony por aí? – Natasha perguntou, apoiando os braços no balcão do bar enquanto olhava para Andrew.

– Acho que o vi no andar de cima, não sei dizer. – Andrew depositou o copo do balcão.

O bartender pegou o copo e começou a encher com o mesmo whisky terrivelmente caro que fez Andrew quase fechar os olhos com o gosto que preencheria sua boca.

– Eu quero o mesmo que ele.

Andrew percebeu o seu erro no segundo em que, se antes suspeitava, agora tinha certeza que Natasha só se agradaria com a sua versão. Não uma de mentira. Não uma moldada especialmente para ela e que ela gostaria.

A bebida o denunciaria. Natasha era uma espiã, uma agente, ela reconheceria uma mentira de longe. E Andrew, por si só e tudo que o compunha como pessoa, era uma completa mentira.

– Na verdade, esse é o terceiro da noite. – Andrew disse, olhando para o bartender com os melhores olhos culpados que conseguiu oferecer. – Sinto muito, querido, você poderia me dar uma taça de vinho?

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