Prólogo - A magia esquecida

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#BruxinhoFofinho

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A humanidade surgiu há 200 mil anos no continente africano e há 45 mil anos eles chegaram ao continente europeu. Do clima frio e inóspito, surgiu uma interação entre o Homo Sapiens e o Canis Lupus, mas nenhum estudo científico foi capaz de explicar como o gene Lupus começou a fazer parte do DNA humano. Assim, homens e mulheres começaram a se transformar em lobos não somente em noite de lua cheia, como muito já se acreditou.

A estranha mistura começou a afetá-los de modo explosivo, afetados pelos instintos animalescos completamente irracionais: matavam uns aos outros sob a mínima ameaça; matavam seus parceiros por piscarem de modo diferente ao se aproximarem de outrem e aniquilavam toda a sua prole se um dos filhotes aparentava ser mais fraco do que os outros.

Dessa forma, correram um sério risco de extinção. O hibridismo entre lobos e humanos estava ameaçado a fazer parte unicamente das lendas dos povos africanos e sul-americanos, que não se misturaram com nenhum outro animal, já que as condições climáticas que viviam eram adequadas à sua reprodução pura e isolada. No entanto, uma parte mais mansa dessa ameaçada população conseguiu esgueirar-se pela densa neve e chegar ao abismo entre o continente europeu e asiático. Diz a lenda do Grande Agouro que esses pequenos lobos faziam parte de ninhadas esquecidas ao relento, as quais suas progenitoras não foram capazes de abater, obedecendo ao chamado do instinto humano que ainda restava em suas veias.

Foi dessa forma que chegaram à terra encantada do Oriente, onde o crepúsculo acontecia de modo diferente e não era a Lua que reinava as eras, mas, sim, o Sol.

Os lobos que foram considerados fracos, começaram a se multiplicar pelo continente, alcançando todas as ilhas montanhosas que existiam ao redor graças à sua força lupina e à inteligência humana que ainda regia suas cabeças. Nunca receberam notícias dos lobos selvagens que viviam na Europa e, milhares de anos depois, descobriram que eles eram apenas parte de sua ascendência, pois de fato, foram extintos alguns poucos anos depois de sua escapada da morte invernal.

Alfas e ômegas aceitaram de bom grado tudo o que a terra mágica poderia lhes proporcionar, afinal eles também poderiam ser considerados fantásticos, sua transmutação era algo divino, explicado somente por lendas, histórias antigas contadas pelos membros mais velhos das matilhas. Mas existiam outras teorias que gostavam de lembrar que aquele povo sempre fora mágico, independentemente do lugar onde moravam: foram fortes o suficiente e cruzaram terras e mares, tornando-se os únicos sobreviventes da raça e as terras mais calmas, de temperatura amena e inabitadas, foram o que eles precisavam para se atentarem a magia que vinha de dentro e não tinha espaço para aflorar.

Ali, foi permitido observar-se a magia do tempo e da troca das estações, na qual os humanos contemplavam o verão e a primavera, e deixavam que as suas formas lupinas cuidassem de seus corpos frágeis durante o fim do outono e todo o inverno. Ciclos começaram a ser percebidos, guerras iniciavam e terminavam de tempos em tempos, e marcas de batalha tornavam-se marcas de nascença em bebês recém-nascidos. E, assim, Imprintings começaram a ocorrer, casais que não se amaram o suficiente em vidas passadas enxergaram novas oportunidades de se encontrarem e se amarem por todo o tempo que perderam. Alguns conseguiam achar suas histórias perdidas no passado e choravam a dor de um amor que não acontecera, mesmo que não precisassem se machucar com aquelas velhas narrativas. Outros, perderam-se no tempo e acharam-se no destino, nunca entendendo de onde vinha aquela sensação de conhecer o par de vidas passadas, ou o porquê daquela conexão profunda com quem mal se conhecia.

Dos amores recém descobertos, aproveitou-se o prazer da carne. E da falta de guerras, reinou a forma humana. Cios eram celebrados, casamentos eram consagrados após a primeira promessa de amor. Os híbridos viviam muito bem as suas vidas, passadas e primeiras, isolados do resto dos humanos puros, os betas, fazendo ritos ao Sol e à Lua, tirando lições de seus antepassados selvagens e cruéis e vivendo com o que as suas mãos conseguiam construir. Isso até a chegada dos betas que fugiam das guerras do mundo deles.

Com eles, veio a tecnologia. Inicialmente, os alfas e ômegas ficaram preocupados, afinal as guerras eram grandes devido a alta tecnologia empregada em suas armas, fazendo com que muito mais gente morresse em alguns poucos anos de guerra beta do que todas aquelas gerações lupinas já mataram em suas guerras sempre tão arcaicas. Naquela época, poucos ainda tinham a capacidade de transformação e foram os betas que os ajudaram a fazer os registros escritos de suas histórias. Mesmo que muita coisa tenha se perdido na memória, a espécie lupina conseguiu gravar o seu legado e, assim, sempre saberiam de onde vieram, acreditando na magia que emanava de seus corpos e nas terras que pisavam.

Os betas podiam deter toda a tecnologia e ensinar como fazê-la aos seus novos parceiros, à sua nova nação, mas nunca sentiriam o peito arder quando uma lua cheia pairasse no céu, ou quando o sol nascesse no horizonte, gigante e vermelho. E por mais que os lupinos tivessem se espalhado por todo o globo terrestre, sabiam que sempre seriam bem-vindos naquelas antigas terras mágicas.

Com o passar de centenas de anos, alfas, ômegas e betas viviam juntos em harmonia do norte ao sul do planeta. As guerras foram extintas e não havia sinal de nenhum humano se transformando em lobo, mas ninguém duvidava do seu passado, já que algumas características ainda faziam parte de seus corpos: como a grande força física dos alfas e a existência de útero em ômegas masculinos. Os betas não sentiam os seus aromas fortes nem se afundassem as narinas nas glândulas de cheiro e não conseguiam detectar o cio da espécie, mas faziam parte da junta policial que protegia os ômegas de serem tomados contra a sua vontade. Assim, eram raros os casos de betas que se relacionavam amorosamente com alfas ou ômegas, e no restante dos aspectos que tangem à vida, viviam normalmente, sem nenhum se achar superior aos outros.

Ômegas foram eleitas presidentes da república, alfas viajavam pelo espaço e ficavam meses sem contato humano, tudo graças a invenção dos supressores que eram usados para inibir os cios. Infelizmente, a medicação não dava certo no organismo da maioria dos ômegas e eram raros aqueles que conseguiam tomá-los sem se tornarem estéreis. Os mais céticos acreditavam que a ciência deveria avançar para que isso desse certo com todos, mas havia alguns outros que insistiam na magia das terras orientais e que aquele era o chamado natural de um ômega para com o seu alfa. Tal ideia era vista como uma grande besteira pelos mais jovens, pois nem todo ômega queria ter um alfa, ou queriam apenas controlar as vontades de seus corpos e não precisar faltar uma semana inteira no trabalho por causa disso, mesmo que as faltas fossem abonadas depois de um registro severo do ciclo dos cios.

Não se sabe em quem se deve acreditar ou se é necessário escolher um lado. Os personagens dessa história são um alfa e um ômega da vida moderna, vivem lado a lado com betas, sabem de seus antepassados e histórias antigas graças aos primeiros registros feitos por eles e não querem um relacionamento sério por agora. Mas, mesmo que as terras orientais tenham perdido a magia, Park Jimin ainda deita a cabeça no travesseiro se perguntando que coisa doida foi aquela que tomou o seu corpo quando parou de repente no meio do salão do bandejão da Física, seguiu em direção à mesa do fundo e sentou-se de frente ao alfa Jeon Jeongguk com a plena certeza de que, sim, era ele a quem o seu ômega chamava.

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Nem tão cético assim × jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora