24/12/22. pazes, alianças e noite fria.

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A primeira noite de Peggy no quarto improvisado havia sido um tanto quanto incômoda. O colchão deixou sua coluna de quarenta anos - e que ela havia tentado conservar – dolorida. O escritório vazio era sufocante, oque chega ser irônico. Ela nunca havia dormido tão mal em toda a sua vida. Mas, mesmo odiando o fato de dormir no escritório vazio da filha, ela não poderia reclamar para Violet, já que a segunda opção era dividir o mesmo quarto que Dottie, e ela não conseguia imaginar algo pior. Na verdade, aquele colchão d'água era pior, mas ela jamais iria admitir.

No andar de cima, Dottie havia dormido razoavelmente bem - não levando em consideração o episódio depressivo depois de se culpar pelo divórcio que ela teve na última noite, havia sido uma noite tranquila. O quarto era aconchegante e a cama bem espaçosa, e ela pensou em Peggy dormindo no escritório. De primeira ela ficou com pena, mas depois se tocou de que havia sido uma decisão da mesma, então não havia porque ficar se culpando.

Peggy saiu do escritório, indo até o banheiro de baixo e tomando um banho quente. Estava nevando em Nova York, e o dia estava muito frio. Depois do banho, ela sentiu vontade de tomar um chá. Ela procurou no armário de Violet por um chá que a pudesse ajudar com a dor nas costas. Ela achou um pedaço de gengibre e levantou os braços em sinal de agradecimento ao universo. Enquanto esperava a água esquentar, ela ficou observando a neve cair pela janela da cozinha.

A neve branca fez Carter se lembrar da vez que ela e Dottie decidiram sair para patinar no gelo. Nenhuma das duas sabia patinar no gelo. Foi uma experiência divertida no final de tudo – mesmo depois de todos os tombos. Elas estavam juntas há pouco mais de um ano. Ela lembrou de como a risada da namorada era graciosa. Lembrou de como Dottie pegou rápido a prática da patinação e já conseguia dar giros, enquanto ela só sabia andar para frente e de vez em quando tropeçava em algumas pessoas. Ela lembrou do carinho que Dottie tinha com ela, a protegendo das possíveis quedas. Lembrou das mãos da loira em volta da sua cintura, e dos beijos ao ar livre. Ela quase deixou a água do chá secar enquanto estava entretida em seus pensamentos.

Ela mal percebeu quando Dorothy entrou no cômodo, colocando sacolas de papel em cima da mesa. O som das compras batendo na mesa chamou a atenção da morena, que se assustou.

— Ai meu Deus! — ela falou, colocando a mão no peito.

— Me perdoa! Eu não queria te assustar. — Dottie respondeu, com as mãos estendidas.

— Está tudo bem. Eu só achei que todo mundo estivesse dormindo.

— Eu e a Violet fomos ao mercado comprar as coisas que faltavam para a ceia de amanhã. Passamos no escritório mas você ainda estava dormindo, então decidimos deixá-la descansar.

— E aonde está a Vi? — Peggy falou, tomando seu chá de gengibre.

— Ela subiu. Foi acordar o Daniel. — Dottie falou, dando um sorrisinho de canto. Ela estava feliz por ter uma conversa sem discussão com Peggy por quase um minuto inteiro.

— Você vai cozinhar?

— É, eu convenci a Violet a me deixar preparar a ceia. Não foi uma tarefa muito complicada. — ela falou e a morena deu uma risada abafada.

Peggy esfregou a mão livre no braço descoberto na intenção de esquentá-lo. Estava realmente frio e ela não havia levado um casaco para a cozinha. Dottie ainda não havia tirado o casaco e o cachecol vermelho que usou para ir ao mercado. Ela desenrolou o cachecol de seu pescoço e caminhou até a morena, cobrindo a nuca e em seguida o pescoço inteiro da mesma, que não recuou. A ruiva ajeitou o cachecol enquanto os olhos castanhos de Margaret encaravam cada movimento seu. Ela parou, abaixou os braços e olhou nos olhos da outra.

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