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– Só estou dizendo, meu filho, que você deveria reconsiderar essa ideia – Vivian tentava, sem sucesso, colocar algum juízo na cabeça do filho, mesmo que ele já fosse um homem feito beirando seus trinta anos.
Dominic, que ajeitava sua gravata com calma, apenas revirou seus olhos.
– Não estou entendendo, mãe. Não foi a senhora que ficou o inverno inteiro insistindo para que eu arranjasse uma esposa nessa temporada? O que mudou em seus pensamentos?
Vivian respirou fundo, como se estivesse cansada. Seu filho era um homem bom, muito honesto e dedicado à família, mas quando se tratavam de questões do coração...
Queria que Donald tivesse tido mais tempo para ensinar seu filho como amar uma mulher.
– Ainda quero que arranje uma esposa, mas não do jeito que está insistindo em fazer. Uma relação sem amor, com uma lista de qualidades? Meu filho, eu quero que você encontre o amor, quero que você sin-
– O amor é um conto de fadas inventado para entreter os tolos – Dominic a interrompeu, mesmo que não fosse de seu feitio fazer algo tão brusco com a mãe que amava tanto.
Vivian ergueu seu queixo, magoada.
– Então sou uma tola, meu filho, porque amei seu pai tão profundamente que, quando ele morreu, uma grande parte minha se foi também.
Dominic baixou os olhos azuis para o chão, não deixando que a mãe percebesse a escuridão que os tomava.
– Não foi isso que eu quis dizer, mãe. Me perdoe.
Do outro lado da imensa sala, Evelin ergueu seus olhos do livro que lia com tanta intensidade. No auge de seus 15 anos, a garota tinha uma beleza delicada herdada da mãe e uma personalidade animada e extremamente amorosa, em grande parte influenciada pelo pai.
– Irmão, mamãe está certa e você sabe disso. Precisa arranjar alguém que faça seu coração bater mais forte, alguém que faça sua vida chata ter sentido.
Dominic assumiu uma expressão de tédio.
Oh, sim, não podia esquecer da enorme sinceridade que Evelin sempre mostrava ter.
– Um dia essa sua língua afiada ainda lhe colocará em problemas, irmã.
Evelin abriu um sorriso doce.
– Você só diz isso porque sabe que estou certa.
O loiro respirou fundo, levantando-se do sofá. Estava bem vestido, perfumado e com botas lustrosas, tudo para que sua ida à apresentação da rainha não passasse despercebida.
Vivian se levantou também, o vestido azul claro iluminando seus olhos de mesma cor.
– Querido – ela chamou naquele tom de voz que sabia que comovia o filho – Fique em casa, espere até que os bailes comecem e conheça todas as moças. Com certeza uma delas conquistará seu coração.
Dominic revirou os olhos.
– Já conheci todas elas, mãe, e a senhora sabe disso. A maioria não sabe nem mesmo articular uma frase inteira sem dizer uma burrice colossal, e as que possuem o mínimo de instrução ou são tagarelas demais ou não sabem controlar seus modos. Em resumo, acredito que Londres está atualmente desprovida de boas moças.
Evelin riu baixinho, balançando sua cabeça.
– Você é cruel, irmão.
– Eu sou prático. Preciso de uma mulher apresentável, inteligente, que seja versada em todos os talentos que uma mulher precisa ter e que tenha um quadril largo para um parto facilitado. Uma voz agradável que não irrite meus ouvidos também entra em minha lista, mas é algo que posso relevar dependendo da qualidade dos outros talentos.
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Diamante
Romance[CONCLUÍDA] Dominic Wannell é um comerciante libertino que precisa urgentemente se casar. Porém, sua visão de casamento é muito mais prática do que sentimental: uma mulher que sirva para ser sua esposa, não seu amor. Annie Boorman é a única filha de...