Capítulo IX

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[...]

O boato sobre o noivado entre Annie e Dominic se espalhou como fogo em palha seca durante a semana seguinte. Em menos de três dias, toda Londres já estava ciente de que a única herdeira do ducado Northwind se casaria com um homem sem título algum.

Quem não estava nada feliz com a novidade era a rainha. Tendo apostado suas fichas em Annie, incomodava saber que a Boorman havia escolhido se casar com um homem estupidamente rico, porém sem um lugar entre a nobreza.

Por sorte, ninguém havia desconfiado sobre o verdadeiro motivo do casamento. Se o casal real descobrisse que Annie estava se casando com Dominic apenas para não perder as terras do ducado, poderiam alegar traição, afinal, o título de duque de Northwind havia sido concedido à família Boorman, não à família Wannell.

Por esse motivo, tanto Annie quanto Dominic estavam numa corrida contra o tempo. Tinham esperado ansiosamente para que a notícia se espalhasse, mas agora precisavam agir antes que as pessoas começassem a juntar os pontos e os boatos chegassem ao ouvido da rainha. Precisavam garantir que todos acreditassem que estavam apenas perdidamente apaixonados, e que o fato de Dominic herdar o ducado surgisse como uma surpresa na hora de assinar os papéis do casamento.

Haviam tomado o cuidado de solicitar uma audiência com a rainha antes que fossem convocados por ela, o que já seria um início ruim. Tinham conseguido um horário no dia seguinte, logo pela manhã, o que provava a ansiedade da monarca em encontrar com os dois para saber ao certo o que estava acontecendo. A rainha da Inglaterra odiava ser a última a saber das coisas que aconteciam entre a sociedade londrina, por isso precisavam se explicar para ela antes de qualquer outra pessoa.

Todas essas coisas haviam levado Annie apenas a um único lugar: a modista. Precisava de um vestido novo que atendesse à ocasião: uma conversa com a rainha que a convencesse de que estava perdidamente apaixonada por seu noivo falso.

– Eu acho que vai dar tudo certo – Chloe murmurava para si conforme caminhavam pelas ruas agitadas de Londres, os braços dados para não se separarem – Você e o Dominic tem uma... Uma coisa. Quando vocês se olham, dá pra perceber que não são indiferentes um ao outro.

– Não ser indiferente a alguém é muito diferente de estar apaixonado por essa pessoa.

– Mas você não sente nada por ele? – por algum motivo, a ruiva insistia – Sabe... Quando olha para ele, não sente nadinha?

Annie apertou os lábios, indecisa.

O que realmente sentia por Dominic? Não podia negar que absolutamente não era indiferente a ele. O loiro despertava em si sentimentos nunca antes experimentados. Pelo que ele mesmo havia explicado: desejo ardente. Mas isso era o mesmo que amor?

Apesar de Dominic pensar o contrário, Annie não era completamente alienada quando o assunto era um relacionamento entre um homem e uma mulher. Apesar de não saber exatamente o que acontecia, ela sabia muito bem que existia uma diferença enorme entre o amor que levava ao casamento e o outro amor, aquele que levava os homens a procurarem as prostitutas nos cabarés da cidade.

Um casamento durava uma vida inteira. Uma aventura, apenas uma noite e nada mais. Não precisava ser um gênio para concluir que, obviamente, havia uma diferença de sentimentos, então, o que sentia por Dominic era apenas o amor que levava a uma aventura de uma única noite ou era o tipo de amor que durava uma vida? Ela não sabia dizer com certeza, mas sabia que sentia alguma coisa.

Por enquanto, isso precisava ser o suficiente.

– Não sei – respondeu por fim, o tom de voz desanimado – Eu não sei o que sinto, não sei o que ele sente, não sei nem se ele ao menos sente alguma coisa. Estamos unidos por uma necessidade em comum, acho que isso é o suficiente.

DiamanteOnde histórias criam vida. Descubra agora