As Moedas de Avareza
"A Avareza me move para perto de ti,
De novo e de novo
Mas me perdoe... Por favor
A Ganância me faz querer muito mais."- Me dê o meu dinheiro agora ou eu juro que vou fazer picadinho de você, seu Leprechaun vagabundo!
Os gritos podiam ser escutados ao longe na vila, escapando sem moderação de dentro da velha sapataria, cada vez mais altos em uma discussão deveras acalorada.
- Não tenho ideia do que está falando, já disse para você sair daqui, vai acabar afastando os clientes - O Leprechaun de barbas ruivas se limitava a dizer, repetindo pela décima vez como um discurso pronto - Me dê uma prova que devo um centavo a você, que te pagarei com prazer.
- Provas? Provas?? Seu caloteiro de merda, comprou dois vestidos de seda carmim comigo e me pagou com essa droga de moeda irlandesa - W47 declarava aos gritos, com o rosto queimando de raiva por ter sido enganada.
- Aí está vendo? EU TE PAGUEI. Agora saia da minha loja! - O pequeno homem repetiu, falando com tanta convicção que realmente parecia estar na razão.
- COM OURO QUE DESAPARECE!
- EU TE PAGUEI!
- EU ESPERO QUE VOCÊ ARDA NO INFERNO DA AVAREZA, SEU CALOTEIRO!
- E você no da Ira, fada irritante! - Pegou uma vassoura e começou a enxotar a moça como estivesse se livrando rudemente de uma pedinte inconveniente - Saí, saí, saí.
Em um completo acesso de raiva, a fada o fitou com puro ódio sem dizer uma palavra. Um olhar possesso e freneticamente louco como se pudesse o matar ali mesmo, fazendo com que o ruivo ficasse tenso e levemente amedrontado.
- Sugiro que me dê o dinheiro agora mesmo, pois vou garantir que receba de volta igualmente o que está me fazendo passar, mas ao menos eu teria um pingo de compaixão - Alertou, se virando até a saída.
- Tá... aqui, pega logo - Atirou um saco de moedas de ouro no ar. Ela o agarrou e contou meticulosamente cada centavo.
- Certo... Eu vou indo então - Murmurou, caminhando mais calma com as moedas, mas parou na porta de entrada para o ameaçar uma última vez - Se elas desaparecem, pode ir dando adeus a essa sapataria imunda.
Ele revirou os olhos, resmungando que ela era raivosa demais para uma fada pura, além de meia dúzia de comentários sobre o quão desnecessário era o barraco que a moça tinha aprontado.
Ao bater a porta velha do estabelecimento, W47 respirou fundo, sorrindo vitoriosa com o dinheiro na mão.
Na rua, o ar era fresco e orvalhado, sem o cheiro forte de cola e mofo do estabelecimento, o que alinhado com os sons dos passarinhos cantarolando por dentro das dezenas de árvores coloridas ao longo da vila, conseguiram acalmar os ânimos da fada quase instantaneamente.
- Caramba... você tem um vozeirão! - Escutou alguém exclamar perto dela.
Ao erguer os olhos, se deparou com um franzino rapaz loiro de olhos âmbar, pele leitosa e grandes cílios amarelos que brilhavam contra a luz do sol.
Ele tinha bochechas gordinhas e rosadas, com os lábios carnudos separados enquanto a fitava com curiosidade e os olhos levemente arregalados, provavelmente por ter presenciado a cena.
- Ah... Desculpe por ter visto isso - Declamou envergonhada, começando a andar pela rua de pedra a fim de fugir do garoto, mas o mesmo correu atrás da fada como um cachorrinho que havia acabado de achar o dono.
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𝐒𝐞𝐯𝐞𝐧 𝐒𝐢𝐧𝐬 𝐨𝐟 𝐓𝐡𝐞 𝐑𝐚𝐢𝐧𝐛𝐨𝐰
FanfictionW47 é uma jovem fada ansiosa para o dia em que entregará sua alma em devoção a um dos Sete Demônios Supremos, afinal, ganhará em troca a dádiva das cores, magia e proteção. Porém, rapidamente ela se vê presa em um emaranhado de linhas do destino, a...