Yanomami

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Tudo que eu queria era ser amado, Mas logo ao nascer fui morto e enterrado, Nem cheguei a respirar o ar da vida, Não me deixaram ser uma pessoa querida, Ao verem a minha deficiência, Me mataram logo sem peso na consciência, Nunca saberei o que é e...

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Tudo que eu queria era ser amado,
Mas logo ao nascer fui morto e enterrado,
Nem cheguei a respirar o ar da vida,
Não me deixaram ser uma pessoa querida,
Ao verem a minha deficiência,
Me mataram logo sem peso na consciência,
Nunca saberei o que é estar apaixonado,
Nunca ganharei um abraço,
Nunca saberei como é se sentir amado,
Fui esquecido assim que criado,

Um buraco fundo e sombrio,
Na beira de um rio,
Foi tudo que acharam que eu merecia,
Apenas mais uma criança falecida,
Praticado a muitas eras o infanticídio,
Por um motivo imundo e vazio,
Eu te condeno sanguinária tribo,
Por obrigar minha mãe a fazer isso comigo,
Por derramar tanto sangue santo,
Te amaldiçoou a eterno pranto,

E sei que as coisas ainda vão mudar,
Que vocês um dia pararão de matar,
A quem não foi dada a chance de viver,
Mas já nasce condenado a morrer,
Ao criador prestarão contas,
Por seus assassinatos nas sombras,
E quando me encontrar aqui mãe para o início de sua dor,
Eu te defenderei perante o Criador,
  Tentarei explicar que eu fui o verdadeiro culpado,
Para que eu possa saber pelo menos por um dia como é se sentir amado.

Nota do escritor: Poesia sobre os índios da Amazônia, sobretudo os Yanomami. O infanticídio é uma tradição bastante arraigada na cultura Yanomami, expressa a autonomia da mulher em decidir pela vida ou a morte do filho e funciona como uma forma de seleção para as malformações e para o sexo das crianças. A índia se isola do grupo e entra na mata quando sente que vai dar à luz. Ali, sozinha, ela decide o destino do filho por diversas razões, sem a interferência de nenhum outro membro da comunidade, nem mesmo o marido. Ela cava um buraco no chão, coloca algumas folhas e tem o filho de cócoras. Um dos métodos para matar a criança é asfixiá-lo com folhas.

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