Um mundo cinzento algum dia pode se tornar colorido e cheio de sabores adocicados, a angústia, a dor e a solidão podem ser cobertas por um punhado de açúcar, a vinda do sangue ao oxigênio pode ter diversos sabores açucarados que eleva a nossa dopami...
Ja havia se passado um tempo desde que tudo aconteceu, Maike foi levado ao hospital mas no dia seguinte recebemos a notícia que ele não havia resistido, minha inocência foi provada e que tudo foi mera legítima defesa, Akari era uma testemunha e as câmeras da cafeteria filmou toda a cena, Maike tinha passagem pela polícia, portanto, basicamente ele era um criminoso por já ter assassinado uma das suas ex namoradas e ter feito outras coisas consideradas criminosas.
Eu tinha chamado Akari para começar a morar comigo, porque eu compreendia o quão ruim seria ela continuar morando naquela casa depois do ocorrido, resolvemos vários problemas e eu principalmente, mas no fim querendo ou não, eu e Akari éramos vítimas de tudo aquilo.
Ela não me culpa pelo ocorrido, a mesma entendeu e reconheceu que o relacionamento que estava vivendo não era nada saudável. Eu fiquei surpresa naquela noite quando ela reagiu contra as palavras amargas e manipuladoras de Maike, respondendo "Isso não é amor" Eu estava pronta para vê-la cedendo, mas foi tudo ao contrário.
E por outro lado Akari me agradece, se Maike já tirou a vida de uma das suas ex namoradas, quem garantia que ela não seria a próxima, e se isso tivesse acontecido, eu em hipótese alguma iria perdoa-lo e custaria a vida dele.
Como agora nós duas estamos morando juntas, eu quero fazer o impossível para vê-la feliz, custe o que custar
Naomi: Cheguei- falo entrando em casa
Akari: E então?- pergunta preocupada
Naomi: Ja está tudo resolvido, não tenho mais com que me preocupar, agora podemos só seguir a vida normalmente
Akari: Naomi, eu não sei o que você pensa, mas saiba que eu não tenho odio de você, não te odeio por ter feito aquilo, eu que era uma idiota por ter sido tão cega. Maike era um criminoso ele poderia ter feito algo pior comigo, e eu sei que você fez aquilo sem intenção de mata-lo, apenas para nos proteger. E mais uma vez, me desculpe pelo modo no qual andei te tratando esses tempos
Sem intenção de mata-lo...hum. Suspiro profundamente e dou um leve sorriso
Até tudo se resolver, a Prime Café se manteve fechada, e eu não poderia comparecer ao meu trabalho na Dear book. Como as coisas já estão resolvidas, semana que vem vamos voltar a rotina de trabalho
Naomi: O que você acha de irmos até a praça das cerejeiras para passar o tempo?
Akari: Acho uma boa ideia, aquele lugar me conforta
Comparecendo lá nos sentamos em um dos bancos observando as flores de cerejeiras se movimentarem com o vento fazendo as pétalas caírem sobre o chão. Encosto minha cabeça no ombro de Akari e ficamos assim por um bom tempo
(...)
°Na casa da Naomi(que agora da Akari também)
Akari: Está meio frio hoje
Naomi: Verdade, vou pegar um cobertor maior
Na minha casa só tinha um quarto, então nós duas dormiamos juntas, tenho uma cama de casal bem espaçosa
Naomi: 23:11- digo olhando pro celular
Apago a luz deixando apenas a do abajur acesa, Akari se deita de um lado e eu jogo o cobertor por cima de nós duas
Naomi: Não sei você mas em um frio assim eu me cubro dos pés a cabeça- digo dando uma risada
Akari: Se for assim, quero ter essa vida boa tambem- fala dando uma leve risada e entrando debaixo do cobertor
Eu conseguia sentir sua respiração tão próxima da minha pele e isso me faz querer sentir cada vez mais perto. Coloco minha mão em seus cabelos acariciando a mesma que me olhava com seu olhar tímido e meigo. Agora eu so queria garantir a ela que tudo vai ficar bem, durante essas 3 semanas ela teve acompanhamento com uma terapêutica, iniciando essa terapia para tratar esse estresse pós traumático, por conta de tudo que aconteceu.
Naomi: Akari...Podemos dormir abraçadas? É que...- digo tímida
Akari: Err...Claro- diz envergonhada
A mesma acomoda sua cabeça em meu peito e eu meus braços em volta do seu corpo. Essa sensação nostálgica dos tempos que fazíamos isso simplesmente palpita meu coração. Mas parece que agora a sensação é totalmente diferente, antes tudo era so questão de carinho de duas melhores amigas, mas desde que estou me mantendo próxima dela agora novamente, é como se o hormônio da oxitocina gritasse alto (hormônio da paixão)
Akari: Sabe quando você disse que provavelmente eu não lembrava daquela nossa época? Na verdade eu lembro sim, ou até mesmo se eu não lembrasse conscientemente, o meu físico fazia questão de lembrar reagindo como se eu estivesse naqueles momentos de novo- diz se olhando pra mim
Mergulho minha mão pelo seus fios rosas, fazendo nossos rostos se aproximarem e nossos lábios caírem aos beijos, ela envolve seus braços em volta de mim passando delicadamente sua mão pela minha nuca, sinto sua respiração ficar mais eufórica e meu coração como se estivesse sendo encaixado.
Não era um simples beijo curto sem sabor, era o nosso primeiro beijo.
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