(17) 十七 JUU SHICHI

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Kyoko se assustou ao acordar e perceber que não abraçava um de seus travesseiros, mas sim alguém. Com a visão ainda embaçada e os cabelos amassados e em pé, ela forçou seus braços para se distanciar, embora pudesse reconhecer aquele corpo adormecido como Kakashi apenas pelo cheiro.

Aos poucos percebendo a idiotice em que se metera, Kyoko suspirou e deixou seu olhar percorrer o homem ao seu lado, facilmente identificando cicatrizes que ela considerava novas, já que não as tinha visto antes. Ela mesma tinha uma nova coleção que o grisalho não conhecia, embora em bem menor quantidade. Analisando seu rosto, ela quase podia afirmar que o grisalho havia acordado com sua movimentação repentina ou estava em um sono muito leve, e isso fez com que ela risse de leve.

Se ele estivesse acordado de fato, aquela era uma escolha muito sábia.

Um relógio ao longe a informava que já passava das 5:00 e Kyoko decidiu que era melhor partir, só não contava que seu corpo agiria em seguida por conta própria.

Deitando novamente, uma de suas mãos passeou pelo rosto do grisalho, afastando alguns fios que estavam sob sua testa, percorrendo todo o caminho com delicadeza até parar na linha de seu maxilar, enquanto seus lábios tocavam de leve sua bochecha desprotegida, sentindo extrema dificuldade para se afastar.

Por que era tão complicado ela apenas poder ficar ali?

— Nunca quis deixar as coisas tão difíceis para você — sussurrou Kyoko, na esperança que ele estivesse dormindo. Seu nariz foi deslizando pela pele do homem até encontrar o dele, deixando sua testa encostar de leve na dele, sussurrando contra seus lábios — Espero que um dia você me perdoe.

Não querendo estar ali quando ele acordasse, logo Kyoko pegou seu kimono que ficara ao pé da cama e foi para seu apartamento, e só então Kakashi deixou que sua respiração se acelerasse como bem entendia.

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Kakashi queria poder dizer que conseguiu voltar a dormir depois que Kyoko deixou o aparmento, mas não foi de perto o que aconteceu.

Depois de se dar por vencido e levantar, ele preparou algo simples de café da manhã e saiu para o lugar que ele mais habitava na vila: o monumento KIA. Ele sempre estranhou ninguém nunca ter questionado o Sandaime sobre o nome de Kyoko não estar cravado na pedra, já que ela supostamente havia morrido em missão, mas essa ausência de homenagem naquele dia nunca havia sido tão significativa.

Afinal, a ruiva estava viva e ao seu alcance.

Sem ter se preocupado com horários, Kakashi saiu de lá um bom tempo depois, rumando para o telhado da mansão Hokage. No percurso, ele descobriu que já era quase nove da manhã e quase conseguia ver Sakura, Naruto e Kyoko irritados a sua frente, mas não poderia julgá-los dessa vez: realmente o atraso de hoje era maior que o habitual. Talvez eles sequer estivessem mais lá.

— Kakashi-sensei? — ele ouviu a voz de Sakura quando seus pés tocaram o chão do telhado e não deixou de perceber a surpresa da voz da garota — Isso é sério?

— Hm, pensei que vocês não estivessem mais aqui — comentou ele, se aproximando do grupo e estranhando a ausência da ruiva — Kyoko saiu para me procurar?

Yamato nunca antes quis tanto rir como naquele momento. Ele já havia descoberto o plano da ruiva na noite anterior quando ela sugeriu um horário tão flexível para se encontrarem, como se ela estivesse contando com o atraso de alguém.

— Com a gente você chega atrasado e com a capitã Kyoko você chega até adiantado, Kakashi-sensei? — gritou Naruto, extremamente magoado com seu professor e só então Kakashi percebeu que tinha algo errado na cena.

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