(20)二十 NIJŪ

431 40 27
                                    

Não demorou muito para que Kyoko desse os primeiros sinais de que estava retomando a consciência, o que fez com que os dois homens se aproximassem da cama, embora nenhum estivesse deixando de monitorar a movimentação ao redor.

— Kyoko? — Yamato a chamou, estendendo a mão para que ela pegasse, a puxando com delicadeza para que ela se sentasse — Você está bem?

— Na verdade, eu estou — estranhou ela, com os dedos sobre onde devia estar um corte — Vocês cuidaram dos ferimentos? Nossa, isso que é eficiência...

— Assumimos que não é a primeira vez que isso acontece — disse Kakashi, vendo um sorriso doentio aparecer no rosto pálido da ruiva.

— Ele pediu para que vocês me vigiem, certo? — perguntou ela, se levantando da cama para analisar o estado de seu pescoço. Os hematomas escuros não sairiam dali tão cedo, então ela precisaria de um kimono que não os deixasse a vista — Eu estava contando com algo do tipo, na verdade.

— Ele nos usando ou a sessão pancadaria? — soltou Kakashi e ela percebeu a irritação em sua voz — Você não parece nem um pouco perturbada com o que aconteceu.

— É porque eu não estou — devolveu a mulher, desamarrando a fita que segurava boa parte de sua roupa no lugar — Isso não é algo que começou hoje e eu tenho um certo nojo de mim por poder dizer que já me acostumei com isso, mas é a verdade.

Kakashi caminhou até ela com passos lentos, sendo observado pelos outros dois. Como havia apenas uma peça de roupa de gola alta, o grisalho a pegou e esperou a ruiva terminar de se despir para ajudá-la a colocar a outra peça.

— O que ele te fez passar não vai ser nem perto do que ele vai sofrer em Konoha — disse Kakashi assim que soltou o tecido sob os ombros da ruiva, que riu de leve.

— Acho que você descobriu o motivo de eu não ter simplesmente perdido a cabeça — sorriu ela, respirando fundo depois de terminar de abotoar a roupa — Algum hematoma à vista?

--

As coisas estavam acontecendo com tamanha tranquilidade que Kyoko quase se permitia relaxar. Naruto e Sakura entraram na vila no dia seguinte, sem levantar quaisquer suspeitas. Kyoko não fora a responsável pela entrevista de Sakura para a admissão no hospital, mas a garota tinha tamanho talento que ela sequer cogitou que ela pudesse ser reprovada. Naruto, por sua vez, apenas fora aceito para fazer curativos e cuidar da limpeza do hospital.

Kakashi e Yamato a seguiam para cima e para baixo sem mais nenhum incidente com Akimori. Talvez não para os demais moradores da mansão, mas era nítido para eles como Kyoko se portava de forma mais delicada agora, sem se impor em decisões e deixando que Isao opinasse por ambos. Os únicos momentos em que ela parecia um pouco menos tensa e mais incisiva era quando estava no hospital, como agora.

Não que suas palavras fossem menos calculadas, mas havia um ar mais tranquilo ao redor da mulher mesmo quando tratava pacientes com ferimentos sérios.

— Ouvi o Takeshi comentar que vão aumentar a segurança nos limites da vila — uma das enfermeiras comentou, depois de entregar algumas fichas que completara para Kyoko — Sabe de alguma coisa, Akemi? Estamos em perigo de novo?

— Não tem com o que nós nos preocuparmos — garantiu Kyoko, sem tirar os olhos de seu trabalho — A situação não vai sair de controle.

— O máximo que pode acontecer é termos que contratar apoio de novo — emendou Rika, cutucando Kyoko com o cotovelo, brincalhona — Você já deve estar com saudades dos seus amigos da Akatsuki.

NINGENOnde histórias criam vida. Descubra agora