JUU ROKU

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Kyoko encontrou com Shizune no corredor um pouco depois de deixar a sala, agradecendo ao receber a chave do quarto de hotel que ocuparia em sua breve estadia, mas esse não foi o seu primeiro destino: ela foi primeiro para seu apartamento, andando para aproveitar para ver mais a vila. Já era madrugada e as ruas de Konoha estavam desertas, por isso ela não colocou sua capa de novamente, feliz por não ter que se esconder já que não havia pessoas para reconhecê-la. Os únicos olhos que a seguiam eram os das imagens dos Hokages às suas costas, como se supervisionassem seus passos. E deles Kyoko não precisava esconder nada.

Quando já estava perto de seu apartamento, a ruiva se teletransportou para dentro dele. Quando partira, não levara a chave junto e não pretendia arrombar a porta. Uma vez lá dentro, foi como voltar a ser adolescente.

Mesmo com toda a poeira, o local estava muito mais organizado do que estaria se ela tivesse morado ali os últimos anos, mas era possível ver que aquele lugar pertencia a ela: as fotos penduradas na parede de todas as pessoas que ela amava – até uma de Kakashi, que até hoje ele não sabe dizer quando e como foi tirada –; livros sobre jutsus, alguns de literatura e até mesmo um manuscrito de Jiraya dobrado de qualquer jeito em uma pequena estante perto da porta do banheiro; e suas antigas armas descansando em cima de seu travesseiro.

Se sentindo um pouco receosa, ela pegou a única kunai de três pontas em meio a tantas comuns, deixando seus dedos deslizarem pelo metal frio, tirando dele a grossa camada de poeira. Kyoko nunca gostara de usar aquele estilo de kunai, debochando de Minato sempre que podia por ele não usar o modelo padrão, mas naquele momento ela até chegou a agradecer por ele ter escolhido por aquele estilo. Só de olhar para a arma ela já se sentia protegida e, por ter a deixado em Konoha, talvez por isso ela tenha se sentido tanta solidão nos últimos anos.

Devolvendo a arma de Minato ao travesseiro, ela pegou uma de suas próprias, que eram bem mais discretas – tanto no formato quanto no local onde a fórmula do jutsu estava gravada. Ela teria caminhado muito menos se as tivesse em mãos nos últimos anos, já que costumava usar esse jutsu até para as menores distâncias. Havia selos espalhados por toda a vila, para emergências: o escritório do Hokage, centro de interrogações, seu quarto, o monte Hokage, e...

A respiração da mulher falhou.

O apartamento de Kakashi.

Minato também havia dado para o grisalho uma de suas kunais – que ele também não usava – de presente por ter se tornado jounin. Anos mais tarde, ela marcou a arma com sua própria fórmula, pedindo que ele sempre a carregasse, para caso um dia fosse preciso que ela o resgatasse. Será que ele ainda mantinha a kunai consigo ou havia a escondido em algum lugar, temendo uma aparição repentina? Não faria mal ela checar a localização, certo? Ele provavelmente devia tê-la enterrado no cemitério.

Sem aguentar a curiosidade, Kyoko fechou os olhos e viajou para aquela fórmula específica, não se sentindo em um lugar aberto ao chegar no destino, visualizando a kunai cravada em uma parede, e quis chorar.

Seu otimismo estava a fazendo escolher todas as opções erradas.

- Eu tinha certeza que você ia procurar por essa kunai – comentou uma voz arrastada às suas costas, e ela sequer se deu o trabalho de identificar o sinal de chakra, já que não poderia ser outra pessoa – Eu devia ter jogado ela longe.

- Para ser sincera, eu acreditava que você tivesse feito isso – suspirou ela, se virando para o homem que estava deitado em uma cama, com um livro de capa laranja próximo ao rosto parcialmente coberto, com seu único olho exposto passeando pelas palavras – Assim como eu também esperava não encontrar contigo até terminar a missão.

- Então você pretendia me evitar até partir novamente? – soltou ele, virando uma página e ela quis arrancar o livro de sua mão, como se aquele fosse o mais irrelevante dos assuntos – Ótimo plano.

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