PRÓLOGO

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Já era final de tarde quando Minato retornou à vila com o time de chuunin que estavam sob o seu comando, mas, mesmo cansado, ele precisava reportar os acontecidos da missão. Por isso ele planejava rumar para o escritório do Hokage, quando, ainda na área dos portões de Konoha, uma pequena criança correu em sua direção, pulando em seus braços. O desespero da criança era óbvio tanto pela força com que ela se agarrava ao homem como pelo choro desenfreado que a dominava.

- Kyoko? – ele reconheceu os cabelos alaranjados como os da filha de um antigo amigo de sua família, e isso apenas o deixou mais preocupado. Conhecia a garota desde seu nascimento e sabia muito bem que ela não era o tipo de criança chorona.

Não demorou muito e dois ANBUs aparecerem em seguida, parecendo levemente irritados. A aparição dos ninjas apenas fez o loiro acreditar ainda mais que algo estava errado.

- Garota, você some muito fácil! – ralhou um deles, se adiantando para tirar a garota de seus braços – O Hokage ainda quer te ver, Kyoko-chan.

Em resposta, ela apenas apertou mais o pescoço de Minato, parecendo incapaz de falar, já que apenas emitia soluços.

O loiro recuou um passo para não permitir que o ninja a puxasse.

- O que está acontecendo? – indagou ele, e Kyoko pareceu chorar ainda mais.

- Sandaime-sama quer vê-la – respondeu o segundo, impaciente. O tempo que eles estavam gastando para capturar apenas uma criança era humilhante, não queria demorar mais do que o necessário. Só que Minato não estava interessado nisso, queria saber o que havia acontecido enquanto ele estava fora.

- Ela é apenas uma criança. Ainda está na Academia. Por que Hokage-sama quer vê-la?

- Yasunari Hanako morreu em missão ontem à noite – contou o primeiro, e o loiro ofegou com pesar. Fazia poucos anos que ele conhecia Hanako, mas não podia negar que a perda lhe doía, ainda mais por ser a esposa de um de seus amigos mais próximos e mãe da criança em seus braços – Masaki Mitsuaky não reagiu bem a esse fato e ninguém o viu depois que recebeu a notícia, o que refletiu um pouco na criança.

Minato apertou a garota em seus braços, tentando transmitir mais segurança.

A naturalidade que eles relataram o acontecido irritou o ninja. Eles estavam lidando com uma criança de uma forma que poderia ser considerada insensível até com um adulto.

- Como ela não tem nenhum outro parente vivo, e você e Kushina estavam fora em missão, Hokage-sama iria ele próprio conversar com ela, mas não conseguíamos pegá-la.

- Talvez tenha sido pela forma que vocês estavam a abordando – repreendeu-os Minato, fuzilando-os com os olhos por cima da cabeça de Kyoko.

- Posso garantir, nós tentamos ser mais gentis e não funcionou – resmungou o segundo, escondendo as mãos nos bolsos em seguida – Informamos o Hokage que você está com ela ou você a levará até ele?

- Informe. Eu cuido dela – disse ele simplesmente, mas os dois ninjas não se moveram, que era o esperado. Ambos continuaram no mesmo lugar, e, mesmo estando de máscara, Minato tinha impressão de que eles olhavam para algo às suas costas, e essa sensação só aumentou quando ele sentiu Kyoko afrouxar o perto de seus braços, e até parar de soluçar.

Antes que o loiro conseguisse se virar, Kyoko já havia pulado de seus braços e correndo em direção a seu pai.

Mas tanto ela quanto Minato conseguiam sentir que havia algo errado.

O luto parecia ter tornado Mitsuaky outro homem. A frieza em seu olhar nunca havia sido vista por nenhum dos dois. Kyoko sequer conseguiu pular nos braços de seu pai. Parecia que havia algo no ar lhe avisando que não devia fazer isso, por isso apenas parou em sua frente, olhando para cima na expectativa se ser acolhida pelo homem.

Coisa que não aconteceu.

Mitsuaky apenas abaixou o olhar para a garota e lhe esticou a mão, que demorou um tempo considerável para ser apanhada. Assim que foi, ele passou a caminhar com passos lentos, arrastando a criança consigo, que parecia mais confusa do que nunca.

- Você precisa falar com o Hokage, Mitsuaky-san – informou um dos ANBUs, depois de alguns segundos assistindo a cena – Deixe a garota com Minato-san e nos acompanhe.

- Faço isso depois – murmurou Mitsuaky, sem parar ou olhar para trás – Agora só quero ir para casa.

- Mitsuaky – chamou-o Minato, sem saber como consolar o amigo. O homem de cabelos pretos virou minimamente o rosto para fitar o jovem ninja, diferente da criança, que parecia prestes a largar o pai e correr para o loiro.

Kyoko não estava se sentindo bem ao lado do pai. Parecia que ela estava revivendo o momento que um dos companheiros de sua mãe chegara em sua casa para informar a fatalidade. Ela queria o conforto de Minato, mas não parecia certo deixar seu pai.

- Agora não, Minato... – ofegou o homem – Eu só quero ir para casa.

A ênfase em "casa" deixou Minato congelado por vários instantes. Mitsuaky gostava de se referir à Hanako como sendo sua casa, o que era bastante comum quando um dos dois saía em missões muito longas. O peso que aquele mero detalhe causava era imenso.

Mitsuaky não tinha mais "casa" para retornar.

NINGENOnde histórias criam vida. Descubra agora