capítulo 1

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dezembro, 1987

Almira

Estou grávida de gêmeas, e como elas podem nascer a qualquer momento, preciso deixar tudo organizado. Tenho muito trabalho a fazer e ninguém pra me ajudar. Meu marido passa o dia todo no banco, então se não for eu, ninguém faz. Tentando afastar os pensamentos ruins, sento na cama e começo a dobrar a pilha de roupinhas cor de rosa na minha frente.

Não demora muito e meu marido chega, acompanhado é claro, da minha irmã mais velha Clara.

Alm: oi Marco, como foi no banco? — ignoro a mulher —

Mar: foi tudo normal, como de costume! Eu encontrei a Clara no caminho, ela me disse que estava vindo ver como você tá e me acompanhou

Alm: que ótimo! — forço um sorriso —

Cla: como você tá, irmãzinha?

Alm: tô bem, muito bem — digo irônica — era só esse o motivo da visita? 

Cla: eu também vim saber como as minhas sobrinhas estão? — tenta tocar minh barriga e eu dou um tapa em sua mão —

Alm: é melho não tocar, vai deixar elas agitadas. Elas estão ótimas, só esperando a hora de sair daqui. Agora pode ir embora, sua presença me estressa.

Marco: Almira!

Cla: deixa ela, Marquinho! São só os hormônios da gravidez, é normal!

Surto internamente por não poder levantar rápido e bater nela por causa do peso da barriga e ignoro a existência da minha irmã.

Alm: meu amor, você pode ir na farmácia comprar mais fraldas? Acho que temos poucas na gaveta

Marco: claro, amor!

Cla: eu vou acompanhar ele, já que você mal consegue andar, né? — ri —

Ela joga um beijinho e sai agarrando meu marido. Cada dia que passa ela me dá mais ódio, ela sempre quis tudo que é meu e agora se aproveita que eu tô com uma barriga enorme e mal consigo me movimentar pra se arrastar pra cima do Marco. Mas enquanto eu não posso dar uma surra nela, vou focar totalmente nas minhas meninas.

Não demorou muito e Marco chega em casa com uma sacola enorme, me fazendo rir.

Alm: tudo isso de fralda? Não acha que exagerou? — rio —

Marco: são duas bebês, ora!

Alm: certo, certo, você tem razão, agora pode guardar na gaveta pra mim? Eu preciso terminar de dobrar essas roupinhas

Marco: pode deixar, amor

Alm: a Clara não quis acompanhar você até em casa?

Marco: de novo esse ciúme besta, Almira?

Alm: aquela vaca tá se aproveitando da minha situação pra dar encima de você!

Marco: ela só tá sendo legal! Você deveria ser menos ingrata!

Alm: ingrata, eu?! Olha aqui seu... — levo uma mão a barriga —

Marco: Almira, tá tudo bem?

Alm: não é nada, é só... — acaricio minha barriga — minhas filhas estão agitadas, vou tomar um banho...

Me levanto com dificuldade e caminho até o banheiro me apoiando na parede por conta do peso da barriga.

Geminis ● Maiara e MaraisaOnde histórias criam vida. Descubra agora