Sangue Vermelho nas Mãos Dele

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Para as cinzas, para o pó
Retornar devemos
Mas ainda não
Milagres? Ainda não
Milagres são nossos para obter
Isso é um sonho em que estamos?
Sempre jogado e rasgado pelo vento
Quem poderia saber com certeza?
O relógio na sua parede
Alarme começa a chamar
Então coloque sua mão na minha
E segure-a para sempre
É hora de você escolher
Com tudo a perdeu
Você ama a felicidade ou a agonia?
Nosso tempo está desaparecendo rapidamente
O futuro logo passará
Abra seus olhos
Finalmente vereamos
Uns aos outros
Na imortalidade

(Tradução Livre de  Zu Asche, Zu Staub - Severija)

    Ben Solo olhou para as próprias mãos trêmulas manchadas de sangue vermelho e respirou profundamente sabendo que o vermelho em todos os seus tons os levaria para o fim. Rey estava inconsciente e Ben Solo segurou as mãos da mulher também manchadas de vermelho sangue em uma esperança tola de dizer adeus. Embora se sentisse pronto para partir, temia jamais reencontrar Rey. Sua vida fora devotada ao lado sombrio e seu único alívio era partir sabendo que a luz continuava acesa para os demais. Toda destruição que haviam causado chegaria ao fim.

-Não! - Gritou Atlantis que de joelhos sangrava enquanto via Ben Solo também se sacrificando com o vidro cravado na barriga.

A garota utilizou o resto da força que seu corpo possuía para se colocar de pé aproximando-se de Ben Solo e Rey. Enquanto caminhava o castelo em ruínas se destruía, chegava ao fim como o seu império vermelho de sangue. Atlantis sentia as chamas se aproximando, em meio a toda aquela confusão um incêndio se iniciou no castelo, por isso os membros da Resistência ainda não haviam encontrado a sala principal.

Ela podia sentir que todos buscavam por Rey.

A Jedi era uma heroína rebelde e Ben Solo era a outra metade dela. Duas partes que são, afinal, apenas uma.

Se Rey merecia viver significava também que Ben Solo merecia viver.

Ambos agora morriam diante de Atlantis  em um sacrifício que demonstrava total arrependimento. Arrependidos por jogarem com a vida e a morte, por traírem a luz, por acreditarem na escuridão.

-Me perdoe Ben, me perdoe Rey - Disse Atlantis segurando a mão de ambos que deitados lado a lado morriam vagarosamente com a perda de sangue.

-Pedimos seu perdão também Atlantis - Disse Ben ainda consciente fazendo Atlantis se aproximar ainda mais do homem que agora estirado no chão ao lado de Rey já não parecia tão grande - Nunca deveríamos ter feito o que fizemos, nunca descobrimos porque despertou ou de onde veio... Sinto muito.

Atlantis com o corpo trêmulo segurou mais fortemente a mão de Ben Solo e mostrou a resposta que ele buscou mas nunca expressou antes com palavras. A visão pelos olhos de Atlantis era de como a garota despertava pela primeira vez:  uma criatura criada da própria força como uma menina que se materializa sob a magia do lado sombrio. Sem passado, sem presente, sem futuro. Criada pelo lado sombrio, gerada do nada para trazer o nada. Por séculos Atlantis adormeceu naquele templo, até que um dia foi encontrada pelos Cavaleiros de Ren que desejavam trair o próprio mestre e vencer a batalha contra a Resistência. A garota foi retirada de seu sono, mas antes que os Cavaleiros de Ren pudessem tomar o poder da garota e escravizá-la, uma heroína surgiu e salvou Atlantis. Leia Organa chegou ao fim do ritual usado para despertar Atlantis, ajudou a garota a partir, mas o preço a ser pago foi grande demais.

A General pagou com a própria vida para que Atlantis escapasse. Todo o resto da história Ben Solo conhecia.

-Minha mãe sabia que uma criança da força sempre merece ser salva - Disse Ben Solo com a voz fraca. - Eu lamento muito que não pude salvá-la, Rey também lamenta.

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