O Pensamento dele era Vermelho

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E ele chora e chora
eu sei que ele sabe que
ele está me matando por misericórdia
E aqui eu vou
Ele segura meu corpo em seus braços
Ele não quis fazer nenhum mal
E ele chora e chora
Oh, ele fez tudo isso para me poupar das
coisas terríveis na vida que vêm
E chora e cheira
Cinco, quatro, três, dois, um
A arma se foi e eu também
E aqui eu vou

​(Tradução livre de Murder Song - Canção do Assassinato - versão acústica por Aurora) 

DOIS ANOS ANTES

Algumas crianças nascem com a tragédia em suas veias. Isso era tudo que importava.

Rey estava no local indicado pelo mapa enviado por Kylo Ren, havia utilizado uma nave individual para chegar até o planeta longínquo e pousou em um vilarejo montanhoso a beira do mar aparentemente deserto. A paisagem era otimista: céu extremamente azul, mar calmo, vento forte, areias cristalinas e o vilarejo extenso nas proximidades da praia permanecia absolutamente deserto. O local parecia conter vida, já que tudo ainda parecia em movimento recém abandonado; era afinal um paradoxo o modo pelo qual o silencio ecoava como se a morte tivesse se instaurado com um suspiro.

Nada fora do lugar, tudo perfeitamente vivo e ainda assim nenhum ser respirando.

A garota de Jakku temia profundamente o que estava por vir. Temia não apenas que Kylo Ren tivesse feito uma armadilha cruel para captura-la, como também temia algo muito mais primitivo: Atlantis permanecer em absoluta dor e tormenta. Foi então que no final da vila e a beira da praia Rey pôde avistar não muito longe a figura de Kylo Ren. Ele estava de pé, observava o horizonte distante e ao perceber a presença de Rey a fitou como em um chamado. Rey segurou o bastão que carregava e caminhou até o lado do Cavaleiro de Ren subindo a leve inclinação com alguma confiança. Ainda não se parecia com uma armadilha.

-Obrigada por vir - Disse Kylo Ren assim que a garota se colocou ao seu lado - Foi difícil convence-la a vir e temi que desistiria.

-Estamos em guerra, estamos lutando em lados contrários - Assinalou Rey com um suspiro - Por que me chamou?

-Atlantis sente sua falta - Assegurou ele escolhendo as palavras com cautela. - Faz quase um ano desde o incidente...ela sente sua falta.

-Ela pediu para morrer naquele dia, era o que ela desejava. - A voz de Rey era um sussurro - Eu sei que a manteve viva, foi a decisão certa.

Rey podia ver Atlantis quase no final da extensa praia caminhando pela areia e brincando com o mar. Parecia uma criança feliz, ainda que a distancia parecesse grande demais para que pudesse ter absoluta certeza. Kylo Ren havia lutado por ela, assegurado que ela afinal sobreviveria. Ele sempre conseguia tudo que desejava.

-Eu cometi um erro - A voz de Kylo Ren era sombria e cheia de um pesar indefinível.

-Ela está bem...ela está viva e feliz. Isso não pode ser um erro - Respondeu Rey quase chocada.

-Eu a ensinei a controlar a dor, eu usei a força para aplacar os gritos dela...eu a acolhi e a mantive dias e dias por perto até que ela pudesse suportar um só minuto sem precisar gritar e eu levei meses para que ela pudesse ficar de pé, conversar e parecer viva mesmo que estivesse suportando uma dor cruel dentro dela - Declarou Kylo Ren com a voz cheia de peso e desolação.

-Ben... - Rey não sabia o que dizer, mas se aproximou um pouco.

-Ela está sofrendo e ela está causando destruição - Disse ele fechando os olhos como se cada palavra fosse uma sentença.

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