Que ótima hora pra encontrar minha mãe.
E pelo visto ela também tinha me visto, já que começou a andar em direção ao ambiente em que eu estava. Me levantei a fim de evitar um confronto direto com a pessoa que me pariu. Mas não fui rápida o suficiente já que senti um puxão no meu braço esquerdo.
-Que lindo, esperou seu papai morrer para gastar toda a herança dele foi Cecília?
Eu honestamente não acreditava no que estava acontecendo, puxei meu braço de volta para o meu corpo na tentativa de pôr um fim nesse encontro indesejado.
-Era só o que me faltava.
Me virei de costas em uma outra tentativa falha de me afastar dessa mulher, olhei ao redor da loja procurando Mariana, mas não a achei em lugar nenhum.
-Minha vida teria sido bem mais fácil se você nunca tivesse nascido.
Eu congelei ao ouvir aquelas palavras, eu sabia muito bem que Vitória nunca exerceu papel de mãe, sempre soube a minha vida toda que essa mulher jamais nutriu algum sentimento maternal por mim, ela apenas me cuspiu no mundo.
E eu nunca tinha me sentido amada até os meus dois anos de idade quando felizmente ela me apresentou Pedro, o primeiro a me mostrar qualquer sombra de amor.
Senti as lágrimas se formando em meus olhos.
-Você acha? - Me virei em sua direção de novo.
- Você acha que só a sua vida seria mais fácil Vitória?? Eu não pedi pra nascer, e a única coisa boa da minha vida foi Pedro, graças à ELE eu sou alguma coisa hoje, então não venha tirar satisfação comigo , você não tem esse direito.Senti mais que vi uma presença ruiva do meu lado.
-Vem Ceci.
Minha amiga me virou novamente na direção oposta a ela, mas pude escutar de novo sua voz .
-Deveria ter te abandonado quando tive a chance.
Mas dessa vez foi Mariana.
Mariana quem disse:
-Vai se foder Vitória, aliás você sabe bem como fazer.
Eu sinceramente não a culpo de como ela se sente em relação a mim. Tudo aconteceu quando ela ainda era muito nova, acho que ela tinha quinze anos quando me teve, e dezenove quando conheceu um cara de trinta e oito anos.
Eu me apeguei muito rápido a ele, mas quando eu tinha seis anos eles já não se viam mais, e ela literalmente me largou nas mãos de Pedro que também não tinha família e me deu de tudo, inclusive seu sobrenome.
-Você tá bem Ceci?
-Tô legal - Limpei as lágrimas que insistiam em escorrer pelo meu rosto
-Preciso de um ar!
-É claro que precisa.
Esperei minha amiga pagar pelo vestidinho amarelo que ela escolheu, e finalmente saímos da loja.
-Tá com fome Ceci?
Pra ser honesta eu estava morrendo de fome, o suco de laranja já não estava me sustentando.
-Um pouco e você?
-Tô com fome também, seu restaurante favorito fica aqui...
-Eu sei disso.
Eu admiro muito esse esforço que a Mariana tá fazendo, no fundo eu sei que ela está cuidando de mim. Me fazendo comer, me tirando daquele apartamento e me fazendo tomar um ar, e tenho que admitir que isso me fez bem.
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Amigos que se beijam
RandomCecilia (Quase) sempre foi uma daddy girl, mas um acontecimento mudou isso pra sempre na vida dela. Agora ela tem que lidar com seus próprios sentimentos confusos . Conto inspirado na banda Chase Atlantic, recomendo a leitura com as musicas indicada...