Recomendo altamente a leitura desse capítulo escutando a música acima, boa leitura!!
Não consigo respirar, levo minhas mãos até o pescoço na tentativa de acalmar minha hiperventilação, o que não dá nada certo. Me levanto com dificuldade e vou em direção ao banheiro, consigo chegar até a pia já sei esse caminho muito bem.
Lavo o rosto umas três ou quatro vezes e me permito olhar no espelho e honestamente não reconheço essa pessoa refletida à minha frente, e consigo ver olheiras fundas o suficiente para se igualar a um panda.
Suspiro profundamente tentando tirar todo o ar dos meus pulmões para encher com oxigênio novo e saio do banheiro. Novamente no meu quarto, olho as horas e o relógio marca 01h10. Honestamente não quero voltar a dormir sozinha, quero deixar meu orgulho de lado.
Preciso deixar essa merda de orgulho de lado.
Fiquei encarando a tela do celular um bom tempo antes de tomar aquele resquício de coragem.
Na verdade, não foi coragem, foi impulso.
No terceiro toque ele atendeu.
"Cecilia?" - sua voz era de sono
"Vitor" - minha voz saiu bem mais baixa do que eu queria.
"Aconteceu alguma coisa?"
"Não quero dormir sozinha..."
Dei uma pausa maior do que necessária.
"Será que?"
"Vou precisar do seu endereço de novo"- escutei barulho de chaves ao fundo."Obrigada" - Meu agradecimento não passou de um sussurro.
Ele desligou e então eu mandei meu endereço por mensagem. Coloquei uma blusa que batia um pouco acima do joelho.
Dezesseis minutos depois o porteiro me interfonou dizendo que tinha alguém querendo entrar.
Dois minutos depois, na minha porta, eu estava de frente para ele. Meu coração parecia saltar do peito.
- Você realmente veio.
Ele deu de ombros, ainda parado no batente da porta esperando algum tipo de reação minha.
-Você me ligou.
Dei passagem pra ele entrar no apartamento, assim que ele entrou colocou uma sacola no chão que até então eu não tinha percebido.
- Eu tive um pesadelo.
Observei ele se virando, esperando que eu continuasse a falar.
- Eu não lembro todos detalhes, mas lembro da sensação e de ver você.
Com passos lentos ele caminhou de volta à porta onde eu estava.
- Você estava morto Cavalcante!Escutei ele estalando a língua, e logo depois senti seus braços me envolvendo.
-Eu estou aqui, na sua frente em carne e osso.
Fechei os olhos que insistiam em lacrimejar e me agarrei ao seu tronco com medo de ser outro sonho.Pouco tempo depois ele me afastou pelos ombros e olhou diretamente nos meus olhos, e pude observar um corte em seu supercílio e em seu lábio inferior que não estavam na manhã de ontem.
- Você pode me afastar o quanto quiser, mas eu não vou mais sair do seu lado.
Foi o olhar mais intenso que recebi, eu apenas concordei com a cabeça
- Vou te preparar alguma coisa pra comer, sei que você não anda se alimentando direito.
Me encostei no balcão conseguindo uma bela vista de toda sua movimentação enquanto ele voltava sua atenção para a sacola.Podia não ser o melhor momento, mas se não for agora, quando?
- Vitor?
Pude escutar um "hm" saindo de sua boca enquanto ele ainda tirava as coisas da sacola.
- O que a gente é?
- Como assim?
Pude escutar o sorriso em sua voz.
- Vai me dizer que eu sou a única que se sente uma bagunça!Ele virou o corpo apoiando os braços na bancada, diminuindo o espaço que havia entre a gente.
- Somos amigos.
Seu olhar intercalava entre meus olhos e meus lábios, e senti meu corpo tendo uma leve reação.
- Isso não faz o menor sentido, e nem você acredita no que acabou de dizer, acredita?
- Não, não acredito.
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Amigos que se beijam
RandomCecilia (Quase) sempre foi uma daddy girl, mas um acontecimento mudou isso pra sempre na vida dela. Agora ela tem que lidar com seus próprios sentimentos confusos . Conto inspirado na banda Chase Atlantic, recomendo a leitura com as musicas indicada...