Humilhação é sério isso?
Desde quando é humilhante pedir ajuda? Ainda mais pra uma amiga.
Pra melhor amiga cacete!
Fiquei com esse pensamento o dia inteiro, inclusive me atrapalhou quando eu precisei auxiliar no desenho de um novo projeto na empresa em que eu estágio.
Mas pensando bem, eu tenho certeza que no lugar dele eu também não pediria ajuda.
No meio desse pensamento eu recebi uma mensagem de Gabriela, ela me manda uma mensagem por semana desde que eu parei de ir aos treinos de luta. Dessa vez eu respondi dizendo que iria voltar a treinar porque tinha uma maldita voz na minha cabeça repetindo
"você precisa viver".
Obrigada Mariana.
Sai da empresa por volta das 18h30, com uma enorme dor de cabeça de ficar escutando o dia todo "sinto muito", fora os burburinhos das pessoas que pelo que eu escutei estavam com pena. Odeio isso.
Assim que cheguei na calçada do edifício, coloquei meus fones de ouvido estourando minha música favorita, não era perigoso o caminho da empresa até a minha casa dava uns dez ou quinze minutos tranquilo e ainda por cima era horário de pico.
Mas, quando comecei a andar eu senti algo diferente, aquela sensação de que tinha alguém te observando. Acabei por esbarrar em alguém, só conseguir ver que era mulher e a cor dos cabelos pretos e trançados, murmurei um pedido de desculpas.
Tirei os fones e os guardei de volta na bolsa, olhando ao redor não vi nada de incomum, só que aquela sensação me seguiu até eu chegar em casa, acho que preciso de um tempo.
De volta ao quarto procuro na minha calça jogada no canto um beck que eu sabia que tinha, mais especificamente no bolso direito, junto a um pedaço de papel amassado e esquecido aproveito e busco também pelo isqueiro.
Senti a fumaça queimar minha garganta e encher meu peito, me agarrei a ela como se fosse o último fio de vida que me restava e a soltei bem devagar, com medo dela escapar rápido demais pelas minhas narinas.
Preciso de um banho.
Arranco minhas roupas que começaram a parecer uma segunda camada de pele grudenta na minha derme, parece que finalmente consigo respirar, me dirijo até o banheiro e passo direto pelo espelho, ligo o chuveiro na água gelada.
Enquanto eu estou no banho, eu não sei por que mas é quase inevitável não pensar no Vitor, e no que a gente era ou é, a esse ponto eu nem sei mais.
"Todos nós temos problema ceci".
Deveria perdoar e esquecer essa história de um mês pra lá, afinal de contas querendo ou não ele sempre esteve do meu lado é clichê eu sei, mas é a verdade e se eu não perdoá-lo agora eu posso me arrepender no futuro.
Né?
Encaro minhas mãos, vejo ruguinhas nas pontas dos meus dedos. Se passou um bom tempo desde que entrei no banho, por outro lado me sinto relaxada, a ponto dos meus olhos estarem pesados, balanço a cabeça e coloco um ponto final nos meus pensamentos me enrolando na toalha.
Coloco minha roupa íntima mais confortável que acho no fundo da gaveta, vou até minha cama e me sento com alguns desenhos e planilhas para revisar. Sinto meus olhos pesados de novo.
Eu quero dormir.
Eu deveria dormir.
Não sinto minhas pernas
Não sinto minhas pernas,
Não sinto minhas pernas.
Olho para os lados, não sei onde eu estou só vejo água, uma imensidão azul sem começo e sem fim.
Um barco, eu estou em um barco!
Sinto o mesmo se mexer, vejo uma silhueta sorrindo pra mim porém não sei o que é, ela continua sorrindo, só que agora de forma muito mais asquerosa
malditos sorrisos, malditos sorrisos
A figura me empurrou na água, não sinto minhas pernas, não posso nadar.
Tento gritar mas meus pulmões se enchem de água. .
Sinto meu peito esquentar. Meus pulmões estão queimando.
Tento lutar contra a água apenas com os braços, não consigo, não tenho forças. Tenho a certeza de que vou morrer, fecho os olhos e desisto.Mas alguma coisa me faz abrir de novo, logo me deparo com o que: um corpo pútrido na minha frente, demoro a reconhecer quem é mas veio como um baque na minha mente.
É Vitor, e ele está sorrindo.
Capítulo curtinho eu sei!
Mas tenho que admitir que gosto bastante deste.
Enfim, não esqueçam de salvar a história na biblioteca pra receberem as notificações
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Amigos que se beijam
RandomCecilia (Quase) sempre foi uma daddy girl, mas um acontecimento mudou isso pra sempre na vida dela. Agora ela tem que lidar com seus próprios sentimentos confusos . Conto inspirado na banda Chase Atlantic, recomendo a leitura com as musicas indicada...