De repente vi um capacete no canto perto da porta.
-Só tem um.
-Espertinha, tem um outro lá embaixo.Me rendi.
-Se alguma coisa acontecer comigo...
-Para de drama Cecília- Ele disse caminhando em direção a porta.
-Um doce de pessoa né Vitor- Eu posso ter rolado os olhos.
-Sempre princesa.É bom ver que algumas coisas não mudam.
Tranquei a porta do apartamento e descemos.
-Não tem chance de eu subir nesse monstro.
Era uma moto bem bonita na real, não que eu entenda de motos ou algo do tipo, mas ela sendo alta e preta já configura beleza pra mim.
-Anda Lagos.- Senti um capacete em meus braços.
Fiz outra oração em silêncio para alguém me ajudar, qualquer um servia, sério.
Subi na moto, tentei segurar naqueles apoios laterais, mas na primeira acelerada que ele deu, eu agarrei sua cintura. Algo me diz que ele estava se aproveitando da situação, pois tenho certeza de que ouvi uma risadinha irritante.
Se passaram vinte minutos, até que finalmente chegamos no escritório, dava pra saber de longe já que estava estampada "Thiago Cavalcanti Advocacia".
-Nenhuma palavra sobre os últimos minutos.
Ele deu um maldito sorrisinho de lado e que maldito sorrisinho. Quando pisei na calçada do escritório parece que a realidade voltou com tudo. Meu amigo colocou a mão em meu ombro e me guiou para dentro do escritório, assim que entramos vimos a secretaria avisar que estávamos aqui.
-Cecília, que bom te ver querida!- Ouvi meu nome sendo chamado pelo homem que saiu de uma porta à esquerda.
Não ia muito com a cara dele, principalmente pelo rosto do Vitor.
-Sr.Cavalcanti- Disse apertando sua mão.-Queria lhe fazer umas perguntas.
-Claro, minha sala, por favor.Segurar a mão do que estava comigo, foi impossível de evitar. Entrei em sua sala, Vitor do meu lado, Thiago a nossa frente.
-É sobre meu pai, ontem foi me entregue essa carta, queria saber a veracidade da mesma.
O homem diante de mim passou a mão pelo rosto, e disse com a casualidade mais fria que já vi.
-Apenas entreguei a carta, mas não vejo porque ele mentiria.
-Entregar não seria bem a palavra pai.
-Aparentemente ele passou a vida toda mentindo.Senti um aperto na minha mão.
-Acredito que Vitória vai saber te informar melhor do que eu Cecília.- Suspirei, uma, duas, três vezes.
-Muito obrigada pelo seu precioso tempo.
Ele apenas assentiu e deu um aceno em direção a porta.
-E agora, o que vamos fazer?
Escutei assim que pisamos do lado de fora do lugar.
-Vou mandar mensagem pra Vitória, não que ela vá me responder, mas não custa tentar.
-Certo.
Vi ele se sentando na moto, poucos minutos depois que mandei a mensagem ela me retornou, posso ter soltado uma risada.
-Que foi?
-Ela aceitou. Na mesma hora ela me mandou um endereço.
-Anda vão bora.
-Você não precisa ir lá comigo.
-Não vou chamar duas vezes- Maldito sorrisinho
-Obrigada- dei um leve beijo em sua bochecha.
O restaurante não era tão longe assim, chegamos em sete minutos.
-Bom que a gente já come alguma coisa, tô morrendo de fome.- foi a primeira coisa que eu escutei assim que a moto foi desligada.
E a primeira coisa que vi assim que entrei no restaurante foi ela.
-Obrigada por vim Vitória.
-Que seja, o que você quer?- Vitor chegou ao meu lado.
-Pedro me deixou uma carta dizendo que eu realmente era sua filh...
-Finalmente descobriu a verdade- Ela disse rindo.
-Rindo.
-Sério, Cecília? Achou mesmo que alguém nesse mundo ia pegar uma criança assim sem mais nem menos? Que estupidez a sua.
Acho que comecei a lacrimejar, senti seus dedos entrelaçarem os meus por debaixo da mesa.
-Então por que você me odeia tanto? Eu sou sua sobrinha- Sei como eu soei patética.
-Eu te odeio. Te odeio, porque você matou minha irmã, minha melhor amiga- Um tapa na mesa.
-VIOLA SÓ MORREU, POIS DEU A LUZ VOCÊ.
Ela se retirou da mesa com muito mais raiva do que eu já vi.
Eu nem tinha mais forças pra chorar, mas parando pra pensar minha vida toda foi uma mentira.
-Tá bem?
-Não, nem um pouco, quero ir pra casa...
-Vem, eu te levo.
Ele segurou minha mão de forma tão leve, que acho que estava com medo de me quebrar.
Mais do que eu já estava
Dessa vez eu não fiz drama para subir na moto, apenas me agarrei a uma das únicas coisas que me restaram.
🌸🌸🌸
Outro dia, outro capítulo.
Não esqueçam da estrelinha que deixa a tia aqui muito feliz.
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Amigos que se beijam
RandomCecilia (Quase) sempre foi uma daddy girl, mas um acontecimento mudou isso pra sempre na vida dela. Agora ela tem que lidar com seus próprios sentimentos confusos . Conto inspirado na banda Chase Atlantic, recomendo a leitura com as musicas indicada...