Parte 4

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Pov. Porsche

A primeira vez que eu recebi um abraço do meu filho foi no dia que ele se tornou legalmente meu filho e eu achei que meu coração fosse explodir de tão alto e forte que ele bateu por eu enfim sentir o seu cheirinho tão de perto.

Prapai morava conosco a meses e o máximo que ele me permitia era segurar a sua mão em momentos muito específicos. Por exemplo, quando saíamos apenas nós dois de casa para fazer compras e ele grudava na minha mão e olhava ao redor como se quisesse esfaquear qualquer um que tentasse se aproximar de nós. Mas, após o primeiro abraço, que eu pouco me importei de tê-lo reclamando pelo tempo que durou, Kinn e eu conseguimos um acordo com ele: um abraço por aniversário, um no natal e todos os que ele quisesse nos dar em qualquer momento de escolha dele.

Seu passado de abusos não lhe permitia se entregar ao carinho de ninguém, então essa foi a melhor solução que encontramos naquele momento e, ao menos, ele não discordou.

Então, nossos aniversários foram muito bem aproveitados, é claro, eu nunca dispensei o meu abraço em qualquer um e sempre aproveitei o máximo que eu pude nos natais também, mas, os únicos momentos fora esses que ele escolheu, no entanto, foram os dias das suas formaturas do colégio e faculdade e quando ele se mudou para fazer o seu doutorado na Inglaterra.

Foram anos difíceis tendo meu filho tão longe de mim e vendo-o apenas no seu período de férias das suas férias, já que ele nunca voltava para casa porque queria adiantar matérias durante as férias e Kinn e eu que tínhamos que viajar para ficar um tempo com ele.

Mas estudar incansavelmente deu o seu resultado e hoje Prapai estava finalmente livre para voltar a morar conosco e se dedicar apenas ao trabalho. E, aparentemente, a esse menino desconhecido que ele resolveu trazer para casa também.

Os ciúmes de Kinn não eram totalmente incoerentes com essa situação que nenhum de nós dois esperava vivenciar tão repentinamente, afinal, nesses quinze anos que Prapai tem sido nosso filho, ele nunca se dedicou a alguém assim.

Passar a noite em claro, cuidando de alguém? Sair correndo para tentar acalmá-lo no primeiro sinal de que havia algo errado?

Nem mesmo quando Syn era um bebê e Prapai tomou para si a função de não deixar o Vegas estragar a criança, ele se comportou assim, afinal, no momento que a criança começava a querer chorar ou abraçar demais, Prapai o devolvia para os pais.

Então era muito estranho, mas, de alguma forma, eu gostei de ver que depois de todos esses anos Prapai resolveu se importar com alguém o suficiente para deixar suas reservas de lado para estar ao lado dele.

Se eu preferia que meu filho se abrisse para mim ao invés de um qualquer que ele acabou de conhecer? É claro. Mas se esse menino de alguma forma mexeu com os sentimentos do meu filho o suficiente para eu receber um abraço voluntário em um dia que não era comemorativo e sem nenhum aviso prévio, então eu estava disposto a ver como tudo isso se desenvolveria.

O que não poderia ser dito do meu marido ciumento que ainda olhava a porta do nosso quarto, por onde nosso filho tinha acabado de sair, com Arm seguindo-o de perto.

- Sério, Kinn? Irmão?

Meu marido olhou para mim e suspirou guardando o seu novo spray de água que comprou especificamente para encontrar nosso filho hoje. Então ele se recostou no sofá e fechou os olhos para falar bobagens como sempre.

- O que importa aqui é que você autorizou o meu filho a trazer um garoto estranho para dentro da minha casa sem falar a respeito comigo.

- Seu filho e sua casa?

KinnPorsche e o não namorado do PrapaiOnde histórias criam vida. Descubra agora