Parte 5

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Pov. Prapai

Eu não sabia absolutamente nada sobre esse garoto. Ou melhor, eu sabia que ele havia sido abusado por alguém que eu mataria na primeira oportunidade, mas, fora isso, eu não sabia nada. Mas ele tinha alguma coisa... Algo que me tirava toda e qualquer capacidade de resistência e me prendia a ele.

Foram três dias que eu mal saí do meu quarto. Três dias sem dormir ou comer direito. Eu mal vi os meus pais ou respondi as milhares de ligações e mensagens de Hana sobre o trabalho me esperando. Nenhuma daquelas que já haviam sido as coisas mais importantes na minha vida conseguiu me tirar do lado do meu menino e, por mais difícil que fosse aceitar essa mudança repentina, eu não podia negar que estava adorando a sensação de cuidar assim de alguém.

Alguém que precisava de mim de tal forma que conseguia sentir quando eu me afastava demais e começava a chamar por mim, mesmo estando dormindo.

- Não escutei sons de choro, mas ele começou a chamar pelo senhor agora a pouco. - o segurança que eu deixei na porta me avisou assim que eu saí do elevador e entrei no corredor dos quartos.

- Tudo bem. Agora saia.

Entrei no quarto e encontrei meu menino agarrado ao meu travesseiro e ele era a coisa mais fofa com aquele bico do tamanho do mundo, mesmo morto de sono. Tirei meu calçado e troquei a calça por shorts e então sentei na cama ao lado dele. Agarrei o travesseiro que ele abraçava e o coloquei no lugar original, então deitei ao lado dele e passei a mão no seu ombro pra ele saber que eu estava ali. Fui imediatamente abraçado então.

- Humph.

- Eu sei, mas eu estava faminto. Aposto que você estará assim também quando finalmente acordar sem febre amanhã. - beijei sua testa morna e inspirei o seu cheiro completamente satisfeito. - Você já está melhor, meu menino. Mal posso esperar para te ver acordado amanhã e poder enfim conversar com você.

Afinal a febre havia ido quase totalmente embora, mas os remédios eram fortes e ainda o deixavam grogue. Ele estaria melhor pela manhã, eu tinha certeza. Então, além de perguntar o que havia acontecido, eu poderia enfim saber seu nome e se ele tinha uma idade apropriada para o que os meus pensamentos redirecionavam sempre que eu ficava tão perto dele.

O toque do celular me acordou muito cedo e eu poderia ter mandado a pessoa no outro lado para o inferno, mas, era bom acordar antes do meu menino ou ele poderia enlouquecer ao se encontrar abraçado a alguém que ele nunca tinha visto na vida e em um lugar desconhecido.

Outro motivo é que era meu filho no telefone.

- Bom dia, Yangmei. - beijei a testa fria do meu menino e levantei da cama com o celular no ouvido. - Tudo bem com você? Como foi de viagem? Pensei que estariam em casa ontem.

- O voo atrasou e só chegamos em casa agora a pouco, mas, eu mal cheguei e já soube que você trouxe outro garoto para casa.

- Qual deles te ligou?

- Khao acabou de repassar todas as informações. Onde achou o garoto? É um bebê de novo?

Olhei para o meu menino dormindo calmante na minha cama, agarrado ao meu travesseiro e suspirei. Não. Não era um bebê e, esperançosamente, também não seria uma quase criança.

- Não é um bebê. Ele deve ter mais ou menos a sua idade, de preferência mais velho.

- Suspeito.

- O que?

- Você. Cuidando de um homem quase adulto. Por vontade própria. E eu acabei de escutar esperança na sua voz?

KinnPorsche e o não namorado do PrapaiOnde histórias criam vida. Descubra agora