Prólogo

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POV Prapai

Quando eu tinha treze anos, achava que o meu destino seria levar aquela vida miserável, cheia de brigas e discussões pelo resto da minha vida. Mesmo assim, eu me recusava a viver sem lutar. Eu havia me resignado, sim, a viver aquela vida maldita, por enquanto, mas eu nunca seria derrubado por ela. Mesmo que isso me custasse alguns cortes e muitos roxos pelo corpo.

Minha mãe, que era a única pessoa no mundo que eu amava, sempre me dizia para ser forte e nunca desistir, mesmo quando eu era tão fraco que seria incapaz de defendê-la. Ela também dizia que um dia eu iria crescer e poderia sair daquela casa.

Mas não era por isso que eu tentava aprender alguma luta com os idiotas da nossa rua que mais me batiam do que ensinavam, era para bater de volta naquele filho da puta e, no fim, quando aquele dia fatídico chegou, eu consegui enfim devolver os socos que ela recebia. Mas como eu não era forte ou rápido o suficiente, eu apanhei até estar no chão sangrando.

Quando eu acordei, depois de um possível desmaio causado pelas pancadas na cabeça, eu me arrastei pelo chão da cozinha com o braço não quebrado, engolindo aquela dor quase sufocante, e chorei desesperadamente agarrado ao corpo sem vida da minha mãe.

Eu não me lembro de como eu saí dali ou de onde eu tirei forças para caminhar por aquele caminho tão longo, mas, eu sequer me importava de sentir dor ou que estivesse chovendo. Em algum momento, eu encontrei esse homem moreno e muito alto fumando um cigarro enquanto se escondia da chuva embaixo do toldo do restaurante aonde aquele desgraçado trabalhava.

O moreno jogou o cigarro no chão e se aproximou de mim quando me viu, sequer dando uma segunda olhada para a faca que ele facilmente tirou da minha mão e jogou de lado, enquanto eu mantinha meus olhos no desgraçado rindo feliz através das janelas de vidro.

- Como pode?

Aquele desgraçado matou a minha mãe e me deixou sangrando ao lado dela para morrer e simplesmente veio trabalhar como se nada tivesse acontecido?

- Como ele pode?

- O que aconteceu com você?

O moreno me fez lembrar da sua existência e da minha dor ao encostar no meu braço, o que me fez cair no chão, urrando de dor.

- Porra. Ok. Se acalma.

- Não encosta em mim!

- Tudo bem, tudo bem. Escuta, eu me chamo Porsche, ok? Eu prometo que não quero te machucar. Só me deixe ver o seu braço, está bem?

- Não encosta em mim.. porra, caralho..

Eu esqueci que essa merda de braço está quebrado e tentei levantar para afastá-lo, mas só me fodi e rolei de dor no chão. Porra. Essa merda dói pra caralho.

- Escuta, menino, me deixa te levar para um hospital pelo menos. Lá eles vão cuidar de você.

- Eu estou bem. Me deixa em paz.

- Voce está literalmente rolando de dor no chão e seu braço está numa posição muito errada para estar bem.

- E o que você tem haver com isso?

- Eu estou preocupado com você. Por favor, me deixe te ajudar. Eu nem vou tocar em você, se você não quiser. Só venha até o meu carro e eu te levo até o hospital. Juro que não farei nada com você.

Talvez eu nunca tenha visto um olhar preocupado que não fosse o da minha mãe, mas, ele me parecia falar a verdade. Porsche aparentemente era gentil, mas a gentileza daquele homem já havia me enganado antes e agora eu não tinha mais a minha mãe.

KinnPorsche e o não namorado do PrapaiOnde histórias criam vida. Descubra agora