Parte 15

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Pov. Sky

Louco.

Prapai Theerapanyakul era completamente louco. 

Não que eu tenha percebido isso no dia que nos conhecemos, mas, para falar a verdade, eu mal conseguia lembrar de muita coisa daquela noite.

Sim, eu me lembro de sair para fazer compras antes que acabasse pegando uma infecção de tanto consumir a comida do restaurante que eu trabalhava. E eu me lembro de falar com o atendente muito simpático que já estava acostumado a me ver chegar com a minha bicicleta para comprar naquele mercado a quilômetros da minha casa só porque ele vendia coisas muito boas e bem mais baratas que muitos mercados por aí.

E, claro, eu me lembro de ser assaltado por aquela dupla de idiotas violentos.

No início eu não dei importância para a existência deles porque estava acostumado a passar naquela rua e vê-los por ali apenas conversando e não mostrando qualquer sinal de reconhecimento em relação a mim. Mas eu me provei errado quando um deles puxou a minha bicicleta por trás e eu caí.

Acabei ralando algumas partes do meu corpo na queda, mas não levei muito tempo para levantar e exigir as minhas coisas. No entanto eles estavam armados com facas e, por mais que aquela bicicleta me fosse muito útil, ela não serviria de nada se eu estivesse morto.

Então eu corri.

Infelizmente eles não se contentaram com o que já tinham em mãos e decidiram me seguir, mas, ao que tudo indicava, por qualquer que fosse o motivo, eles eram muito lerdos.

Não que eu fosse super rápido, afinal, se eu ainda não me tornei um sedentário total, é graças a minha agora ex-bicicleta. E também tinha o detalhe de eu estar de chinelos. Mas eles ainda eram mais lentos do que eu, o que me dava uma boa vantagem.

Até que começou a chover.

Forte.

E eu caí mais uma vez.

Mas levantei e continuei a correr, agora sem os chinelos, pois aqueles insistentes continuavam a vir atrás de mim por nenhum motivo que não fosse abrir alguns buracos no meu corpo. Afinal eu não tinha mais nada, levando em conta que a minha bolsa de dinheiro e o celular estavam nas sacolas junto com as compras e esses idiotas sequer tocaram nelas ou na bicicleta, que, convenhamos, seria mais prática na hora de me perseguir, e, por isso, eles foram batizados como idiotas violentos.

E então faltou luz, mas, antes que eu começasse a amaldiçoar quem quer que fosse o responsável pela minha completa falta de sorte ou parasse de correr antes que batesse de frente com um poste ou um carro, eu dei de cara com um muro de sebes.

Doeu. E provavelmente arranhou a minha bochecha, pela ardência que eu senti, mas, enquanto andava com a mão na sebe, procurando o fim disso, eu pensei ter tido a sorte mudada, pois acabei encontrando uma pequena falha que permitiria que eu encaixasse o meu corpo ali dentro e assim eu fiz.

Foi quando eu finalmente percebi que meus músculos estavam queimando, tremendo e ameaçando se fundir às poças d'água em baixo de mim. Então, aproveitando da relativa segurança oferecida pela falta de luz e aquele muro de sebe, que era nada mais que finos galhos entrelaçados, mas surpreendentemente rígidos, eu me apoiei neles e tentei recuperar o fôlego e acalmar o meu coração que implorava por descanso depois de eu ter corrido em meia hora tudo o que não corri a minha vida inteira.

Mas a luz enfim voltou.

E a sorte que eu pensei ter recuperado se foi junto com a escuridão, pois, eu mal dei cinco passos no que parecia ser um longo caminho de pedra do outro lado do muro de sebe, quando um clarão atingiu meus olhos e eu dei um passo para trás e acabei caindo mais uma vez.

KinnPorsche e o não namorado do PrapaiOnde histórias criam vida. Descubra agora