CAPÍTULO IV

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"Desconheço um amor tão covarde.''
- Amor Covarde, Jorge e Matheus.


Notas iniciais:
oi gente! capítulo mais longo que o previsto pra desejar a todas que estão acompanhando a história um feliz ano novo. 🤍 espero que gostem, a opinião de vocês vale demais. Boa leitura!




Eu precisava de analgésicos, esparadrapos e muita, muita calma e discernimento para lidar com a noite que me antecedia. Era noite do bar com a equipe, uma tradição de muito tempo, mas agora, temos Stenio, por um infortúnio.

Meus pensamentos só iam no caso do restaurante e eu tentava de todas as formas esquecer aquilo fora da delegacia.

O som tocava alguma música de dor de corno sertaneja, ou seja: Marcos está em casa; era o único ser humano no mundo que escutava Sertanejo raiz no Rio de Janeiro com tanta frequência.

Marcos era um loiro monumental de personalidade incrível e um coração de ouro. Nos conhecemos em uma noite de encontro às cegas e desde então, viramos algo incrível. Não sei descrever nossa dinâmica bem, mas ela funciona. Ele, no fim das contas, me mostra uma face de mim que eu não via tanto em outros relacionamentos (ou tentativas de uns): meu eu romântica.

Ele usava uma calça de moletom verde musgo, e um avental "Beije o Cozinheiro" sob o seu peitoral. Trabalhava perto da minha casa, mas morava bem longe dali, o que fazia os períodos pós plantão serem mais cômodos na minha casa.

E honestamente, com aquela vista, eu pouco me importava.

- Você tá uma bagunça. - ele me dizia, apontando a espátula para mim.

- Não sou a bagunçinha mais bonita que você viu hoje? - disse, dando um giro em 360° na minha roupa suja e surrada, e enfatizando o movimento do meu cabelo repleto de nós. - perseguição no caso do restaurante que eu te disse. Eu quase levei um tiro, tu acredita?

- Meu Deus, Helô. Algo que eu possa fazer para te ajudar hoje? - Marcos se aproximava, cravejando seus dedos grossos no meu quadril, e beijando meus lábios.

- Oh meu lindo, se você puder esperar por mim hoje, eu realmente te agradeceria pela consideração. - eu tapei seus lábios com a ponta dos meus dedos. - Tem aquele encontro com o pessoal do trabalho para apresentar o psicanalista novo.

- Como poderia me esquecer... - ele me olhou frustrado. - Um banho, um batom vermelho, e qualquer coisa que você colocar por cima desse corpo, ficará incrível.

Ele sorriu, e então, me beijou mais uma vez, só que dessa vez, um pouco mais intensamente.

Se eu não tivesse compromissos, oh, eu largaria tudo e passaria a noite amando aquele homem. Mas, estou tentando seguir os conselhos da minha psicóloga, e se incluir Stenio em minhas rodas sociais vai resolver meus problemas, eu teria que lutar contra isso.

Me separei dali e fui direto para o guarda roupa. Peguei uma roupa costumeira, uma boa pantalona preta e uma camisa marsala com um decote bem fundo, mais fresca.

Os saltos me fizeram bem naquele momento. Após quase uma hora de banho, looks e maquiagem, peguei as chaves do carro e da casa, dei um beijo em Marcos que lia deitado no sofá da sala, um quadro preguiçoso que eu amaria fazer parte.

"Rô, tô saindo de casa. Chego em 15 minutos." - enviei o SMS antes mesmo de entrar no carro.

O bar ficava pertinho da minha casa, e eu poderia claramente ir andando, mas a disposição me impedia. Eu não queria estar lá, não queria mesmo. E eu sei que sou uma mulher difícil e temperamental, mas algo que eu aprendi e absorvi na minha convivência com Stenio foi: não se deixa um homem te dizer que não te ama mais de uma vez.

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