CAPÍTULO XVI

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"Não me deixe só aqui, esperando mais um verão... Te espero, meu bem, pra a gente se amar de novo."

— Mimar Você, Caetano Veloso.


– Haroldo, eu juro pra você... essa mulher vai me enlouquecer qualquer dia desses. - dizia no telefone, enquanto escolhia uma gravata para usar no coquetel que eu teria que marcar presença em menos de uma hora.

"Ela continua tão gostosa quanto naquela foto que você tem guardada na carteira de sei lá, 2007?"

– Respeito ao falar da Heloisa, na minha presença, e fora dela. - respondi, parcialmente calmo. – Ela tá melhor. Agora ela é uma mulher feita, sabe? Tudo nela está melhor, mais bonito.

"A convivência não tá te ajudando, não é mesmo?"

– Ajudando em exatamente o quê?

"Em pensar sem ser com a cabeça de baixo, meu irmão. Olha, a Érica tá me chamando, aqui já tá uma loucura, vê se não demora, cara! E já que não vai trazer a gata hoje, marca alguma coisa pra gente conhecer ela."

– Ainda é cedo, sabe... - disse, escutando uma risada que vinha da sala de jantar.

Maitê e Yone, uma amiga do curso de formação, vieram fazer companhia à ela nessa noite de sexta, e para variar, já estavam me despachando desde a hora que entraram na minha casa. A segurança do prédio estava alerta, pois a prisão do tal assassino estava prevista para esse fim de semana, cada cuidado era pouco.

— Mas estamos nos entendendo. Quando for a hora, certamente marcamos um jantar no Chez Claude.

"Tá, tudo certo Stênio. Vê se não demora a vir."

E então, desliguei o telefone.

Observando melhor meu armário, vi que Helô tinha separado um conjunto branco no meu armário, deixando um post it amarelo no bolso do blazer, com alguns dizeres:

"Sei que ia pedir minha opinião, então dei antes do previsto – você fica tão lindo de branco, usa desse.
H.S.
(As iniciais devem ser destino.)"

– Queria que você desse outras coisas, Heloisa... - ri baixo, e sem pensar muito, vesti o par de calça, camisa e blaser.

Deixei um dos botões abertos e desisti da gravata.
Iria do jeito que ela imaginou.

Amarrei os sapatos sociais, passei o perfume, chequei meu cabelo pela décima vez no espelho e tomei coragem de desbravar a sala que tinha virado, simplesmente uma reunião de condomínio.

Helô estava simplesmente magnífica.

Eu amava o fato de que ela era uma mulher vaidosa, mas ela, no dia a dia, a Heloísa da casa, da nossa casa... ela tinha um brilho diferente, uma beleza única. As cadeiras da mesa de jantar, que eram quase como poltronas, a abarcavam, preguiçosamente.

Ela usava um kimono colorido translúcido, com um shorts curto em tecido, enquanto ela jogava as suas pernas por cima da cadeira, de forma natural, conversando alguma coisa que fosse aparentemente engraçada. Logo os olhos das 3 me notaram na sala, já que tinha feito um barulho significativo com as chaves do carro.

Uaaaau, tá lindão, Dr. Stênio. - Maitê, com quem eu já tinha criado certo vínculo de amizade, comentou.

— Tá nos trinques, hein Stenio. Pra onde você vai?

— Ah, obrigada pelos elogios, meninas. - embora eu estivesse, ainda, no aguardo de um em específico. O da morena que me encarava com a taça de vinho nos lábios. - Um coquetel de um amigo advogado que vai abrir o escritório hoje, nada demais.

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