CAPÍTULO XXV

2.7K 138 91
                                    




"Quem tem a chave do mistério, não teme tanto medo de amar."

– Mais um na Multidão, Erasmo Carlos e Marisa Monte.




— E então... está pronta. Aprovado, Mari? - Stenio acabava de preparar um curativo no meu braço, sendo atentamente observado e orientado por Mari, mesmo tendo feito a milhões de anos atrás o curso de medicina para ser psicanalista.

— Tá, Doutor Stênio. Esqueceu que tem mais aptidão do que nós duas para fazer esse tipo de tarefa? - a garota revirou os olhos, dando um tapa leve no ombro do agora, cunhado, que por algum motivo esqueceu da formação de medicina para exercer a psicanálise.

— Mari, tem certeza que precisa voltar tão cedo? A semana passou num piscar de olhos, e eu só te dei trabalho esse tempo todo. Não é justo.

— Louca, você sofreu um sequestro. É claro que eu ia cuidar de você, sou sua irmã, te amo mais do que tudo nessa vida. - Mari afagou minha testa, e a abracei, sentada na cama, como se meu coração fosse explodir de amor. - Somos só nós duas por nós duas nesse mundo, deixa de neura. Porque você não aproveita, e vai pra Ouro? Tira umas férias dessa loucura, cara. Passa um tempo na casa da Tia Cotinha comigo, com a Guida....

— Vou pensar.

— Vai ser bom pra você, Helô. Depois desse... inferno de Dante que você passou. - Stenio retomou a falar. - Estar com a família é importante também.

— Você iria comigo, Stenio?

Ele ergueu a sobrancelha, e dava seu riso entre os lábios, totalmente envergonhado. — Não sei se aquela cidade estaria preparada para ter nós dois ao mesmo tempo, e agora juntos, aterrorizando cada viela.

— Seria algo explosivo. - roubei um selinho dos lábios em estado de timidez no exato momento.

— Vocês são enjoativos. Mas... deveriam se planejar. – ela desfez o olhar de desaprovamento, cruzando os braços. - ambos.

— Certeza que pegou tudo, Mariana? - ativei o instinto irmã ursa, garantindo que ela havia catado toda e qualquer coisinha que poderia deixar ali no apartamento.

— Peguei, Heloisa. - ela revirou os olhos, como se não aguentasse mais minhas ordens. - Você é muito nervosa.

— Claro que eu sou. - acariciei seu rosto, que recordava tanto o meu, em cada traço, tirando os olhos que eram mais apertados do que os meus, idênticos ao da nossa mãe, e o rosto que também era mais fino, tal como nosso pai. — Queria ir com vocês dois.

— As recomendações médicas já te liberaram, mas as profissionais não. Montenegro ordenou que você só sai desse apartamento quando transferirem a estelionatária do presídio. Nunca se sabe, Heloísa. - Stenio me repreendeu.

— Vou ficar calada, Stênio. - revirei os olhos. - Cuide dela. Mari, vou ir te visitar, fique tranquila. Será mais rápido do que você imagina.

Demos um abraço apertado. Daqueles, estonteantes e cheios de amor.

Devo ter deixado cair  alguma lágrima solta no rosto, mas estava tudo bem. As lágrimas não eram de tristeza, eram ressignificadas, de alegria.

— Eu... preciso falar antes com o Stênio. - passei a mão no rosto, secando-o.

— Ok. - sorri tímida para a garota, que saiu de cena do quarto, nos deixando à sós.

Desde que havia voltado do hospital, Stenio insistiu que eu ficasse em seu apartamento, por ser, de acordo com ele, mais próximo do hospital, da fisioterapeuta, e dele.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Mar 27, 2023 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

DínamoOnde histórias criam vida. Descubra agora