Já com o cair da noite,Torá e Gabriel, seguiram em direção a casa de reunião,forraram o chão com folhas de coqueiro,de forma que ficasse bem macio, acenderam duas tochas, colocaram uma de cada lado da cabana,os vagalumes pairavam sobre o ambiente,e lá fora, só a luz das tochas que ficavam em torno das ruas da vila, clareada o caminho de cada loop p casinha....ao redor,a noite cobria toda a beleza da floresta.
Então,os dois se ajoelharam e torá tomou a frente com a oração.
- Poderoso Deus, estamos aqui,gratos a ti,por nos enviar Gabriel de tão longe,para nos ajudar, quero agradecer também pelo fato de nos tornar totalmente humanos nessa madrugada.
Gabriel arregalou os olhos,e se levantou rapidamente perguntando assim.
- O QUE? Como assim,vcs não são mais sereias nem tritões,de repente?
Como pôde acontecer isso?
Como eu não soube até agora?
- chuuuuuuu! Silêncio Gabriel,se ajoelhe e vamos continuar a oração, depois eu te explico melhor. Disse Torá,sem nem ao menos abrir os olhos.
O jovem sem entender nada,se ajoelhou novamente, e continuaram a oração.
- Nós ajude Senhor nessa nova jornada, amém! Concluiu Torá.
-E Deus, obrigado por me trazer a essa ilha,e conhecer pessoas tão incríveis e carinhosas.Falou Gabriel.
Os dois homens, abriram os olhos,e com um leve sorriso,se abraçaram, como pai e filho.
-Será que agora, você pode me dizer,como vcs se tornaram humanos,e para qual Deus você orou?! Perguntou Gabriel a torá.
- Para qual Deus você ora Gabriel? Questionou Torá.
-Para Jesus Cristo. Respondeu o jovem.
- Nós também oramos para Jesus Cristo,o único DEUS,do céu,da Terra,da água e do ar,e foi um anjo que veio na madrugada e trouxe o milagre de ser totalmente humano para o meu povo.Disse Torá.
-Por isso que você só soube agora.
-Que maravilha! Agora poderemos viver normalmente todos juntos aqui na floresta,e proteger uns aos outros, com a ajuda de Deus.Falou Gabriel.
- Sim meu jovem, agora para nós, será uma nova era. Disse torá.
-Para mim também meu amigo, pois estou aos poucos, vendo o que realmente é viver na companhia de outras pessoas,mas de uma maneira sincera e verdadeira. Concluiu o rapaz.
-Vamos descansar agora meu jovem, amanhã será um grande dia. Falou torá.
-Realmente, amanhã começaremos a construção do muro da vila, falando em muro, não vejo o Kiko desde ontem, já estou ficando preocupado com o meu amiguinho. Disse Gabriel.
- Não se preocupe, ele é da floresta, conhece tudo por aqui, vamos descansar agora, logo ele estará em sua casa, você vai ver. Acalmou o jovem com suas palavras,o senhor Torá.
Os dois saíram da casa (cabana) de reunião,felizes, caminhando naquelas ruazinhas estreitas, iluminadas pelas tochas, tudo muito bem feito, com pedras locais.
- A essa altura,as mulheres, já haviam feito roupas,tapetes,cortinas, tecidos diversos e utensílios domésticos, durante todo o dia.
Quando Gabriel chegou em casa, lá estava kiko, todo dengoso,quase dormindo no canto da cabana.
- Kiko!?! Por onde você andou meu garoto?
Perguntou Gabriel ao macaquinho, como se fosse obter uma resposta.
- O macaquinho despertou com o barulho,e saltou do chão, até o pescoço de Gabriel, parecia uma criança quando vê o pai,ou a mãe.
- Amanhã conversaremos rapazinho fujão! Brincou Gabriel falando com o amiguinho. Agora vamos dormir, pois amanhã terá trabalho até pra você kiko. completou Gabriel.
E assim,toda a aldeia ficou em silêncio,e todos foram dormir em paz.
Assim que o dia amanheceu,os homens se reuniram para a construção do muro ao redor da aldeia.
Com Gabriel e Torá os orientando, começaram a ajuntar troncos caídos, cipós,em grande quantidade, enquanto uns buscavam os materiais de construção,os outros começavam a construir o muro.
Abriam buracos grandes e profundos, usavam baldes feitos de materiais da floresta, aliás, tudo vinha da mata,e em fileiras,iam colocando os troncos de pé, unindo uns aos outros, com grossos e resistentes cipós.
Enquanto trabalhavam, cantavam.
- Louvado seja Deus por nos mandar Gabriel.... Gritavam alguns
- Ele chegou do nada,como se viesse do céu.... Continuavam outros.
- Agora seremos felizes e viveremos em paz. Continuavam outros tantos.
- Sequestros e perdas, não teremos mais.... Cantavam os demais.
E no final, todos em uma só voz cantavam o hino inteiro juntos.
E o trabalho fluia maravilhosamente.
Gabriel gritava mais alto que todos,num canto só seu!
-Obrigado meu Deus,por me trazer aqui,por conhecer esse universo, pois onde eu vivia era tudo o inverso... E assim todos cantavam enquanto trabalhavam.
As moças levavam as refeições para eles, assim não perdiam tempo, indo até a aldeia para comer.
E assim,foi sendo levantado o muro, tão rápido que nem eles mesmos podiam acreditar.
Dentro de um mês apenas,toda a aldeia estava totalmente cercada, com um muro de seis metros de altura, com portões enormes na entrada da cidade, não dava para acreditar que,apenas aqueles homens, haviam feito tal proeza.
Ao redor da muralha,foram colocadas várias armadilhas,umas eram buracos tapados com vegetação,no fundo havia várias estacas pontiagudas, havia muito lodo nas muralhas,para que ficassem escorregadias, fizeram centenas de laços de cipó grosso,para pegar quem ousasse invadir a cidade.
Fizeram de tudo,para a segurança de todos que alí viviam.
E o tempo todo,kiko acompanhava o trabalho dos homens,como se fosse um feitor....subia nos troncos,mordia os cipós, como se os testasse para ver se resistia, todos se divertiram muito com o macaquinho peralta.
Quando terminaram o muro, fizeram uma grande festa, com muito suco de frutas, frutas frescas,carne de animais caçados por eles,como porcos selvagens, havia muitos vegetais também. Foi uma festa e tanto!
E a cada dia mais,Atena e Gabriel,se tornavam mais amigos, agora, quase inseparáveis, e kiko estava sempre junto com os dois, pulando pra lá e pra cá, nunca ficava quieto.
Lá,eles não se preocupavam com o tempo, se chovesse ou fizesse sol,o povo sempre agradecia a Deus por tudo.
Foi numa noite de lua cheia,sentados na grama baixa, conversando como sempre,e tomando o famoso chá que Atena fazia, que Gabriel olhou fixamente para a jovem e disse:
- É impossível não te querer!
- O que disse?! Perguntou Atena.
-Eu quero namorar com você, você também me quer? Perguntou Gabriel, com o rosto todo vermelho de tão sem jeito que se sentia. Afinal, nunca havia sentido aquele amor por ninguém!
A jovem respondeu,sem titubear.
-Eu só aceito, se meus pais também estiverem de acordo,essa é a nossa tradição.
- Tudo bem, falarei com eles amanhã,mas você também me ama? Perguntou Gabriel a ela, morrendo de medo,de que ela só o visse como a um grande amigo.
-Eu gosto de estar com você, sinto muito sua falta, quando não estamos juntos, admiro o quanto é trabalhador e amoroso com todos, é.......eu também te amo, com certeza! Respondeu ela.
- Fazendo o que aí meninos? Chegou Zoe, mãe de Atena, sorridente perguntando.
- Conversando, como sempre mamãe,e você,veio nos vigiar? Disse Atena, dando risada.
- Não filha, vim chamar vcs para tomarem um chá e descansar.Disse Zoe.
Na manhã seguinte, tudo normal como tem sido até alí.
Quem queria,ia pintando suas tendas, melhorando as mobílias, colocando cortinas, tapetes, pois tudo fora feito para todos.
A família de Atena estava reunida conversando dobre vários assuntos, quando Gabriel chegou com kiko no ombro e se sentou no meio deles dizendo:
- Bom dia a todos,antes de mais nada, quero pedir a mão de Atena em namoro,e quero seguir a tradição de vocês,dessa forma.
-- Bom dia, todos responderam.
- Eu faço muito gosto nesse namoro. Disse Torá.
- Bem......(Disse zoe),eu..... não só faço muito gosto, como tinha certeza de que isso aconteceria.
Todos deram muita risada,se abraçaram,e assim Gabriel e Atena, agora, namorados e grandes amigos.
Tudo estava muito bem, um lindo dia de sol, adultos trabalhando normalmente, crianças correndo e brincando dentro da vila, tudo era paz e alegria.
De repente,um dos sentinelas do muro, chegou até sem fala, tropeçando nos próprios pés, todo suado e disse:
- Está chegando na ilha um grande barco,cheio de homens estranhos, estão bem próximo da ilha, parece ser os caçadores das sereias, o que faremos Gabriel? Perguntou o sentinela.
- Gabriel saltou do banco e disse bem alto.
- Nesse tempo todo, trabalhamos e treinamos muito para um momento como esse, não é surpresa nenhuma para todos nós, que um dia isso aconteceria.
Agora,REÚNAM TODOS OS HOMENS E VAMOS DEFENDER A NOSSA FAMÍLIA E VILA, AQUI NÃO HÁ MAIS SEREIAS NEM TRITÕES, SOMOS TODOS HUMANOS , PREPARADOS E CONFIANTES EM DEUS! Disse Gabriel, animando todo o povo da vila.
Enquanto o barco gigante se aproximava sorrateiramente da ilha,os homens se preparavam para guerrear se preciso fosse.
As mulheres, pegavam as crianças,e levavam para um grande salão subterrâneo, que fizeram exatamente para um momento assim.
A vila ficou vazia, todos estavam preparados para o que viesse.
Com milhares de flechas,betume,pedras,paus, enfim, ferramentas rudimentares, porém funcionais.
Estavam todos sobre a muralha, camuflados com muito barro e musgos.
Num silêncio absoluto, tudo feito exatamente como ensaiado,nós mínimos detalhes,para que tudo saísse perfeitamente bem.
Algumas horas depois,o grande barco,atracou na ilha.
Primeiro saiu um homem enorme, gordo, barbudo, todo descabelado e sujo,mas parecia que ele era o líder do bando.
Foi logo dizendo aos outros que ainda estavam descendo do barco:
- Desçam logo,suas lesmas inúteis! Não quero ficar nessa ilha mais que o necessário, pegaremos algumas sereias e já ganharemos o ano todo.
- Corram seus vermes! Berrava o gigante horroroso.
- Sim chefe, faremos como sempre, pegaremos as danadas e iremos embora, todos nós sabemos que esse lugar é assustador e assombrado. Respondeu um outro do bando, enquanto descia.
No total,era uns duzentos homem aparentemente.
Conforme iam adentrando na ilha,o líder
parou de repente e disse:
- O que é aquilo?! E apontou para a muralha.
-Parece um grande muro chefe! Falou outro.
-Eu sei que é um muro seu imbecil,só não estou conseguindo entender,quem fez isso em tão pouco tempo,desde que estivemos aqui pela última vez, será que é miragem, Ou tem habitantes aqui agora ? Concluiu o líder do bando.
-Sei não chefe, só indo verificar de perto pra saber. Disse um magrela que fazia parte do grupo.
Continuaram a embrenhar na mata,meio assustados, desconfiados,numa fila torta,onde alguns deles já bem bêbados diziam:
-Deve ser ilusão mesmo, é impossível alguém entrar aqui,fora nós,quem descobrimos essa ilha por acaso,o restante que aqui entrou, não saiu nunca mais,e quem saiu,saiu totalmente maluco,sem falar coisa com coisa, só dizendo TERROR,TERROR!
-Verdade. Respondia outro.
E seguiam em frente.
- Quero ver o que é isso! Se tiver alguém aí, vamos botar fogo em tudo,e só levar as sereias.
Assim iam se aprofundando mais e mais na floresta, e se aproximando da vila.
Até que finalmente, chegaram na muralha....olharam de cima a baixo, perplexos com a novidade inusitada.
-Chefe, não tem como chegar ao lago,parece uma cidade cercada,o que faremos? Perguntou um deles.
- Vamos arrebentar tudo e entrar,seu bocó. Disse o líder, já fazendo movimentos de ataque e chamando o bando.
Eles só tinham algumas armas de pequeno calibre, primeiro porque o barco era grande,mas não o suficiente para possuir canhões, depois porque tudo o que conseguiam com a venda das sereias para testes em laboratórios,eles gastavam com mulheres e bebidas.
Aos berros,e com todas as forças que tinham, começaram a querer invadir a cidade.
Os habitantes já escondidos e preparados,continuaram em silêncio absoluto.
-AHHHHHHHHHHHHHHHH! Berrava enquanto iam em direção ao muro.
Nem chegaram muito perto e ZASSSS!
Caíram muitos nos buracos armadilha.
Os outros que vinham atrás iam se esquivando daquele lugar,mas caíam nós outros buracos que havia por todos os lados da muralha.
Os que conseguiam escapar dessas armadilhas, começaram a escalar o muro,mas escorregaram, como se estivessem num pote de margarina.
O líder só olhava,sem acreditar no que via.
Vendo que havia perdido muitos de seus homens,sem que ninguém visse ninguém além da muralha,berrou!
- Vamos embora, isso deve ser alguma bruxaria, não tem uma pessoa viva que aparecesse, só tem armadilhas,deve ser o demo,bora pessoal.
Então, saíram todos correndo assustados, pois não ouviram uma palavra que não fosse deles mesmos,e não viram ninguém.
Quando chegarem no barco,viram uma placa que dizia:
Se voltarem aqui, serão devorados por canibais cruéis que aqui habitam agora.
Gabriel havia feito a placa e colocado no barco, enquanto eles entraram na ilha,o jovem saiu e retornou por uma passagem secreta, que fizeram do outro lado da muralha.
Então saíram correndo Dalí, gritando:
- TERROR,TERROR, É COISA DO CÃO !
O líder do bando e os demais, foram se empurrando dentro do barco, desesperados para saírem logo dali.
Só sobraram oitenta deles,o resto, morreu nas armadilhas da muralha.
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Impossível não te querer
Aléatoireum jovem rapaz, cansado da cidade grande e agitada de são Paulo,deixa tudo,e sai em busca do desconhecido.