Encontro

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Uma jovem com vestido mais simples se aproxima e fala após se curvar:

- Princesa, tome cuidado, por favor. Não fique perto da beirada.

- Eu sei. Eu só quero ver o oceano – a jovem se vira para a serva pessoal e pergunta – É verdade que há jiaorens nessa região?

Quando a serva ia responder, o capitão se aproxima dela com um olhar gentil em seu semblante envelhecido e responde enquanto sorria:

- Sim. Mas, raramente avistamos um. Os tritões são raríssimos. É mais fácil avistar uma sereia do que um tritão. Eu dificilmente acho que a senhorita irá ver um.

- Eu vi algumas ilustrações. Eles parecem lindos.

- Sim, princesa. É falado que os jiaoren são a alma do mar condensada. Apesar disso, não deixam de serem demônios e muitas pessoas falam que eles são os demônios mais poderosos do mundo subaquático. No oceano, o poder deles é ampliado. Não existe demônio mais poderoso do que eles. Ademais, podem assumir uma forma animal. Portanto, quando avistamos algum animal no oceano pode ser um deles em sua forma verdadeira.

- Verdade? – Ela exibe olhos brilhantes.

Essa jovem tinha cabelos escuros e olhos da mesma cor, além de não ter mais do que dezessete anos.

- Claro! Mas é como eu disse. Raramente verá um. Eu mesmo nunca vi um deles mesmo navegando por décadas neste vasto oceano. Mas, eles podem ter aparecido em suas formas verdadeiras. O mais certo seria falar que não os avistei em sua forma hibrida, meio humano e meio peixe.

A jovem suspira tristemente e a cabeça desce em seus braços flexionados na borda da parede do barco enquanto que os seus olhos esperançosos não deixam de olhar o oceano um minuto sequer.

Mais tarde, o capitão observa o céu e exibe um semblante preocupado porque era visível o fato de que uma tormenta ameaçadora se aproximava no horizonte, embora o homem pudesse sentir que era uma tempestade estranha. Era como se os seus instintos de marinheiro de várias décadas, o alertassem para a estranheza daquele evento.

Claro, todos sabiam que o tempo podia mudar drasticamente no oceano. Mas, aquele em específico, por algum motivo que não conseguia discernir, lhe dava a impressão de não ser causado de forma natural. Era uma sensação desconcertante que não lhe abandonou um instante sequer.

Então, ele passa a brandir ordens de forma autoritária após as duas servas arrastarem a jovem princesa para a cabine.

O céu ficava cada vez mais ameaçador, com nuvens densas e escuras se formando enquanto relâmpagos rasgavam o céu ao mesmo tempo em que o mar se agitava em uma fúria imensa, sacudindo-os de um lado pelo outro, com todos lutando para se manterem firmes no convés que se agitava de um lado para o outro ao sabor das ondas violentas, sendo evidente nos semblantes dos marinheiros o medo, assim como no rosto do capitão.

Porém, ao contrário dos seus subordinados, ele controlava o seu temor porque precisava ser firme para com os seus homens e dar o exemplo, ainda mais ao ver o mais puro medo nos olhos deles enquanto se lastimava pela situação deles e das suas passageiras.

Afinal, mesmo com tantos anos de experiência, não pôde impedir de navegar durante uma tormenta e embora soubesse que no alto mar, o tempo podia virar drasticamente e sem qualquer aviso, ele ainda achava tudo aquilo estranho porque não parecia uma tempestade normal.

O que o capitão não sabia é que havia se aproximado inadvertidamente da ilha escondida que os jiaoren protegiam e como medida de segurança, uma tormenta incontrolável sempre surgia para matar todos. Era um método cruel, mas igualmente necessário para manter o mundo a salvo.

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