Monges

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- Você disse que ele era eremita e que preferia ficar sozinho. Eu imagino que a sua espécie atendeu ao desejo dele.

- Sim. Além disso, o local onde ele se encontra é desinteressante para o meu povo. Não há motivos para ter alguém nos arredores.

- Vamos usar aquela tática quando chegarmos.

- Sim.

O tritão a pega novamente nos braços, com a jovem corando intensamente enquanto o jiaoren podia ouvir os batimentos cardíacos acelerados dela, compreendendo que eram reações que não deveria esperar da humana que disse que somente eram amigos.

Inclusive, ele havia ficado um pouco confuso com a declaração dela por ter visto a suas reações, para depois, acreditar que havia interpretado erroneamente os sinais que ela demonstrava ao seu toque ou proximidade. Mas, agora, em seus braços, era nítido que as reações estavam em contradição com a fala dela, fazendo-o ficar pensativo.

Há centenas de quilômetros dali, em uma vila próxima a capital, os soldados estavam invadindo as casas e saqueando o que desejavam além de recolherem a taxa do imposto que era excessivo para as condições humildes da vila.

Os que não conseguiam pagar o valor exorbitante para a realidade daquele local eram pegos e jogados em carroças, com a família inteiro sendo jogada junto do devedor, fazendo surgir gritos de desespero, de dor e de súplica que permeavam o ar, com os soldados rindo cruelmente porque se divertiam com o desespero dos que eram aprisionados enquanto os demais se encontravam impotentes contra as armas e o treinamento do exército ao mesmo tempo em que o fiscal dos tributos também se divertia, sem deixar de fiscalizar a arrecadação e fazer relatórios.

Em algumas famílias devedoras que tinham garotas e garotos, os soldados entravam e os estupravam antes de jogarem nas carroças, com eles lutando para manterem as roupas no corpo enquanto os demais mantinham a população subjugada, com todos sendo obrigados a ficarem de joelhos enquanto oravam por ajuda ao mesmo tempo em que muitos olhavam em um misto de impotência e desespero os soldados se alterando no controle para que todos eles pudessem se divertir estuprando os jovens aldeões.

Alguns membros da vila tentaram lutar contra a captura apenas para serem mortos de forma violenta ao terem os membros amarrados em cavalos e os mesmos, forçados a correr em direções diferentes, os desmembrando para todos verem ou sendo empalados vivos várias vezes e aqueles que não assistiam eram brutalizados, não poupando nem crianças de assistirem o espetáculo brutal e cruel porque as vítimas eram usadas como exemplos para aqueles que ousassem reagir enquanto satisfaziam alguns soldados que eram sádicos.

As casas daqueles que foram jogados em carroça para serem escravizados por dividas eram queimadas após serem saqueadas e quando tinham criações, elas eram levadas também e passariam a pertencer a corte imperial.

Então, todos observam uma pessoa entrando na vila coberta com um capuz surrado em vários graus, mas, que ainda conseguia ocultar o rosto do seu dono, além de ser visível o fato dele virar a cabeça para os lados, observando o entorno e depois, olhando para a aglomeração de soldados no centro da vila, para depois, caminhar na direção deles.

O líder dos soldados se aproxima e pergunta asperamente:

- É dessa vila?

- Não. Eu sou apenas um andarilho.

- Então, saia. Estamos fazendo o nosso trabalho.

De uma das casas do entorno, uma mulher é arrastada para fora pelos cabelos com as roupas desgrenhadas enquanto chorava ao mesmo tempo em que eram audíveis os gritos de dor e de desespero, além de pedidos de clemência para que parassem porque doía e pelas vozes, a maioria compreendia pessoas jovens e era possível identificar tristemente as vozes de algumas crianças em súplica, fazendo o recém-chegado torcer os punhos enquanto a sua fúria aumentava exponencialmente.

Vínculos das almasOnde histórias criam vida. Descubra agora