"Elucubração"

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Meditação ou reflexão sobre algo profundo

E lá vou eu

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- Papai... - Harry disse pensativo quando o homem foi o buscar. Ele tinha dez anos

Regulus o olhou pelo retrovisor. O menino segurou a barra de seu uniforme e mordeu o lábio

- Por que eu nunca vi meus avós? - Perguntou - Não a vovó Euphie e o vovô Fle... Os meus avós por sua parte

Regulus freiou de uma vez no sinal. O menino arregalou os olhos e segurou o banco. O homem pediu desculpas e ignorou a pergunta

Pensava no que sua mãe diria se soubesse da existência de Harry. Ou pior: o que faria se fosse presente na vida do filho

Desceu do carro de uma vez. Não querendo que o menino visse seu estado trêmulo. Entrou em casa antes de Harry sair do carro

O menino tremeu ao ouvir o som da porta de casa bater. Fez alguma coisa errada?

Pegou sua mochila e trancou o carro, entrando com a chave do veículo que seu pai largou no banco

Entrou em casa de cabeça baixa. Será que ia apanhar? Ou ficaria de castigo? Ou levaria aqueles sermões de treze dias?

O som do chuveiro do quarto se seus pais o fez perceber que o caso era mais sério ainda. Seu pai não tomava banho naquele horário, era mais tarde, com James

Se sentou para fazer seus deveres de casa. Mas chorou um pouco de medo no processo. Seu caderno de matemática ficando machado com algumas lágrimas

Saiu de casa. Precisava aliviar aquele medo. Se sentou na varanda para esperar seu pai. Regulus ainda dentro do quarto

James desceu do ônibus e veio massageando os ombros embolados de cansaço. Ergueu os olhos e viu Harry sentado na varanda de cabeça baixa

Entrou apressado no quintal. Esquecendo a dor nas costas

- O que foi, Harry? - Colocou a mão no rosto dele. Analisando tudo

- Papai está bravo comigo... - Fungou

- Por quê? - James penteou os cabelos do menino para trás, vendo a cicatriz ali

- Eu perguntei se eu podia ver os meus avós que eu não conheço - Fungou e o mais velho entendeu tudo

Queria mais que tudo no mundo entrar e ir acalentar o coração apavorado de seu marido, mas o filhote deles estava ali, com medo

- Vou te explicar. Mas não aqui. Está frio - Entraram. James pegou o menino no colo com esforço. O colocou sentado na bancada da cozinha e o abraçou. Harry fungou - Papai não está bravo com você, pequeno - Passou a mão nas costas do filho - Ouça - Afastou para olhar aqueles olhos verdes

Harry passou o braço no nariz e fungou mais uma vez

- Seu papai não tem uma história bonita com a família quanto eu tenho com a vovó e o vovô - Fez cafuné no menino - Seu papai e seu padrinho sofreram muito, Harry. Eles não eram pessoas boas

- Por que não? - O menino perguntou. James limpou uma lágrima que escorreu. O menino fechando o olho ao sentir sua bochecha pressionada

- Eles tinham pensamentos antigos - Suspirou e o abraçou mais uma vez - Eles não gostavam do seu papai ou do seu padrinho. Muito menos de mim - Riu um pouco

- Você conhece eles, pai? - Harry perguntou ao deitar a cabeça no ombro do homem, olhando seu dedinho desenhar na clavícula morena

- Sim - Suspirou - Preferia que não, não vou mentir - Ouviu Harry fungar mais uma vez - Eles não gostaram da ideia de seu papai casar comigo. Um outro homem. Desde então eles não se falam mais

- Mas vocês se amam! - Harry afastou o rosto. Indignado

- O mundo não funciona assim, querido - James sorriu triste - Eles nem sabem que você existe. E... pode parecer pesado, mas acho que eles nem querem

O menino abaixou a cabeça. Se sentindo rejeitado, irritado e triste. Irritado porquê eles não podiam ser daquele jeito! E triste por tudo que seu pai e padrinho passaram, mesmo que ele não saiba direito

- Agora... O que acha de levarmos do bolo de chocolate que a vovó trouxe para seu papai? - James sorriu animado e o filho o seguiu

Pegaram o pedaço em um pires junto de um talher. Harry abaixou a cabeça, hesitante sobre abrir a porta do quarto de seus pais

James sorriu para ele, o encorajando. Harry abriu a porta devagar

Regulus estava sentado com as costas na cama, os joelhos perto do peito, a mão no ar - por conta do braço em cima do joelho estar esticado - a outra mão no cabelo. Seus olhos vidrados na parede enquanto lágrimas escorriam

Nem pareceu ouvir a porta se abrir. Perdido no mundo das lembranças e possibilidades caso Walburga e Órion conhecessem seu menino lindo

Harry não merecia passar pelo que passou

- Papai...? - Regulus olhou para a porta, assustado

O Black limpou as lágrimas e forçou um sorriso. Abaixou os joelhos e abriu os braços

- Oi, meu amor - Forçou aquele sorriso trêmulo. James sentiu seu peito apertar - Vem cá

Harry andou até ele. Se sentando entre as pernas do pai, mostrou o bolo

- Para mim? - Regulus sorriu. Ainda estava tremendo - Um menino tão bom o que eu tenho - Abraçou o filho

James se aproximou e se sentou ao lado do marido. Segurando a mão dele. O sorriso de Regulus morreu quando ele viu o mesmo olhar que James o mostrou por anos estampado nos olhos verdes de seu filho

- Está tudo bem, papai - Harry falou baixinho

O homem não aguentou e soluçou, o choro voltando com tudo. Harry se sentou sobre seus joelhos, abraçando o pescoço do pai

- Eles não vão te machucar - Regulus falou e apertou o rosto do menino em seu ombro - Prometo

- Não me importo com o que eles podem fazer comigo - Harry segurou a mão do pai e se afastou. Olhando os olhos castanhos dele - Mas me preocupo com o que eles fizeram com você

Regulus sorriu ainda chorando. Aquele sorriso com os lábios tremendo e um suspiro escapando pelos lábios

- Papai está bem, amor - Passou a mão no cabelo do menino

James beijou a bochecha do marido, demoradamente. Regulus sabia que aquilo era uma negativa à sua frase, mas apenas aproximou o rosto do contato

Enquanto Sirius mantia distância em momentos que as memórias voltavam, Regulus precisava dos toques

Harry deitou no peito do pai. Ficando ali, ouvindo o coração dele. Regulus fazia carinho no cabelo do menino e tinha alguns espasmo do choro de vez em quando

James se ajeitou no chão, passando o braço pela cintura do marido e o puxando para recostar em seu peito. Beijou os cabelos incrivelmente lisos do Black

- Está tudo bem - Sussurrou. Pelo silêncio os dois ouviram - Eles não podem te machucar mais

Regulus deitou a cabeça do ombro do marido. Recebendo mais beijos no cabelo enquanto olhava seu filho em seu colo, desenhando em sua blusa

Estava tudo bem. Ia ficar tudo bem



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Querem um para compensar a depressão? Sei como vocês são quando eu faço um capítulo mais triste

Gostaram?

Um beijinho estalado na orelha esquerda, minhas lagartas astronautas<3

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