・:*:・Flores・:*:・

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🄰ndar pelo jardim da escola antes que o Sol assuma a sua posição de destaque no céu dando origem a um crepúsculo fora sempre a sensação de liberdade que eu almejava.

Eu podia facilmente sentir a grama molhada envolvendo os meus pés desnudos devido o sistema de irrigação instalado no jardim e o áspero das pequenas folhagens fazer cócegas em minha pele.

Mesmo que estivesse portando um conjunto de roupa de dormir de coloração preta com estrelas brancas como estampa, eu não me importei em ficar de joelhos sobre a grama para pôr as minhas mãos nas flores delicadas que encantam o jardim traseiro da instituição que conta com a presença de um lago majestoso.

Um sorriso sincero escapa de meus finos lábios quando já tenho todas as flores que preciso em meus braços, formando um belo arranjo em um contrate de branco e amarelo.

Elevo o meu corpo do solo e tento limpar a sujeira dos meus joelhos com a mão desocupada para que o resquício de terra molhada desocupasse da minha pele, evitando causar problemas desnecessários.

Em passos vagarosos, caminho em direção a minha varanda que me dá uma perfeita visão do lago que esbanjava uma beleza estonteante a quem estivesse concentrado analisando o local.

—— Não espere que eu limpe a sua sujeira —— A voz de uma feiticeira que passava pelo local com uma vassoura em mãos desviou os meus pensamentos aéreos para que pudesse tentar prestar atenção no que fora proferido pela mesma, soando como algo sem importância pelo meu sistema cerebral ao ponto de nem ter escutado o que mencionou —— Falha —— Inclinei a minha cabeça para o lado em desentendimento.

Apenas fico parada encarando a jovem mulher se distanciar enquanto praguejava diante da sujeira deixada no assoalho encerado até que um vento forte fez com que os meus olhos se fechassem em puro extinto, voltando a abri-los somente quando a poeira abaixou e um mar de folhagens tomou conta do lugar fazendo a mulher irritadiça jogar a vassoura no chão por notar que teria mais trabalho pela frente.

—— Pobre vassoura... —— Retiro-me do local.

Já dentro da varanda, puxo a porta feita de correr para que pudesse adentrar em meu dormitório, fechando em seguida juntamente com a cortina em algum tom de bege presente na paleta de cores que não fiz muita questão de memorizar quando estava estudando sobre artes.

Por ter novos estudantes e meus futuros colegas na escola, pensei na possibilidade de oferecer as minhas humildes saudações para que se sentissem o mais próximo do conforto que almejam e merecem já que pode ser a única forma de consolo que posso oferecer caso as suas vidas sejam ceifadas.

Este é o pior fim que este caminho da vida pode oferecer a um feiticeiro, uma morte tão dolorosa que faria qualquer um implorar para que os seus olhos se fechem de uma vez por todas como um ato de benevolência.

Encontrei tantos corpos durante a minha jornada traiçoeira que poderia facilmente compor uma pilha de cadáveres com feições tão assustadas que poderia fazer o estômago de qualquer um revirar ao ponto de colocar a refeição do dia anterior para fora.

Sempre que alguém morre em meio ao campo de batalha eu me questiono se seria possível encontrar algum cadáver que não exprima esse sentimento de que a morte seja traiçoeira e não a paz de sair deste mundo que chega a dar desgosto de ver como o ser humano pode ser tão vulgar e insolente.

Sim, por mais que eu não consiga sentir nada em relação a esses tristes acontecimentos, consigo ao menos me compadecer com as suas recordações jogadas ao vento durante a sua jornada e fico no aguardo de que as flores possam alcançar a vítima ao ponto de lhe trazer um mínimo de paz em seu descanso eterno.

Lavender ✾ Toge InumakiOnde histórias criam vida. Descubra agora