—— Estaremos aqui em cima para não ter atrapalhar, coelhinha! —— Ouço o bobo da corte gritar sem com que o fato faça que os meus olhos atentos sejam desviados do campo de batalha.
Os sons de correntes e palavras de baixo calão se fizeram presentes no local silencioso, fazendo-me constatar que as cortinas sobre o palco já haviam sido suspensas para que o público se deleitasse com o que estava por vir e eu era o anfitrião da noite de espetáculo. Brincando de não ser morta em meio a chuva de flechas que cobriam os céus como estrelas cadentes.
—— Eles subiram pelas correntes até chegarem a uma estrutura de ferro acima de nossas cabeças —— Gasha balançava a sua calda por cima de meus ombros entretido com a situação que nos circunda —— O idiota deve ter os orientado a não meterem os seus narizes onde não são chamados —— Esfregou a sua cabeça em minha bochecha para ganhar um afago.
—— É o que parece —— No momento, limitei-me a responder apenas o necessário.
Minha mente se esvai de qualquer envolvimento externo que poderia me prejudicar de alguma forma durante o combate que iria acontecer à custa da vida de uma criatura que estava pregando peças nas pessoas em que rodeia.
Quando era criança, não me fora atribuída nenhuma escolha a não ser empunhar uma espada em direção ao meu inimigo que sempre vem em minha direção. Originalmente, crianças teriam optado pelo lápis de cor para traçar o seu próprio destino, mas teria que me contentar com os sons do farfalhar dos corações de meus companheiros que um a um morriam em batalha contra algo que a humanidade sequer poderia enxergar.
Teria que conviver com o sangue jorrando em todas as direções possíveis até que tentem empurrar a banqueta que se encontre abaixo dos meus pés e o abraço da corda em meu pescoço se torne uma demonstração de afeto.
Sim...
Eu poderia ter sido uma dessas crianças que traçaria o seu próprio destino...
No entanto...
Nesta vida eu teria que me contentar em ser a primeira em apertar o gatilho em direção ao sombrio. A única coisa que deixo para trás são pegadas sujas de carmesim esperando que os cães selvagens me rastreiem para que possa cravar a minha adaga em seu crânio.
No final de tudo, o alto calão me criou para me tornar uma assassina de maldições.
De fato, eu tive uma escolha, matar ou ter a sorte de ser reanimada em uma maca de hospital com carga em meu peito. Mas, isso já não me importa contanto que aqueles que me rodeiam tenham suas vidas preservadas.
Minha vida não vale nem um tostão para comprar uma migalha de pão para jogar aos pombos em uma praça pública. No entanto, eu reconheço para quem os holofotes do espetáculo devem ser dirigidos como verdadeiros heróis da pátria. E, nesses holofotes, não há espaço para uma lasca de carvão.
Minha função é justamente proteger os diamantes brutos antes de serem polidos...
Servir de degrau antes que a minha vida se esvaia totalmente da face da terra...
"Tão só, estou tão só, Yuri" —— Uma voz irritantemente agravem se fez presente em minha consciência acompanhada de uma sensação de estar sendo abraçada.
Chamas azuis se manifestam no esqueleto que compõe os leques em minhas mãos, demonstrando que não iria recuar perante o inimigo.
—— *Messorem —— Junto os leques sobre o meu peito.
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Lavender ✾ Toge Inumaki
Fanfic『 Por conta de suas feições, Yuri desde criança foi considerada uma garota fria que não tem clemência nem mesmo com relação às pessoas que demonstram algum sinal de fraqueza. No entanto, ao contrário do que a sua mãe diz a chamando de 'praga profana...