𝟎.𝟕

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No dia seguinte, minha cabeça lateja, meu corpo grita por uma aspirina e eu gemo de desconforto quando o chão gelado assola meus pés até então quentinhos. Eu me arrasto pelo banheiro, os olhos ainda meio fechados e pensando se voltar para a cama não seria uma boa ideia quando o rádio do meu despertador começa a falar, o locutor nos da bom dia eu caio. Na verdade, tudo cai. O tremor que estremece minhas prateleiras dura menos de 3 segundos, mas é o suficiente para fazer meu coração bater descompensado.

A batalha das bandas.

Na escola, o batucar dos dedos na minha mesa agora é de minha parte, douxie havia faltado, a última cadeira continuava vazia, mesmo com todos os meus olhares incessantes sob ela, que eu nem sabia o por que. No sinal, todos saem feito animais, eu porém, tenho que suspirar 3 vezes até me lembrar que me voluntariei na montagem de palco e instrumentos - Aja poderia ser muito convincente quando quer - e eu, como uma patinha, caí em suas lamúrias e palavras. Bob e Clara me chamam para ir, mas quando conto o motivo do meu aborrecimento, seus rostos se fecham e eles concordam, indo em seguida.

Agora, em um sol tipicamente nervoso, eu checava uma das caixas de som se funcionava perfeitamente, estou secando o suor da minha testa com a manga quando um sopro gelado refresca e ao mesmo tempo arrepia a minha nuca, eu ponho minha mão ali como uma defesa inofensiva, e me viro nervosa para trás.

— Mas o'qu- — Sua risada ecoa nos meus ouvidos como em um quarto de quatro paredes, em um profundo eco e repetição. Ele sorri com a mão nos lábios quando vê meu rosto furioso.

— Você gosta de trabalhar ou o'que? Que eu saiba, te dei dois dias de folga não? — Hisirdoux diz, a voz ligeiramente folgada acompanhada de um riso sarcástico, eu penso em uma resposta na ponta da língua quando ele liga a guitarra que até então eu não perceberá. Estou em choque. Completo choque não por ele estar com uma, já sabia que estaria em uma banda. Mas estou extasiada, não. Hipnotizada pela forma de como ele toca exuberantemente bem. Seus dedos afinam o instrumento, tocando as cordas numa maestria mágica e me trazendo sensações que apenas meu fone em um volume máximo faria comigo. mexendo aqui ali ele provoca uma trilha sonora incrivelmente conhecida por mim, quase caio pra trás quando ele a toca muito melhor do que pensei.

Beware. — Sussurro sem pensar, sorrio como uma garota vendo um doce gigante e ele ri nasalado, estou encantada demais para perceber seus olhos me encararem da mesma forma estranha de sempre. — Gosta de deftones? — Meus dedos tocam a guitarra, o metal frio arrepia meus pelos e me fazem sorrir ainda mais. Eu levanto minha cabeça quando não tenho nenhuma resposta, seus olhos me fitam por meros segundos até não fitarem mais. O tremor novamente alcança Arcádia, me faz desequilibrar das caixas e partir rumo ao chão do palco, leva apenas segundos para douxie segurar minha mão e me puxar novamente.

Se estivesse em sã consciência, com certeza estaria vermelha pelo contato brusco da sua mão em minha cintura e o arrepio que sobe pela minha coluna, se o seu rosto centrado e focado em qualquer lugar menos em mim, Não me trouxesse a mesma preocupação que penso ser a dele : foi o terceiro terremoto de hoje.

E então me lembro; os trolls, a guerra, jim.

Eu me desvencilho do seu aperto rapidamente, me faz sentir frio por alguns instantes, mas não tenho tempo para me importar tanto, quando tudo o'que faço é ligar para edric. Alguns toques da outra linha e unhas ruídas fazem ele finalmente atender.

— Pai? E então? Decidiram? O'que vamos fazer? — Minha voz está tão trêmula que não a reconheço, sinto olhos na minha nuca e estou respirando fundo quando ele me diz que não o disseram ainda. Ele estava trabalhando, é claro. Eu bato na minha testa quando apenas digo para ele ficar em proteção, ele nega, sua voz muito mais seria que o normal quando diz que esta vindo me buscar. E eu suspiro fechando a ligação.

𝐏𝐄𝐋𝐀 𝐆𝐋𝐎𝐑𝐈𝐀 𝐃𝐄 𝐐𝐔𝐄𝐌? #𝖧𝗂𝗌𝗂𝗋𝖽𝗈𝗎𝗑 c.Onde histórias criam vida. Descubra agora