Capítulo 11

29 4 4
                                    

Connor Leon

 Aquele rosto... A vi novamente, tenho que disfarçar, mas não consigo tirar os olhos dela... 

  ---Pode trocar-se naquela sala. --- Falo apontando a direção para ela seguir. --- Tome, você tem que vestir isso... Por favor! --- Ela olha para mim um pouco envergonhada e abre um sorrisinho torto. Eu me sento escorado na maca para esperá-la, mas quando olho um pouco de lado, na direção do quarto onde ela estava se trocando, vejo que ela esqueceu a porta entreaberta, e por acaso começo a observa-la, sem perceber estou muito concentrado e observo seus caprichos, sua delicadeza ao  tirar os brincos, a pulseira, a corrente em seu pescoço...Sua beleza me encanta, me distrai. Quando ela começa a desabotoar a camisa já estou tão absorto que mal percebo piscar os olhos, ela vira para fechar a porta e em um súbito me movo tentando sair de sua vista. Estou suando frio, não posso ficar assim, ela é minha paciente, está com o namorado... Fico pensando no inevitável quando ouço três batidinhas na porta e ouço:

 --- Já posso sair? Você vai continuar me olhando? --- Fala ela ainda no quarto abrindo a porta, sorrindo, e eu um pouco pálido com o inconveniente.

 --- Está pronta? Pode vir. --- Respondo encabulado.

 Ela olha para mim, colocando suavemente seu cabelo que estava no rosto para trás das orelhas. Ao pedir que sente começo a explicar a ela o processo que será feito nela para obter maiores resultados, a ressonância magnética, onde conseguiríamos ver se teria ficado algum sequela do acidente. Ela parece estar desconfortável mas levanta-se e apenas consente afirmando com a cabeça. Quando ela se vira para sair da sala para a ressonância, seguro sua mão fazendo virar em minha direção novamente. 

 --- Espere! --- Digo receoso --- É... depois do que aconteceu não tive oportunidade de te pedir desculpas.

 Ela olha para minha mão segurando a dela, rapidamente fico apreensivo e solto-a.

 --- Não precisa se desculpar, a culpa não foi sua. --- Ela me responde. --- Eu estava fora de si naquela noite, muito nervosa, com muitos problemas, havia terminado de uma maneira muito inusitada e desconfortável o meu relacionamento de anos...bem a culpa foi minha, completamente minha, eu quem te devo desculpas, não se preocupe vou mandar meu advogado entrar em contado com o seu, eu vou arcar com as despesas, é minha responsabilidade. --- Ela me olha com um olhar triste e vergonhoso como se estivesse constrangida pelo que aconteceu, se culpando completamente. 

 Fico perplexo com a coincidência eu havia passado praticamente pela mesma situação na noite do ocorrido; ela se vira novamente como se não quisesse me encarar, novamente seguro sua mão, eu não queria que ela saísse.

 --- Não, eu não estou preocupado com isso, nada disso importa agora, apenas me preocupo com você! --- Falo segurando sua outra mão. Os nossos olhos se encontram, como no dia do hospital, como se tudo encaixasse no momento, como se tudo isso tivesse que acontecer, não sei... talvez o destino, não acredito muito nisso, mas alguma coisa tem que ter.

 No exato momento que estamos parados, olhando fixo um no outro, a porta é aberta, e quem estraga o momento?... Sim... o namorado. Soltamos rapidamente as mãos, me agradece baixinho e sai da sala, mas o namorado dela mal encarado me olha muito insatisfeito com o que viu, e sai em seguida atras dela. Os vejo entrando em uma sala onde ouço uma discussão, tento não ouvir mas ele sobe muito o tom da voz. Ouço ele me chamar de doutorzinho, com certeza está enciumado com o que viu, ela fala algo que o faz falar baixinho e de repente ele abre a porta com ela nos braços desmaiada, quando a vejo corro para a tomar de seus braços e socorrê-la mas ele me olha e diz:

 --- Não toque nela, você já ajudou demais, agora sim estou lembrado de você, depois volto para acertarmos as contas!

 Ele sai correndo com ela no colo e some. O que ele me disse me chocou. Que irresponsabilidade a minha, eu estudei para salvar vidas e quase acabo com uma, que eu nunca imaginaria que ela me me marcaria tanto. Olho ao meu redor e vejo alguns de meus pacientes assustados, Luke vem em minha direção, mas estou atônito, me viro e entro em meu consultório. Com as mãos na cabeça, resmungo para mim mesmo : ---Ela tem que ficar bem, ela não pode... como posso estar tão descontrolado com algo que convivo... Mas a causa dela foi irresponsabilidade minha e agora ela...--- Sou interrompido por Luke que entra me encontra com os punhos fechados sobre a mesa começa a falar comigo, me chamando e falando algo, mas não consigo o ouvir porque meus pensamentos são mais altos que me atordoam. Mas de repente com um susto, sinto a realidade voltando, com o rosto molhado.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: May 11, 2016 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Duas histórias (EM PAUSA)Onde histórias criam vida. Descubra agora