Capítulo XIII

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Muitas vozes misturavam-se no local. Muitos julgamentos estavam sendo direcionados — através de pontas de dedos com anéis de ouro — para aqueles que se fixavam em seus lugares no centro da construção grandiosa.

Foram organizados em fileiras iguais, contrastando com desorganização mental de cada um ali.

Uma neve fina caia do céu, mas Tryna estava quente. Mesmo com a capa cobrindo sua cabeça, já retirara algumas vezes os pequenos flocos dos seus cílios, ela precisava ver bem o que estava acontecendo ali. Precisava enxergar bem cada ser não humano em sua volta.

Sentia-se como um animal para ser vendido em uma feira. Provavelmente, o mais saudável iria ser levado. Era assim que funcionava. Funcionava. Tryna estava ali, com um rosto afundado, com músculos fracos e com uma pele defeituosa que cobria sua mão.

Ele podia provar o contrário mais uma vez.

Arquibancadas rodeavam o círculo que estavam os humanos. Arquibancadas que transbordavam magia.

As cores das vestes deixavam bem claro a qual reino cada ser ali pertencia.

Kávgy: verde, rosa e lilás. Aliniander: ébano e vermelho-sangue. Cérden: azul marinho e preto. Vessa: laranja e dourado. Indra: azul e roxo. Neriandra: verde e branco.

Tryna tentava aprender o máximo que podia ali. Via a forma como se portavam, conversavam e riam da situação. Enquanto para os humanos o Triunfo era o que todos almejavam, para os seres mágicos era apenas um mero entretenimento.

Era tudo para uns e nada para outros.

Quando o sol chegou no pico, dois seres levantaram-se e logo todos se calaram.

Os imperadores, pensara Tryna, no mesmo momento em que todos os humanos se empertigavam e alinhavam a postura. A energia do lugar se tornava mais pesada, a cada passo deles Tryna sentia seu sengue correr mais rápido nas veias, o coração errando as batidas compassadas.

De imediato, logo atrás dos soberanos vestidos de vermelho e coroas douradas, os cinco elos do poder de cada um levantaram-se. Eram seres mágicos também, seres vivos, que tinham uma vida antes de serem escolhidos para servir aos imperadores.

Eles pareciam apenas sombras, apenas instrumentos. Tryna ouvira uma vez sobre a Magia Katemístis, os sugadores de poder alheio, herdeiros do Deus Kat. E coincidentemente, aqueles que possuem o título real do poder interino de Aliniander.

Ela se perguntou se aqueles seres sentiam algo ainda, ou se já haviam perdido suas pobres almas. A fonte da magia imperial caminhava em conjunto, atrás de seu soberano, com longas capas vermelho-sangue e um olhar vazio.

Aquele era o real império de Aliniander. Um lugar que usufruía de seus habitantes com apenas um interesse: o poder. Tryna pensou por instantes que talvez não fossem somente os humanos as vítimas da opressão dos imperadores. Estava vivendo de verdade todas aquelas histórias contadas pelos livros dos estudos de Pheme. Tudo que ela ouvira bem ali na sua frente, vivendo e existindo no mesmo local que ela.

Ela analisou seus concorrentes, alguns encaravam os próprios pés, já outros mantinham a cabeça erguida, o que era compreensível . E Tryna, bem, ela cravara os olhos nos dois, ela quisera entender cada movimento daqueles dois seres donos de tudo e de todos.

Orin e Dália Letran pararam bem de frente para os seus triunfos.

— Sejam muito bem-vindos às províncias mágicas de Aliniander, Triunfos. — Começou Orin, a plateia iniciando uma sequência de gritos e palmas. — Iriemos iniciar o processo de patrocínio, mas antes queria parabenizá-los pela coragem de entrar nessa competição para provar o valor de suas almas a nossa abençoada Deusa suprema Terra. Serão cinco escolhidos para cada província, totalizando o total de trinta participantes.

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⏰ Última atualização: Jan 07, 2023 ⏰

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O ELO PERDIDO (Trilogia: A Flor e a Hitrya)Onde histórias criam vida. Descubra agora