Divino

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Ribeiro estava deitado à espera que o sono viesse.
Aquela segunda tinha sido atribulada e sentia-se cansado, mas estava um pouco pensativo.
Virou-se para a parede e sentiu que faltava ali alguém. Mesmo que não o fosse admitir, sentia a falta de Valadares ali. Os dois rapazes tiveram treino de futebol e depois disso cada um foi para a sua casa.
Agora, Ribeiro apanhava-se a imaginar como se fosse se o namorado estivesse ali. Com isso, corou.

-Ah Tomás... Ganha juízo. - disse a si mesmo.

A sua mãe tinha chegado bem tarde a casa. Vinha extremamente cansada, mas feliz. A reunião tinha corrido bem, o que a deixou com grandes espectatrivas. Tinha muias chances de conseguir fechar algum negócio importante.
Com tudo isto, mesmo sentido essa necessidade, Ribeiro não contou nada do seu dia à mãe.

Embora pensativo, o sono acabou por tomar controlo, fazendo com que Tomás adormecesse. Desta vez, totalmente descansado. Não houve pesadelos, ou preocupações.
Houve um adolescente deitado a dormir torto e apaixonado, sonhando com um outro adolescente...

No dia a seguir, acordou bem disposto, antes do despertador programado no seu telemóvel tocar. Decidiu ir para a cozinha e preparar o pequeno almoço para si e para a sua mãe. Não era um grande cozinheiro mas sabia que a mãe adorava começar o dia com ovos mexidos e sumo de laranja natural, então foi isso que fez.

Quando Sandra chegou à cozinha, abriu um sorriso enorme.

-Bom dia, Mãe! - o rapaz pousou dois pratos com ovos na mesa e aproximou-se da mais velha.

Sandra deu um beijo na bochecha do filho e sentou-se.

-Tu és o melhor filho do mundo. - Sandra disse, sorrindo, antes de continuas - Hoje vou ficar em casa durante a tarde. Consigo desenhar o que preciso aqui. Depois posso ir buscar-te à escola e levar-te ao treino. - propôs a mulher morena com um sorriso.

-Ok! Obrigada, Mãe.

Essa seria a sua deixa.
Ele queria falar com a mãe e usaria esse tempo para isso. 

E não era apenas para contar o que tinha acontecido no dia anterior, havia mais uma coisa.

Com essa ideia na mente de Tomás, o pequeno almoço continuou. Não se podiam demorar muito porque dali a nada teriam de sair de casa, então apressaram-se a comer e preparam-se para descer.

-Querem boleia para a escola? - perguntou Sandra ao entrar no elevador com o filho.

-Sim, assim não temos de esperar por um carro. Obrigado.

Saindo do prédio, viram Valadares sentado num banco a falar ao telemóvel. Chamaram-no e assim que o rapaz loiro os viu, levantou-se e foi até eles, sem desligar ainda o telemóvel. Como já não tinham muito tempo, foram andando para o carro. Entraram e iniciaram o caminho. Só quando já estavam a chegar à escola é que a conversa telefónica acabou.

-Desculpem-me. - Valadares pediu - Era o meu pai.

-Não faz mal, Tomás! - disse Sandra - Está tudo bem com ele?

-Sim... Ele vem cá no Natal. - o rapaz começou a ter um tom um pouco mais desanimado - Pareceu-me feliz. Está a adorar o novo projeto do trabalho e diz que está ansioso para ir para a Alemanha.

O clima do carro ficou um pouco mais tenso e pesado, mas Sandra sorriu e levou a situação com alguma normalidade:
-Isso é bom! Aproveita enquanto ele estiver cá.

Valadares atirou a cabeça para trás e sorriu. Sentiu então alguma coisa na sua mão, que estava pousada no estofado. Olhou para a mesma e viu o mindinho do rapaz mais velho a tocar-lhe. Com isso, entrelaçou nele o seu mindinho também e foram assim o resto do caminho.

After SchoolOnde histórias criam vida. Descubra agora