Quando os rapazes chegaram do treino, ambos tinham de tomar banho e pôr a mesa para quatro, como Sandra lhes pedira por mensagem. A mulher estaria encarregue de ir buscar a melhor amiga ao aeroportonaquela noite, e não sabia a que horas chegaria a casa.
-Quem toma banho primeiro? - perguntou Ribeiro enquanto tirava do armário da cozinha uma toalha de mesa.
A resposta de Val veio como outra pergunta:
-Porque é que não vamos os dois? - usou um tom tranquilo e um pouco brincalhão.-Porque é que haveríamos de tomar juntos? Seu tarado.
-Vai tu primeiro, tu geralmente despachas-te mais rápido e assim eu não atraso nada.
-Eu vou, eu vou. Mas depois ajudas-me a pôr o resto da mesa!
-Claro, vai lá.
Ribeiro deixou o mais novo na cozinha e foi até à casa de banho. Lá, despiu-se, entrou na banheira e pôs-se debaixo do chuveiro. A água quente molhava-lhe a pele, arrepiando-a, e relaxando cada músculo do seu corpo.
Pensou em como a última semana tinha sido uma reviravolta extrema na sua vida. Isto tudo porque beijou o melhor amigo. Beijou-o inumeras vezes. E não se arrependia de nada.
Mas... E dali para a frente?Afinal, o que era aquela relação deles?
Ribeiro nunca procurou saber sobre todos os tipos de relações que existiam, até porque acreditava que não havia duas iguais. Se calhar era isso que o impedia de estar confuso durante o tempo todo. Ele não sabia que tipo de relação era aquela, mas apesar disso, sentia-se bem com ela. Podia vir a dar problemas, isso era algo que Ribeiro já tina bem presente. Nem todos hoje em dia têm uma mente aberta ou percebem estas coisas. Tinha medo da reação das Mãe e de Joana se alguma vez descubrissem, tinha medo da reação do Pai do melhor amigo também. A cima de tudo, ele tinha medo de ver Valadares magoar-se por sua causa. Ele tinha medo. Mas estava conformado. Não é como se ele conseguisse simplesmente parar de ficar tão próximo dele.
Pelos vistos era atraído por alguém do mesmo sexo que ele, mas e depois? Para ele, isso nem era um problema. Foi estranho ao início, mas estaría a mentir se dissesse que não era um pouco obvio mesmo antes de ter beijado o loiro.Depois de uns minutos, saiu do banho satisfeito e relaxado.
Foi embrulhado na toalha para o quarto. Reparou que o aquecedor estava ligado e sorriu ao aperceber-se que tinha sido Val a ligá-lo.Começou por vestir a roupa interior lavada e umas calças largas que usava para dormir. Soube-lhe bem sentir o ambiente quente do quarto.
O moreno procurava uma camisola confortável dentro de uma das suas gavetas, quando ouviu a porta do quarto abrir. Era Valadares, mas Ribeiro não precisava sequer de olhar para saber isso.-Precisas de alguma coisa? - o mais velho perguntou, ainda à procura da camisola que queria.
O moreno não ouviu resposta, ouviu apenas passos que se aproximavam dele.
Sentiu as mais frias do mais alto tocarem a pele quente e ainda húmida da sua cintura marcada. O loiro virou o corpo do melhor amigo para o seu, ficando de frente para ele. Valadares começou por beijar a testa do mais velho. Depois sussurrou, tão perto da pele do mais velho que se quase parecia mentira haver ali espaço entre os dois:
-Posso beijar-te?O mais velho manteu a expressão que tinha antes, perguntando um pouco ansioso, também num sussurro:
-Desde quando é que pedes permissão?Valadares sorriu e beijou o mais velho. Sentiu o peito nu do mesmo a encostar-se ao seu corpo, enquanto as mãos de Ribeiro lhe chegavam ao pescoço, descendo depois até aos braços.
Que sensação tão boa.Beijavam-se de uma forma tão calma e pacífica. Eram só eles ali.
O beijo parou, mas eles não se afastaram. O rapaz loiro passou a abraçar completamente a cintura do outro com o braço direito, enquanto se atreveu a tocar a barriga defenida do moreno com a mão esquerda. Sentiu o mais baixo relaxar o corpo e subiu a mão até ao peito, antes de alcançar à zona da clavicula. Tocou no ombro do mais velho e depois no pescoço. Chegou por fim à bochecha, onde deixou a palma da mão pousada, fazendo um leve carinho com o polegar.
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After School
Ficção AdolescenteNão importa as notas, os novos amigos, as profissões que vamos e seguir... Depois da escola nós somos os mesmos, e continuamos a ter a certeza que somos mais preciosos que todas as moedas de vinte cêntimos que vamos alguma vez ter.