Parte 2

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— O que me denunciou? — tenta saber.
— Para começar, esse fato. — aponto na sua direção, encolhendo os ombros.
Inspiro.
Expiro.
— Em segundo lugar, o facto de ter aparecido no lago, um sítio onde ninguém vai há anos.por isso mesmo me escondi aqui. — volto a encolher os ombros.
— Vejo porque fui chamado para te encontrar. És uma mulher bastante inteligente.
— Posso garantir que não é pela minha inteligência que aqueles monstros me procuram. Mas, se não lhe contaram nada, também não me compete a mim dizer porque motivo realmente me querem de volta. Venha, ainda se constipa com essa roupa encharcada. Depois, aceito o meu Destino. Agora, vou cuidar de si e não aceito um não como resposta. — digo enquanto retomo a caminhada, virando-lhe as costas.
Alguns minutos depois, chegamos à pequena cabana construída de pedra, há muitos anos atrás, por uma qualquer pessoa que procurava ouro na beirada do leito do pequeno rio, a não mais de 20 metros do local onde nos encontramos.
A relva bem verde, ao redor da casa, transmite-me uma sensação de paz e conforto. Bom, pelo menos até hoje.
Paro em frente à casa.
— Não é uma mansão de luxo, mas seja bem-vindo ao meu humilde lar e não mais esconderijo. — digo, fazendo-lhe uma vénia.
Endireito-me, dirigindo-lhe o olhar. Os olhares encontram-se e, neste momento, algo estranho me consome. Há algo naqueles olhos castanhos e rasgados que me faz desejar entregar-me de corpo e alma, sem medo da morte.
Por momentos, quase sinto que ele sente o mesmo desejo que eu. Só pode ser imaginação minha, ele mesmo confirmou que sou o trabalho dele. Mas e se não for só isso? E se houver algo mais naquele olhar?
Volto a virar-lhe as costas, dando passos nervosos em direção até à porta da casa. Abro-a, entrando logo a seguir, esperando que ele me siga até ao interior.
É uma cabana bem simples, de uma única divisão, com uma pequena casa de banho, até bem moderna, se considerarmos todo o espaço. A cozinha está na ponta oposta da casa de banho, bastante primitiva. Do lado esquerdo da porta de entrada, bem no meio do espaço, está então a lareira, a queimar lareira, porque não a apaguei antes de sair.
— Está a arder, pode despir-se e colocar a roupa perto do calor. Não se preocupe, não vou olhar. Eu mesma vou trocar de roupa, para despacharmos este assunto o quanto antes. — a dor quase me mata, mas não lhe posso mostrar qualquer sinal de fraqueza.
Antes de me preparar para me ver livre destas roupas ensopadas e geladas, dirijo-me até à mesa de cabeceira de madeira, do lado direito da cama, e abro a primeira gaveta. Em seguida, tiro de lá duas pepitas de ouro razoavelmente grandes e caminho devagar até ao desconhecido, que me olha com um olhar brilhante e misterioso. Entrego-lhe o ouro, sorrindo-lhe em seguida.
— Espero que seja o suficiente para pagar pelo isqueiro e pelo fato. — limito-me a dizer.
Quando me preparo para lhe virar as costas, ele pega-me no pulso, fazendo-me encará-lo novamente.
— Posso saber o teu nome? — pergunta com uma voz grave e bastante sedutora.
Engulo em seco.
— Se vou morrer, porque quer saber como me chamo?
Revira os olhos em resposta.
— Se te quisesse matar, não teria perdido tempo a tirar-te da água. Por isso, volto a perguntar. Como te chamas?
— Adriana. — respondo. Os olhares cruzam-se uma vez mais e todo o corpo arde por dentro. Não entendo o que se passa, mas não o consigo evitar.
Inspiro.
Expiro.
— Posso perguntar-lhe como se chama? — tento saber, nunca desviando o olhar dele.
— É mesmo necessário? — provoca.
— Acho que é justo, uma vez que lhe disse o meu nome. Que poder terei eu contra um mafioso? — digo.
Encolho os ombros.
Mordo o lábio inferior, não sei bem porque o faço.
Sinto-lhe o olhar descer até aos meus lábios e o desejo apenas aumenta. Só posso estar a enlouquecer, para estar a sentir-me desta maneira.
— Chamo-me Joong Ki. — responde, sem tirar o olhar dos meus lábios.
Um arrepio percorre-me todo o corpo e levo o olhar até aos lábios finos de Joong Ki. Estou fora de controlo, quero descobrir qual o sabor daqueles lábios.
— É um nome difícil de pronunciar. — afirmo, enquanto tento afastar os pensamentos absurdos que me invadem a mente e me fazem sentir uma prostituta, uma mulher vulgar e que se atira a qualquer homem que se cruze no seu caminho. — Já agora, pode soltar-me o pulso? Não tem motivos para se preocupar, não tenciono fugir. Sei que provavelmente tem homens em algum ponto estratégico, à espera de um sinal para me capturar no instante em que pense escapar.
— Podes parar de mencionar que apenas aqui estou para te capturar? — arqueio uma sobrancelha, surpreendida a desilusão latente no tom de voz com que me fala. Voz firme e baixa.
Neste momento, solta-me o pulso, claramente irritado e vira-se para a lareira, dando uns passos na sua direção.
Uma estranha emoção percorre-me todo o corpo, moldando-me os pensamentos todos. Não sei mais o que estou a fazer.
Sem proferir uma única palavra, dirijo-me até ele. Coloco as mãos nos ombros firmes, puxando-lhe o casaco. Joong Ki não se move, mas consigo despir-lhe o casaco. Atiro-o para o chão, pegando-lhe no braço, para se virar para mim.
Assim que os olhares se encontram, apenas vejo desejo e paixão por parte dele.
A cara parece pegar fogo com aquele olhar, preciso desviar o olhar ou não sei onde vamos terminar.
Neste momento, sinto-lhe a mão pegar-me na cintura, puxando-me para bem perto de sim. Agora, não há mais distância entre nós.
As pernas tremem e não é de frio.
O seu toque deixa-me agitada, mas faz com que me sinta em total segurança. Desço o olhar até aos lábios dele e, antes que tenha a oportunidade de fazer o que quer que seja, já ele cola os lábios aos meus.
Começa por ser um beijo suave e delicado, sem pressa. Levo uma das mãos até ao cabelo de Joong Ki, entrelaçando os dedos nos fios de cabelo da nuca. Agora, ele acelera o beijo, mordendo-me levemente o lábio inferior.
Como resposta, solto um gemido de prazer. Parece que o deixo confiante, porque lhe sinto o sorriso formar-se sem sequer interromper o beijo.
O fogo cresce em mim. Quero mais, muito mais.
Ao fim de um longo período, ele termina o beijo, para respirar. Repousa a testa na minha ofegante.
— Não sei se me consigo controlar, Adriana. Por favor, não me provoques se não queres acordar o demónio e arrependeres-te o final. — posso notar-lhe a respiração ofegante enquanto fala.
— Quem lhe disse que quero que se controle? — pergunto.
Ele afasta-se apenas o suficiente para me encarar. Olha-me com uma sobrancelha arqueada e posso ver que não acredita no que acaba de ouvir.
Como resposta, tiro a blusa de malha branca e atiro-a para longe.
Por alguns segundos, experiencio o fogo do seu olhar em cada parte a descoberto do corpo. Estou tão submergida naquele olhar, que me esqueço por completo de todas as cicatrizes que tenho espalhadas.
Aproximo-me novamente dele, que me encara com uma misteriosa expressão, desta vez para lhe desabotoar o colete.
Ele permite que lho retire, para levar as próprias mãos à camisa branca. Num piscar de olhos, arranca todos os botões da mesma com um simples puxão e acaba por a atirar para dentro da lareira.
— A c-camisa... — tento dizer. Mas, antes que pudesse continuar, sou calada com um beijo intenso.
Pega-me ao colo, fazendo-me entrelaçar as pernas na cintura larga, enquanto me segura nas nádegas. Tudo sem quebrar o beijo. Caminha firmemente até à cama, pousando-me cuidadosamente na mesma.
Estou ofegante.
— Tens a certeza de que queres o mesmo que eu? De que queres isto? — reforça a questão.
Aceno afirmativamente com a cabeça.
— Não sei explicar, mas quero isto! — afirmo. — O meu corpo pertence-lhe. — respondo, por fim.
Quando ele se endireita, sou obrigada a sentar-me na cama e encará-lo, confusa. Terei dito algo de errado?
Suspiro.
— Por acaso sabes o significado das tuas palavras? Sabes o que significa entregares-te a um chefe da Máfia? — tenta saber.
Sou apanhada de surpresa agora. Não podia imaginar que ele é um chefe da Máfia. Porque se daria ele ao trabalho de me capturar pessoalmente?
Engulo em seco.
— Chefe da Máfia? — pergunto, sem desviar o olhar do tronco despido e bem musculado dele.
Não me interessa se é um manda chuva de uma família de mafiosos.já tomei a decisão de me entregar a ele, qualquer que seja a consequência disto.
Joong Ki curva-se na minha direção, forçando-me a deitar uma vez mais, agora com ele praticamente deitado em cima de mim. E, na posição em que nos encontramos, quase lhe posso detetar os batimentos cardíacos.
Respira compassadamente, mostrando-se bastante calmo e bem seguro de si. Isso deixa-me ainda mais excitada e tensa. Quero-o para mim, mesmo não sabendo nada sobre quem realmente é. Não sei se gosto do que estou a sentir, mas não vou recuar agora.
— Por acaso sabes que, se te entregares a mim, serás minha para sempre? Posso ser um mafioso, mas não me entrego assim, de ânimo leve, a qualquer mulher. — diz, com a boca demasiado perto do ouvido.
Esta proximidade faz-me soltar um pequeno gemido de prazer.
Noto que sorri.
— Se isso me mantiver viva e a salvo, aceito ser sua escrava para sempre. Sei que um mafioso é um homem de honra e de palavra. — respondo. — Volto a dizer, estou bastante atraída por si desde que me tirou do lago e toda esta conversa me está a deixar sisuda. Depois de todo o terror por que passei, ter umas horas de prazer com um chefe da Máfia parece-me o paraíso.
Levanto-me de um salto, fazendo com que ele saltasse para o chão.


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