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Quando tinha 19 anos, a minha vida mudou para sempre. Eu sei que há pessoas que se surpreendem quando digo isso. Elas me olham de maneira estranha, como se estivesse tentando imaginar o que poderia ter acontecido naquela época, embora eu raramente tente explicar. Morei durante a maior parte da minha vida na Itália, tive a sensação de que não precisava fazer isso, a menos que seja nos meus termos. E isso levaria mais tempo do que a maioria das pessoas está disposta a me dar. A minha história não pode ser resumida em duas ou três frases; não pode ser colocada em um embrulho simples e elegante, que seria entendido imediatamente pelas pessoas.

Estou com 22 anos, mas ainda me lembro de tudo o que aconteceu naquele ano, em seus mínimos detalhes. Eu o revivo em minha mente, trazendo-o de volta a vida, e senti uma combinação de tristeza e ódio.

Há momentos em que desejo fazer o tempo voltar e apagar toda a tristeza, mas tenho a sensação de que, se o fizesse, também apagaria todo o resto. Assim, revivo as memórias de forma como vêm, aceitando todas elas, deixando que me guiem sempre que possível. Isso acontece com mais frequência do que as pessoas percebem.

Saio de casa, olho ao redor. O céu está carregado de nuvens cinzentas, mas conforme ando pela rua indo até a Central de treinamento percebo que as magnólias e azaléias estão florescendo. Eu puxo o zíper da minha jaqueta de couro preto um pouco mais pra cima. A temperatura está fria, mas sei que em algumas semanas o tempo ficará mais agradável, e o céu cinzento dará o lugar aos que fazem da Virgínia um dos lugares mais lindos do mundo.

Entro na Central e começo a rodar os slides mostrando foto de pessoas desconhecidas.

- Esses são os seus alvos, memorize eles. - Mostro a foto de cada um. - É responsabilidade de vocês combaterem, se atirarem em um combatente ganham 1 ponto. Se errarem... Ganham um choque, se atirarem em um não combatente o choque é redobrado. Se um combatente acertar em vocês.... Na prática vão ver como é.

Aperto o grande botão vermelho a minha esquerda que faz um barulho de sirene indicando que o treinamento havia começado. Percebo Hacker acertando todos os alvos e resolvo brincar um pouco com ele. Hacker atira em um alvo e recebe um choque que doeria até em mim. Hacker geme de dor se contorcendo mas continua de pé acertando outros alvos. Faço uma última vez e Hacker cai no chão mas ainda continua com seu propósito de acabar com todos os alvos. Faço isso com cada um que está ali e a maioria não aguentou jogando o colete, arma e o óculos de realidade virtual no chão.

- Porcaria de realidade virtual. - Olho para Nate que saia irritado da Central, enquanto Hacker permanece firme acertando seus devidos alvos.

Olho para meu celular e vejo uma mensagem de Baker mandando mensagem para o encontrar.

- Parabéns Hacker. - Falo não esperando nenhuma resposta e saio da sala indo até meu quarto me trocando rapidamente e indo até meu carro e dirigindo até a empresa.

(...)

Entro na sala e vejo Baker com uma pasta na mão.

- Temos um problema, a 6 semanas ouve uma invasão em uma instalação de plutônio russo desativada.

- Eu já sei. - Falo ao me lembrar de ter visto no noticiário sobre o assunto.

- O que não sabe é que 15 kilos de plutônio desapareceram. Gral de arma. E acabou de mudar de mãos

- Isso é muito plutônio.

- Quero que veja uma coisa. - Baker vira seu notebook em minha direção e consigo ver o rosto do cara que roubou o plutônio. - Isso aqui te lembra alguém? - Dou zoom na foto e fecho o rosto rapidamente. Não, não pode ser.

O PRIMEIRO ALVOOnde histórias criam vida. Descubra agora