10. Liam

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Liam

"Então você é bi?" Hope pergunta enquanto eu dirijo para um clube noturno que a gente frequenta - frequenta é uma palavra muito forte, a gente vai a cada dois meses.

"Eu não sei." Paramos no sinal vermelho. "Eu não fiquei com muitos meninos na minha vida. Tipo, nem pensei muito sobre."

"Mas quis ficar com o Jaymes."

"Eu não quis ficar com ele. Pelo amor de Deus. Não faça ficar mais estranho do que já é."

"Não, você que tem que parar de deixar mais estranho do que já é. Para de complicar. Quis beijar ele, sim ou não?"

"Não foi exatamente..."

"Você quis retribuir, mesma coisa."

"Foi na hora."

"Mas aconteceu."

"Aconteceu."

"Jaymes é menino."

"Eu sei."

"Hétero você não é."

"Eu sei..."

Mas eu não sei. Foi extremamente estranho. Eu quase beijei ele de volta. Foi por muito pouco. Eu quase mexi minha boca. Meus lábios. Minha língua. Quase. Quase. Mas não fiz. E eu estou feliz que eu não fiz. Estou feliz que eu não fiz porque isso poderia lhe deixar com expectativas. Mas estou confuso com o quase.

"O quase é o que delimita a fronteira." Hope lê meus pensamentos.

"Sim. Céus... Ainda bem que eu não fiz nada."

"Ainda bem mesmo. Santo Cristo. As coisas iam ficar muito mais complicadas."

Sem discussão sobre isso.

Foram mais cinco minutos até chegarmos na boate. É grande e luminosa e quente pra caramba. Eu gosto de dançar, gosto de sair, beijar na boca, mas com moderação, por isso eu e Hope só saímos em lugares assim de vez em quando. Hope ainda tem vinte, o que significa que ainda não pode beber, então eu compro bebidas pra ela - acabei de fazer vinte e um, somos só alguns meses de diferença.

Nós vamos direto para o meio da pista, está tocando Jonas Brothers, o que é perigoso, porque nós dois somos obcecados pelos caras - não que qualquer pessoa além de nós saiba disso. Sucker.

São giros, minha perna no meio das dela, seus braços ao redor do meu pescoço, risadas, testa na testa, nariz no nariz, mais risadas, mudança de música, dança do Chandler Bing, pernas com pernas de novo, drinks, alguma garota aleatória me beija, outra garota aleatória me beija, mais dança, eu beijo a Hope, ela me beija, nós dançamos, algum cara aleatório nos oferece um cigarro de menta que jura ser o melhor de todos e nós provamos - de melancia é melhor, chegamos na conclusão juntos-, dança, dança, dança, alguma garota aleatória tenta beijar a Hope, mas não consegue, então a mesma garota me beija, dança, dança, dança, dança.

"Você deveria beijar um menino." Hope diz quando nos encostamos no barzinho para descansar um pouco. "Um que beija bem. Que não seja o Marcus. Aquele. Aquele cara. Ele parece beijar bem." Um garoto de cabelo laranja do outro lado do clube.

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